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O Sétimo Guardião é um novelo mal costurado e de vilã chata

A novela de Aguinaldo Silva está sem foco e coerência.

Por: Jeferson Cardoso

Valentina (Lília Cabral). Foto: Divulgação/Globo

Meus queridos, vocês não sabem do tamanho de minha frustração com O Sétimo Guardião. Obviamente, não criei expectativa, porém, esperava que fosse uma novela do nível de A Indomada e com uma agilidade e foco central como Império. Quebrei a cara.

O Sétimo Guardião não tem uma história central e todos os personagens, sem exceção, não tem trama suficiente para os quase 170 capítulos previstos. Primeiramente, é uma novela cheia de furos. Segundamente, o autor não está tão inspirado como prometeu. E, terceiramente, a vilã desta obra, a Valentina, defendida por Lília Cabral, é uma das piores dos últimos anos. Está mais para Tereza Cristina, de Fina Estampa, do que para Altiva, de A Indomada, ou Adma, de Porto dos Milagres.

Não consigo entender o motivo pelo qual Greenville se tornou uma cidade de referência. Serro Azul – que nas outras novelas era uma cidade evoluída – não tem hospital. Oi? Há também um equívoco quanto à localização de Serro Azul. A sensação é de que ela fica próxima de São Paulo. Porém, Greenville é uma cidade do interior de Pernambuco. E mais, porque só Marilda (Letícia Spiller) tem um sotaque caipira, para não dizer brega? Acredito que todos deveriam ter um sotaque, menos carregado, e com coerência à região onde se passa, no caso, no Nordeste – com sotaque nordestino e não caipira. Foi assim em Tieta, Porto dos Milagres, A Indomada, Fera Ferida....

Valentina, uma personagem besta, é rica ou pobre? Porque ela assinou uma nota promissória e aceita ameaças de Olavo (Tony Ramos)? Se estava à beira da falência por que chegou ostentando em Serro Azul, com direito a helicóptero e esbanjando tanto dinheiro? Eu, particularmente, não estou curtindo a interpretação de Lília Cabral nesta novela. Não sei se é a personagem que é ruim ou se é a atriz que não encontrou o tom certo. Ou se são as duas coisas. Infelizmente esta personagem tem muitas cenas e a maioria desnecessária. Lília também não muda o visual. Tem uma três novelas seguidas com cabelos curtos e de cortes semelhantes. Será que não abusa e não se sente limitada? Eu já cansei de mesmice. 

O que os guardiões tanto temem? Que o mundo descubra a fonte? Se a resposta para esta pergunta for sim, é outro furo. Uma vez que muitos já sabem, incluindo Sampaio (Marcello Novaes), o capanga da vilãzinha, e Robério (Heitor Martinez), o marido da emprega e metido a vilão.

Outra coisa que não me convenceu. No dia que o Gato Léon atacou Valentina, a mesma lavou o rosto com a água da fonte e só foi ficar curada no dia seguinte. Na semana passada, a insuportável vilã furou Olavo (uma cena para ser levada a sério, porém ficou boba) e o jogou na fonte. Pasmem, o empresário saiu sem nenhuma cicatriz. A coerência passou longe.

Também não consigo entender como os moradores de Serro Azul não desconfiam dos encontros/reuniões do mendigo Feliciano (Leopoldo Pacheco) com os ricos da cidade.

Por que Júnior (José Loreto) tem um amor tão possessivo por Luz (Marina Ruy Barbosa) se ambos nunca foram sequer namorados? Estranho!

Não curti o cabaré de Ondina (Ana Beatriz Nogueira). A dona do estabelecimento parece que não tem função nenhuma, e Adamastor (Theodoro Cochrane) só serve para aparecer fumando em cena. Está aí outra coisa que tem me tirado do sério. O excesso de cenas com cigarro. Infelizmente, maus exemplos estão de volta às novelas.

A sensação que tenho é que O Sétimo Guardião parece uma novela das seis, sem ganchos para os intervalos e com encerramentos sem grandes impactos, sendo a maior deles com a péssima Valentina. Sim, peço perdão ao criador e à intérprete, mas esta personagem é muito ruim.

