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Deus Salve o Rei: novela equivocada, mas de sucesso!

Após ajustes, atuação de Bruna Marquezine surpreende.

Por: Jeferson Cardoso

Catarina (Bruna Marquezine). Foto: Reprodução/TV Globo

Na minha humilde opinião, como telespectador, Deus Salve o Rei foi uma novela equivocada. Primeiro a direção falhou com Bruna Marquezine, fazendo com que a “coitada” pagasse um mico com uma interpretação robótica. Convencido do erro, Fabrício Mamberti, o diretor geral, mudou o tom da Catarina, papel de Bruna, e deixou a atuação dela mais natural. Ela não é uma péssima atriz, não chega a ser extraordinária, mas, robótica, estava dando vergonha. Após ajustes, Bruna protagonizou boas cenas. E, em algumas, mereceu até aplausos. O último capítulo, por exemplo, foi dominado pela atriz que deu a volta por cima. Ela sai de cabeça erguida, e nós (público) aliviados. 

Não fui fã de Deus Salve o Rei. Não sentirei falta, para mim, foi apenas mais uma. Acompanhei boa parte da novela, e os altos e baixos me incomodaram. Principalmente, os ajustes que não foram pontuais, foram grotescos. As mudanças foram exageradas. A novela perdeu a identidade. 

No geral, se fosse para escolher um nome de Deus Salve o Rei, citaria o de Johnny Massaro. Do início ao fim, o ator esteve brilhante com seu divertidíssimo Rodolfo. 

Por se tratar de uma novela das sete, Deus teve pouco humor. Infelizmente, com os ajustes, o autor apelou para o drama e para a violência. Em alguns momentos, Rodolfo (responsável pela parte mais engraçada da novela) perdeu espaço. 

Fabricio Mamberti – o diretor geral – pode ter falhado na orientação de postura/atuação de alguns atores, ou até mesmo ter feito escalações equivocadas, mas é preciso considerar o resultado final. Deus Salve o Rei apresentou efeitos especiais, figurinos e cenários luxuosos, dignos de premiações. 

Infelizmente, Daniel Adjafre, o autor titular, não conseguiu manter o fôlego dos primeiros capítulos. Ele deslanchou a história de uma só vez, e em um mês já não tinha mais o que contar. Com a entrada de Ricardo Linhares, os protagonistas voltaram a ser o centro das atenções. E os novos personagens, mesmo que desnecessários, deram ânimos para quem não aguentava mais uma novela enfraquecida, vazia e choca. 

No Ibope, Deus Salve o Rei, nos 45 minutos do segundo tempo, conseguiu um empate técnico com Rock Story. Em São Paulo, o folhetim cravou 25,57 pontos (26 pontos no arredondado). Quem não gostou da novela, precisa admitir que ela foi um sucesso de audiência. O que talvez possa se discutir é o tamanho da repercussão. Quem ama Totalmente Demais, dirá: “essa repercutiu miseravelmente”; já quem idolatra Rock Story, dirá: “ninguém chega ao pés, foi um novelão do início ao fim”. Bom, cada um analisa o ibope como lhe convém. 

As primeiras impressões

Como é bom não criar expectativas e ser surpreendido. Foi muito bom o primeiro capítulo de O Tempo Não Para: ágil e divertido. A premissa da novela é interessante, diria até que é inovadora. Resta saber como será a condução do autor. Escrever para o horário das sete, no meu ponto de vista, é um dos mais complexo. Pois tem que agradar a praticamente todas as faixas etárias. Fazendo uma análise "fria", com base, só na apresentação do primeiro capítulo, observa-se que Mário Teixeira, o autor, impôs uma impressão de folhetim com cara e jeito de novela das sete.

Cena excepcional de O Tempo Não Para. Foto: Reprodução/TV Globo

Gostei da abertura, bem simples, mas agradável. Ainda bem que a direção optou por outra música tema. Eu Nasci Há Dez Mil Anos Atrás, de Raul Seixas, na interpretação de Ivete Sangalo, combina com o contexto da novela.

Juliana Paiva perfeita como mocinha. Edson Celulari e Rosi Campos ótimos. Leonardo Nogueira, o diretor geral, acertou em cheio quando escolheu esses dois para serem os pais da protagonista. Fugiu do óbvio, das panelinhas, dando chance a ótimos profissionais.

Talentoso e esforçado, Nicolas Prattes, depois de roubar a cena em Rock Story, merecia um papel de protagonista. E a química com Juliana Paiva? Uau!

