Por: Jeferson Cardoso
Não escondo de ninguém a minha admiração por Fina Estampa. Gosto tanto da novela, que a considero a melhor desde Senhora do Destino. No entanto, não posso deixar de expressar minhas frustrações referentes à direção desta obra.
Aguinaldo Silva, como prometeu, vem escrevendo uma novela arretada, bem ao estilo de Tieta e A Indomada. Infelizmente, a direção - sob o comando de Wolf Maya - não faz jus ao esforço do autor. Tudo bem, não posso generalizar, mas as cenas mais importantes da novela estão sendo prejudicadas.
A morte de Fred, amante de Crô, foi muito bem escrita e bem dirigida até o segundo tempo. Algumas pessoas questionaram a facilidade como Fred morreu. É verdade, a queda não convenceu. Para morrer, precisaria de uma queda, digamos violenta. Mas, meus queridos, é novela. Pior seria se fosse filme. Assistam ao "Missão Impossível" e tirem suas conclusões. Enfim, nada contra a cena da morte do personagem, entendo que ela não tem compromisso com a realidade e cabe a nós entrarmos no universo dela.
Pois bem, voltando à cena, Marcelo Serrado e Christiane Torloni deram um banho de interpretação. Até que, infelizmente, a direção da novela vacila. Explico. Eis que entra em cena um delegado chinfrim para investir a morte de Fred. A partir deste momento, meus queridos, o que se viu foi uma cena mal dirigida, onde até mesmo Serrado e Torloni perderam o tom das cenas anteriores.
O ator figurante, que interpretou o delegado, não levou a sério a cena e sorria para as paredes. Em seguida entra em cena Tia Íris, interpretada pela espetacular Eva Wilma, toda desorientada, para não dizer boba. Nessa altura, era visível que tinha algo de errado. Mas o que? Não sei, mas as sequências das cenas não ficaram bem no ar. Tudo isto, a meu ver, é culpa da direção. O diretor deve se preocupar não só em reproduzir a cena conforme o texto, mas também orientar os atores. Será que não perceberam que o delegado mais parecia um palhaço? E que Tia Íris estava mais para um personagem do Zorra Total?
Ainda sobre a cena da morte de Fred, a Globo, para variar, censurou a fala onde Tereza Cristina diria que o beijo gay estava proibido. Às vezes, a emissora se comporta pior que o Ministério da Justiça. É dose!
É preciso tomar cuidado com a expressão "novela não tem compromisso com a realidade". A frase, dependendo do contexto, pode ser verdadeira. Só não pode abusar da inteligência do telespectador. A cena que Amália capota o carro foi muuuuito bem feita, mas daí descobrir que estava grávida depois sofrer um gravíssimo acidente... É complicado! Outro detalhe: questionaram a presença de uma jibóia, a mesma, segundo pesquisas, não possui veneno. Vem cá, vocês queriam que a direção da novela colocasse em risco a vida da atriz com uma Naja, Jararaca, Cascavel ou Surucucu? Neste caso, a frase dita acima faz todo o sentido.
Se não fossem esses erros – sem noção – da direção, "Fina Estampa" seria uma novela redonda. Sei que, apesar do sucesso estrondoso, a trama – sarcástica e até surrealista – não é unânime entre os críticos. Eu, particularmente, adoro.
No próximo post, explico a vocês – em detalhes – porque gosto tanto de "Fina Estampa".
Vale a Pena Ver de Novo
Não tenho nenhuma novidade quanto à substituta de "Mulheres de Areia". Não ficarei alimentando boatos que afirmam uma re-reprise. Existe a possibilidade, mas nada confirmado. Por enquanto, "Páginas da Vida" segue como a mais cotada.
Expectativas para 2012
As expectativas por ótimas sinopses são muitas, mas confiança mesmo só em "Avenida Brasil"; "Amor Eterno Amor" e "Máscaras". João Emanuel Carneiro, certamente, vai manter os índices de "Fina Estampa". Pode até começar com baixa audiência, mas suas obras possuem viradas que só mestres sabem fazer. Elizabeth Jhin costuma criar "barrigas", no entanto, suas novelas – no geral – são boas. O horário das 18h está carente de comédia e espero que a autora, mesmo com um tema dramático, conquiste o público carente de boas risadas. Por fim, Lauro Cesar Muniz, um dos melhores autores do país, vem aí com mais uma trama interessante. Ele é um dos poucos autores que se renovam a cada trabalho. Infelizmente, deve sofrer por pressão de audiência, já que suas obras preciosas não são tão populares.
"Lado a Lado", de João Ximenes Braga e Claudia Lage; "Marias do Lar", de Filipe Miguez e Izabel Oliveira, podem surpreender. São novatos com sede de sucesso.
Talvez, falte "Rei Davi" em minha lista. O excelente trabalho de Vivian de Oliveira em "História de Esther" despertou a atenção. A partir da próxima terça (24), com a estreia da nova minissérie, vamos poder analisar melhor o talento da autora. Tenho certeza que será mais uma grande produção brasileira. Estou animadíssimo.
E Glória Perez? Bom, a novela dela está mais para 2013, então...
Dercy de Verdade
Adorei a minissérie. A ideia de Maria Adelaide Amaral era contar a parte da história da comediante que não conhecíamos, então achei justo os quatro capítulos. Não precisaria mais que isto. "Dercy" foi um grande sucesso de crítica, qualidade e audiência, com 24 pontos de média geral.
A única falha da minissérie ficou por conta da trilha incidental, a mesma utilizada em "Chocolate com Pimenta", trama dirigida por Jorge Fernando.
Até já! Tchau!