Infelizmente, O Sétimo Guardião não é uma boa novela. As duas primeiras semanas foram agradáveis. O primeiro capítulo, no meu ponto de vista, foi macabro. Apesar de parecer um filme de terror, adorei. A cena de Gabriel (Bruno Gagliasso) sendo enterrado vivo foi marcante. Porém, há duas semanas, esta novela está quase um desastre. Há quem diga que Aguinaldo Silva está segurando história para depois do Ano Novo. Pode até ser, mas, no meu ponto de vista, esta desculpa não cola. Penso que o fato de ter mudado a história original, devido à polêmica de direitos autorais, o autor perdeu a mão. Por exemplo, ontem (19/12), o público acompanhou a transformação do Gato Léon em humano. Uma linda cena, de ótimos efeitos especiais. Só que veja bem, que graça tem do Léon ser o pai da Luz? No passado, Cauã Reymond chegou a ser anunciado para viver o animal e que seria par de Marina Ruy Barbosa. A ideia inicial, certamente, era mais empolgante, envolvente. Léon sendo pai da Luz é frustrante. E ainda fico pensando: como que o pai (Léon na forma de Gato) fica assistindo a filha fazendo sexo com o namorado? Gente, que loucura.

O delegado cheirando calcinhas. Foto: Reprodução/Globo/O Sétimo Guardião

E o que dizer do fetiche do Delegado Joubert Machado (Milhem Cortaz). É tão patético e parece fazer parte do universo de Walcyr Carrasco. O ator, que passou a ser valorizado depois que foi para a Record – onde atuava muito bem –, está péssimo em O Sétimo Guardião. Esse é o pior núcleo da novela. É muito triste ver Flávia Alessandra defendendo um papel pífio e frágil.

Tenho ranço de Valentina e do Delegado Machado, entretanto o que mais me revolta é o ritmo de O Sétimo Guardião. É barriguda e sem foco. Há muitos personagens e alguns deles sem relação com o nada.

Gosto do casal Gabriel e Luz, porém, eles como protagonistas, estão mais para figurantes. Não tem história, não tem drama, não tem nada. Acredito que falta um pouco de agilidade neste núcleo. Não vou dizer que é a trama central porque esta novela não tem foco, não há um papel de destaque. Até o momento, está tudo disperso.

O que O Sétimo Guardião tem de bom? Por enquanto, nada. Talvez umas boas atuações como as de Bruna Linzmeyer (Lourdes Maria), Elizabeth Savalla (Mirtes), Vanessa Giácomo (Stella) e Geandro (Caio Blat). E só.

E Nanny People? Bom, o Marcos Paulo, pelo que estou observando, será uma espécie de Crô (Fina Estampa). E, infelizmente, fará com que Valentina fique ainda mais caricata e cafona. Espero estar equivocado, mas esperança, em relação a este papel, não tenho.

Não sei o que Aguinaldo Silva fará em janeiro. Porém do jeito que O Sétimo Guardião está, sinto muito. Não tem futuro. Os personagens não são consistentes. E falta drama, suspense, agilidade, enfim, quase tudo.  

No meu ponto de vista, Mirtes é infinitamente melhor do que a Valentina. Savalla está ótima e a personagem, apesar de não ter muito futuro (a não ser se tornar uma evangélica louca), é muito boa. Uma pena que os personagens desta novela parecem ser rasos, fracos, sem vida.

No quesito audiência, merecidamente, O Sétimo Guardião acumula 28 pontos na Grande São Paulo. Esse índice é alto pela baixa qualidade da novela. Na minha humilde opinião, de telespectador, esse projeto de novela só vai agradar quando começar da estaca zero (nem relançamento, com inúmeras chamadas resolverá). Do contrário, seguirá do jeito que está e, nos melhores dias, alcançará 33 ou 35 pontos. Isto, claro, se conseguir.

O Sétimo Guardião é um novelo mal costurado, inconsistente. Lamentável. Que morte horrível! #ProntoFalei

Decepção!

O casal de O Tempo Não Para. Foto: Divulgação/Globo

É impressionante como Mário Teixeira perdeu a mão em O Tempo Não Para. É inadmissível uma novela de início tão brilhante chegar ao fim com a sensação de frustração.  Não é uma novela ruim, mas deixou a desejar em vários pontos. A narrativa perdeu ritmo. A ideia central acabou por volta do capítulo 50. Desde então é só enrolação, salvo algumas cenas.

O público, que não é besta, rejeitou, fugiu. O ibope afundou e, provavelmente, terá uma média inferior a de Deus Salve o Rei, que era uma novela de qualidade questionável, perseguida pela imprensa, mas bem acolhida pelos noveleiros, principalmente nos últimos capítulos. O problema da antecessora (minha opinião obviamente, sem generalizar) era só a horrível personagem de Bruna Marquezine.