Tomara que os próximos capítulos sejam do nível do primeiro. No Ibope, o capítulo de estreia de O Tempo Não Para, merecidamente, cravou 31 pontos e picos de 34. Obaaa!!!!

Abertura de O Tempo Não Para. Foto: Reprodução/TV Globo

Orgulho e paixão

É incrível como de umas duas semanas para cá, Orgulho e Paixão se tornou uma novela agradável. Eu, para falar a verdade, já tinha perdido a esperança com esta novela. Aliás, já havia parado de assistir. Pois bem, sabendo que iriam ao ar os capítulos com os ajustes pontais, decidi dar aquela espiadinha. E gostei. A entrada de Lady Margareth, defendida brilhantemente por Natália do Valle; e de Josephine (Christine Fernandes) deram uma melhorada na novela. Susana (Alessandra Negrini) sendo desmascarada também merece destaque. As maldades desta última personagem citada eram bobas, óbvias. O papel é bom, o autor que não estava sabendo explorá-la. 

Alessandra Negrini vinha sendo mal aproveitada. Foto: Divulgação/TV Globo

Admito que Orgulho e Paixão está agradável e até merecia uma audiência mais alta. Uma pena que demorou demais para convencer, prender a atenção. No entanto, ainda tem dois meses para fisgar a memória de seu público. Nós, geralmente, com o passar dos tempos, somente lembramos das partes mais impactantes. 

Espero que Orgulho e Paixão mantenha o pique até o fim e que, por merecimento, termine referenciada, independente dos números do ibope. Até o momento, já diria que é melhor que a sua antecessora, a insossa Tempo de Amar. Resta saber se no fim, manterei essa opinião. Isso, obviamente, depende dos desdobramentos dos próximos capítulos. Hoje, a novela pode está ótima, amanhã talvez não. Então é preciso ter pés no chão. Como tespectador, só me resta torcer, ter esperança, criar expectativas. 

É preciso voar, mas voar alto!

Infelizmente, não consegui embarcar na história de João Emanuel Carneiro. Para alguns, deve ser por implicância (não vejo motivos para isso, mas...). Para outros, que também estão frustrados com a história, apenas a constatação de que Segundo Sol é, de fato, uma novela fraca, incoerente, e que anda em círculos (quando você pensa vai avançar, volta para o mesmo lugar). 

Desde a semana passada, numa forma discreta de relançamento, as chamadas da novela (durante os intervalos comerciais) alerta o público para uma “semana decisiva”. Daí você se depara com reencontro de casalzinho, que tem química, mas, como não sai do lugar, se torna cansativo. Entre sequências fracas, entra em cena Laureta, a melhor personagem da novela, para apenas ser sarcástica e debochada. Graças ao talento da intérprete, Laureta é divertida. Não pela falas da personagem (que já estão ficando cansativas), mas pela interpretação. 

Entre as promessas de reviravoltas, na semana passada, Rosa (Letícia Colin), que para a maioria se tornou a protagonista, descobriu que Laureta e Karola (Deborah Secco) roubaram o filho de Luzia (Giovanna Antonelli). A “mocinha” estava prestes a pôr um fim à espinha dorsal da novela. João Emanuel Carneiro, no entanto, o que fez? Apostou na falta de lógica, no procedimento incoerente. Pois bem, Rosa aceitou ser sócia de Laureta e todos os personagens, sem exceção, tiveram que acreditar que foi uma parceria milagrosa da noite para o dia. No puteiro, os profissionais do sexo, aceitaram “de boa” a nova chefe. Gente, pelo amor de Deus, não dá. Eu não consigo voar assim. O problema deve ser comigo. 

Os capítulos de sexta e de sábado passados foram bons. Segundo Sol, na verdade, oscila entre capítulos bons e fracos. No sábado, as sequências de Roberval (Fabrício Boliveira) esculachando Cacau (Fabiula Nascimento) pareciam ter sido escritos por Waclyr Carrasco. A diferença, no meu ponto de vista, é só o texto. Um é mais popular, o outro, para alguns, é mais culto, charmoso. Só que esse outro, de uns dias para cá vem apelando para termos chulos, xingamentos, palavrões. E mais, percebi que há muito caco no texto (fala improvisada) que está afetando o resultado final ou contexto das cenas. Se fosse uma novela de Walcyr Carrasco, a metade do elenco já teria sido eliminado. #Deboche

A primeira fase de Segundo Sol, apesar dos micos/falhas da edição, foi muito boa. O início da segunda fase idem. Parecia que o autor, de fato, vinha com tudo. Eu não sei o que aconteceu, mas depois João Emanuel Carneiro perdeu o tesão, o rumo, o percurso, a direção... Alguns fãs dizem que ele segurou a história por conta da Copa do Mundo. Oi? O que uma coisa tem a ver com a outra? Uma novela das nove, de apenas 155 capítulos, deveria ser envolvente do início ao fim. Ou estou errado? 

