Ex-BBB se torna referência na dramaturgia.
Por: Jeferson Cardoso
Gente, cá entre nós noveleiros, às vezes, subestimamos algo sem saber do que se trata. Ou até mesmo condenamos algo por algum vacilo. As produções da TV vivem de altos e baixos e são julgadas o tempo todo. Atualmente, com as redes sociais, somos como técnicos, jurados. E de diferentes tipos: ranzinzas, egoístas, exigentes, intoleráveis... O que agrada uns, desagrada a outros. Vice-versa.
Ser julgado o tempo não todo, certamente, não é fácil. Pois bem, é assim a vida de quem trabalha e de quem faz TV.
“Verão 90” e “Bom Sucesso” dois sucessos de audiência, de público, de crítica (seja ela negativa ou otimista). Porém, enxergadas/analisadas de formas diferentes. Enquanto uma, que tinha uma história rasa, fez sucesso porque apostou em referências à década de 80 ou 90, a outra vem encantando porque tem VIDA, ALMA!. É a minha visão entre as duas novelas. No quesito qualidade, enxergo um abismo entre elas. E isso não quer dizer que considero “Verão 90” ruim, apenas que ela deveria ter tido um melhor acabamento.
Há muito tempo não assistia à uma novela como “Bom Sucesso”. Para falar a verdade nem lembro quando foi a última vez. Quem diria! Nunca Pensei! É um sonho?.
Quem acompanha este espaço sabe como amei e vivi intensamente Totalmente Demais. Para mim, ao lado de Tititi, é uma das melhores novelas produzidas nesta década de 2010 na faixa das sete.
Esperava que fosse gostar de “Bom Sucesso”, mas não de forma tão intensa, imediata. Ainda é cedo para erguer as mãos e louvar à Santa Clara, mas não posso deixar passar em branco as emoções que vivi com os primeiros capítulos do novo trabalho da dupla Rosane Svartman e Paulo Halm.
Grazi Massafera, até então vista apenas como ex-BBB, vem dando vida à uma das mocinhas mais encantadora dos últimos tempos. Um show de entrega e atuação. Julgada e condenada por muitos no passado, Grazi torna-se referência e vive o seu melhor momento na TV. É incrível como esta profissional consegue ir do drama ou humor sem “perder o rebolado”. A sua Paloma, ao mesmo tempo que emociona, diverte.
Os autores, assim como em Totalmente Demais, dividirá a torcida do público. Paloma ficará com Ramon ou Marcos? Em seis capítulos, eles deixaram boa parte em cima do muro. Se eles seguirem a mesma linha de pensamento da obra anterior, a mocinha ficará com.... calma! Vamos viver sem pensar no dia de amanhã. A única certeza, diante da ótima química de Paloma com os dois rapazes, é de que o último capítulo não agradará a todos.
O texto de “Bom Sucesso”, que valoriza o universo da literatura e leva à reflexão, é primoroso. A sintonia entre o elenco, diretores e autores é nítida no ar. Antonio Fagundes, que há anos não emplacava um personagem querido do público, surpreende com uma atuação moderada, sem exageros, manias, sotaques e trejeitos. Enfim, parece que estudou para dar vida ao papel. Aleluia!!!
Aclamei a atuação de Grazi e agradeci a entrega de Fagundes. Poderia falar de cada um personagem porque tudo nesta novela me entusiasma, mas o texto ficaria extenso. Espero ao longo dos próximos seis meses continuar tendo o prazer em assistir e comentando sobre alguns papéis/intérpretes.
Que a primeira semana de “Bom Sucesso” não seja uma ilusão. Que siga, até janeiro, como uma obra prima. Por ora, está sendo. Nunca pensei mesmo!
A virada “parcial” de A Dona do Pedaço
A esperada reviravolta em “A Dona do Pedaço” começará no capítulo 67, que irá ao ar nesta segunda (05/08). Depois de uma “barriga” (semanas de enrolações), a mocinha Maria da Paz (Juliana Paes), considerada tonta, dará uma surra em Josiane (Agatha Moreira), após descobrir parte do golpe aplicado por ela.
Walcyr Carrasco, no entanto, continuará segurando a história de Maria da Paz. Só daqui a duas semanas, após a surra, é que Maria da Paz pegará a filha na cama com seu marido.
Enquanto isto, o autor seguirá apostando em Vivi (Paolla Oliveira) e Chiclete (Sérgio Guizé).
Tudo nesta novela anda, mesmo a história central. Uma pena.
Vilã comedida
Não consigo apreciar “Órfãos da Terra”. Infelizmente, as autoras (Thelma e Duca) são muito repetitivas. Penso que elas precisam sair de suas zonas de conforto. Primeiramente, acredito, que elas deveriam criar sinopses com tramas paralelas mais interessantes.
Acho que o maior erro de “Órfãos da Terra”, apesar da fraca narrativa, foi ter deixado de lado o casal de protagonistas após o primeiro mês. Ou melhor, após a morte de Aziz (Herson Capri).
Dalila (Alice Wegmann), que prometia tocar o terror, demorou para agir e apresentou-se como uma vilã comedida, de ações óbvias.
Apesar de algumas viradas, que vem apresentando há uma semana, “Órfãos da Terra” ainda parece uma novela insossa. Alguma coisa não deu liga. Ou seria falta de bom gosto de minha parte?. Pode até ser. Entretanto, raramente, leio ou vejo elogios à obra. Estranho.
A Lola de Gloria Pires
Para gravar a primeira fase de “Éramos Seis”, Gloria Pires não mudou o visual. Em uma foto divulgada pela Globo, a atriz aparece usando um chapéu e até sorrindo (estranho). A Lola de Gloria Pires será tão intensa como foi a interpretada por Irene Ravache?. Espero que sim.
A escolha de Pires, no meu ponto de vista, para a versão da Globo foi um acerto.
Apesar de ser contra a produção de um remake de remake, acho feio para o padrão da Globo (se é que ainda tem padrão), não irei torcer para o fracasso do folhetim. As comparações serão inevitáveis. O público, carente de obras inéditas, poderia ser poupado disto.
Que o remake de “Éramos Seis” não seja apenas mais uma na faixa das seis da Globo. Que seja lembrada como foi, ou melhor, como é a versão produzida pelo SBT em 1994.
É isso. Gostaram dos primeiros capítulos de “Bom Sucesso”? O que esperar das reviravoltas de “A Dona do Pedaço”? Tudo, menos coerência. Né? Por que será que “Órfãos da Terra”, apesar de alguns ajustes, não consegue, com facilidade, manter índices significantes de audiência? E será que a versão de “Éramos Seis” da Globo surpreenderá (e marcará gerações) como foi a produzida pelo SBT?
Obrigado pela atenção e até o nosso próximo encontro! ;)