O Tempo Não Para tem um texto impecável. Nisto Mário Teixeira não deixou a desejar. A obra é muito bem escrita. Só que para encantar, um ótimo texto não é o suficiente. Algumas escalações foram equivocadas e alguns papéis não vingaram. Sãos os casos de: João Baldasserini (Emilio/ Lúcio) e Regiane Alves (Mariacarla) e Cléo Pires (Betina). Destaque mesmo só para Cesária (Olívia Araújo) e Teófilo (Kiko Mascarenhas).

Para mim, O Tempo Não Para já acabou. Que venha Verão 90. Não criarei expectativa, mas tenho que ter fé de que será boa.

Rejeitada!

Confesso que não sou telespectador assíduo de Espelho da Vida, porém resolvi dar uma espiada por uma semana. Pensa numa novela de história rasa, confusa e de elenco fraco (chega a ser pior que o da atual temporada de Malhação).

Já não era fã das novelas de Elizabeth Jhin, agora menos ainda. A melhorzinha foi Além do Tempo, porém do meio para fim foi um pesadelo.

Alain (João Vicente de Castro). Foto: Divulgação/Globo/Espelho da Vida

De fato houve uma rejeição muito grande do protagonista, João Vicente de Castro. Ele se saiu até bem em Rock Story, mas em Espelho da Vida está muito ruim. Também há o lance da beleza física, exterior. Infelizmente, existe um preconceito envolvendo os mocinhos de novelas. João foge um pouco do perfil de galã. Porém, no meu ponto de vista, o que está prejudicando ele é o seu desempenho. Ele não está confortável no papel.

Elizabeth Jhin além de apresentar uma história, absurdamente, sem pé nem cabeça, também errou em deixar de fora o papel de Rafael Cardoso nos dias atuais. Até agora nada.

Infelizmente, Espelho da Vida não será “mais uma”. Será, por merecimento, (ao lado de Boogie Oogie) o maior fracasso de audiência de todos os tempos.  

A próxima reprise

A partir do próximo dia 14 de janeiro, Cordel Encantado estará de volta à programação da Globo. Por uma semana, a novela dividirá o horário com Belíssima no Vale a Pena Ver de Novo. Repetindo os erros do passado, a emissora vai apresentar os primeiros capítulos da sucessora junto com os últimos da atual. Ou seja, Cordel, por uma semana, terá apenas 30 minutos de arte e com enormes chances de registrar índices de audiência entre 12 e 14 pontos.

Cordel Encantando é uma ótima novela, apesar de andar em círculos. Gostei muito dela, mas não sei se seria o momento ideal para reprisá-la. Bruno Gagliasso já está em evidência em O Sétimo Guardião. Ele, como se sabe, roubou a cena na trama de Thelma Guedes e Duca Rachid. É uma pena que a direção da Globo não toma cuidado neste aspecto, que pode até parecer bobagem, mas não é. Tony Ramos, a meu ver, também é prejudicado atualmente com a reprise de Belíssima. À tarde é visto como o grego Nikos Petrakis e à noite como Olavo, que ainda não vingou.

Não acredito que Cordel Encantando fará sucesso no Vale a Pena Ver de Novo. A Globo vive um momento crítico. Para Cordel vingar, Malhação e a novela das seis precisam empolgar. Uma coisa puxa a outra.

O autor que pode tudo!

O elenco de “Dias Felizes”, a próxima novela de Walcyr Carrasco – com estreia prevista para maio – está ficando excelente. O dramaturgo, esperto como sempre, depois de se apoiar numa ideia mexicana para O Outro Lado do Paraíso, irá se “inspirar” em Vale Tudo e Laços de Família. Certamente, virá com um drama daqueles. Ibope, certamente, dará.  

Walcyr Carrasco tem fama de “clonador” e sempre questionam a qualidade dos textos de seus folhetins, mas uma coisa é certa: ele sabe entreter (prender a atenção) como poucos. Por mais que sejam ideias de outros autores ou de outras obras, Carrasco sempre aposta em assuntos pontuais e que geram polêmicas. É disso que a TV aberta precisa.

É isto! Como vocês avaliam o primeiro mês de O Sétimo Guardião? Estão curtindo? O que Aguinaldo Silva deve fazer para driblar os baixos índices de audiência? Gostam da vilã interpretada por Lília Cabral? Quais os pontos altos e baixos da atual novela das nove da Globo? Na opinião de vocês, o que deu de errado em Espelho da Vida? E o que esperar dos momentos decisivos de O Tempo Não Para?.

Obrigado pela atenção e até o nosso próximo encontro! Um excelente 2019 para todos nós e que sejamos surpreendidos por ótimos projetos, como Sob Pressão, que, pra mim, foi a melhor obra de dramaturgia de 2018.


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