No ibope, tenho certeza que Segundo Sol irá reagir. O que eu não sei é se os fãs de JEC ficarão satisfeitos com o resultado final da narrativa e até mesmo com a média final da audiência. Meus queridos, números à parte, vamos clamar à Santa Clara para que João Emanuel Carneiro, mesmo com uma narrativa desarmônica, consiga conquistar a atenção do público. Que a sensação de frustração desapareça, e que, a partir do famoso capítulo 100, surja um NOVELÃO digno do JEC de A Favorita ou até mesmo de Avenida Brasil. Amém.

E, para encerrar esse assunto, quero deixar claro que acompanho Segundo Sol. Se eu reclamo é porque assisto. E acho normal as insatisfações e frustrações. Às vezes, criamos expectativas que não existem. Por exemplo, eu não imaginava que JEC iria desenvolver, de forma, equivocada a relação entre Maura (Nanda Costa) e Selma (Carol Fazu). Eu pensei que a relação gay fosse abordada de outra maneira. É frustração que segue.

Novelas no viva

Graças ao Canal VIVA pude acompanhar algumas obras memoráveis que marcaram minha infância (Vamp) e minha adolescência (Explode Coração). E, claro, pude assistir a íntegra produções magníficas como Que Rei Sou Eu?, Rainha da Sucata, Vale Tudo, Água Viva, Pai Herói. Essas são algumas das novelas reprisadas das quais não perdia nenhum capítulo. 

Logicamente, o canal pago do grupo GloboSat nunca irá agradar 100% a todos. Mas há novelas para todos os gêneros e tipo de público. Claro, tem algumas que só empolga a minoria, como Bebê a Bordo, Tropicaliente e Sinhá Moça. 

Depois de uma fase de novelas ruins, sinto-me satisfeito com as reprises atuais (desconsiderando Sinhá Moça que está no fim). Depois de Explode Coração está sendo um prazer rever A Indomada. Vale Tudo não assisto com frequência, por falta de tempo, mas sempre que vejo tenho ainda mais a convicção de que é uma das melhores novelas já produzidas pela Globo. Vale Tudo é atemporal, quanto mais assistimos, mas valorizamos. Já sobre Baila Comigo, a substituta de Sinhá Moça, não tenho ainda o que comentar. É inédita para mim. Dizem que é a novela mais lenta de Manoel Carlos, não sei se é verdade. Irei acompanhar, com um olhar dos anos 80. Espero gostar. 

Não vingou!

Não deu certo a reprise de Belíssima. Uma pena, a novela é boa. Eu gosto muito, muito mesmo. O único problema desta novela, na minha visão, é a “enrolação” dos primeiros 20 capítulos, que são fracos e, para hoje em dia, são bobos. Penso que o departamento responsável pela edição dos capítulos deveria ter suprimido (editado) os primeiros capítulos, sem prejudicar a narrativa. E isso era possível. 

O Ibope, na casa dos 14 pontos, é muito baixo e vem refletindo diretamente em Malhação e indiretamente em Orgulho e Paixão. Claro, atual temporada de Malhação é bem fraca, para não dizer ruim, mas se o Vale a Pena Ver de Novo vai bem, puxa público para o horário nobre da Globo. 

Penso que a Globo deve agir o mais rápido possível em relação a Belíssima e a Malhação para que Espelho da Vida, que estreia em setembro, não seja também prejudicada. Não basta apenas editar (ou picotar) Belíssima, é preciso também mexer, dar agilidade à Malhação: Vidas Brasileiras.

Opções de qualidade

Não irei mentir, não tenho paciência para assistir a todos os capítulos de As Aventuras de Poliana e nem os de Jesus. Da trama infantil, do SBT, vi apenas os primeiros seis capítulos. Gostei muito. Ela prende, é envolvente, dramática, romântica. É incrível como Íris Abravanel evoluiu como roteirista. 

Sobre Jesus, só acompanhei os dois primeiros capítulos. E a sensação foi quase a mesma em relação à trama infantil. Aquela carga pesada (negativa) de Apocalipse não é sentida, pelo menos até onde pude acompanhar, em Jesus, que tem energia mais positiva, de otimismo, de paz. Resumindo: uma novela mais humana, mais tocável. 

Apesar da sensação do mais do mesmo, Jesus é muito superior a Apocalipse. Há apenas uma falha: a demora da entrada do personagem que dá nome à novela. Jesus (Dudu Azevedo) só surgirá na história no nono capítulo (no ar no dia 6 de agosto). Acredito, que isso deveria acontecer no máximo no terceiro capítulo. 

Jesus (Dudu Azevedo). Foto:  Edu Moraes/Record TV

Tanto Jesus quanto As Aventuras de Poliana são boas opções para quem não quer assistir ao Jornal Nacional. Independente de Ibope, se uma é vice ou se a outra é terceira colocada, o que importa é que o público tem opções, e de boa qualidade. 

Excesso de realities shows

E chega ao fim a quinta temporada do MasterChef Brasil. De audiência razoável para os padrões da emissora, em torno dos 5 pontos, mas com baixíssima repercussão. A emissora desgastou o formato. E, antes de ir totalmente para o ralo, deve produzir mais duas temporadas: uma com ex-participantes e outra com celebridades. Depois disso, deve ganhar uma pausa. Talvez um ano sabático. 

Sou super fã do formato do MasterChef, porém, é impossível acompanhar uma temporada atrás da outra. Além da edição dos amadores, tem a dos profissionais. Tem uma hora que cansa, abusa. 

Outro reality que precisa de uma pausa é o The Voice Brasil. Sem paciência, optei por não assistir a atual temporada, que agora passa duas vezes por semana. Meu senhor, haja suco de maracujá. Se as emissoras não nos poupam, eu me pouparei. A partir de agora, acompanharei apenas a edição infantil do The Voice, o Kids. 

Falando nisto, o Canta Comigo, da Record TV comandado por Gugu Liberato. É a melhor aquisição da emissora nos últimos anos. Só que o formato é muito parecido com os que já estão desgastados, como o The Voice. Ou seja, o mais do mesmo. 

Gostei do Canta Comigo, a dinâmica é boa. O que é ruim é a falta de espontaneidade dos jurados, que ficam conversando enquanto os participantes estão se apresentando. Alguns comentários, no meu ponto de vista, são bem forçados, no intuito de “querer aparecer”. 

E Gugu? Bom, está bem apagadinho no programa. É verdade. O Leifert também aparece muito pouco no início do The Voice. Discordo quando dizem que Gugu está sendo mal aproveitado. Ele não tem mais idade para ficar gritando, esperneando, agitando plateia. O Canta Comigo e o Power Couple Brasil são programas ideais para ele, hoje em dia. E não estou aqui com preconceito com idade, mas tudo tem sua época. 

“Fingimento”

Eu não consigo entender a que se passa na cabeça de Boninho. O Vídeo Show havia saído do fundo do poço e há algum tempo vinha consolidando dois dígitos de audiência. Tudo bem que, uma vez ou outra, perdia no confronto direto com o Balanço Geral, mas a média de audiência final do programa já era estável. 

Daí surge a ideia de colocar três ex-BBBs a mais na apresentação. Se já não bastasse Sophia Abrahão fingindo que assiste (e ama) a todos os programas produzidos pela Globo, agora somos obrigados a ouvir as mesmas coisas de outras três figuras designadas para a função de apresentadoras. No caso deste programa, a função das novatas é simples: ler de forma espontânea o teleprompter - um equipamento acoplado às câmaras de vídeo que exibe o texto a ser lido -, e fingir que é fã de todos os atores convidados ou citados nas reportagens, ou afirmar que assiste tudo que a Globo produz. Hahahahahaha! Chega a ser engraçado, para não dizer constrangedor. 

Com as novas integrantes, o Ibope do Vídeo Show caiu, em média, dois pontos.  Um dos diagnósticos iniciais da direção é que falta 'humor' ao vespertino. Daí a direção decidiu contratar Márvio Lúcio, o Carioca, do extinto Pânico na Band. Maurício Meirelles, ex-CQC, também estaria negociando uma participação no programa, que até onde se sabe tem como objetivo mostrar os bastidores dos programas produzidos nos Estúdios Globo. Se vai se tornar um programa de humor, acho nem os envolvidos sabem. #Deboche

Ranking das 20/21h

Para quem gosta de números de ibope, segue o ranking (desde a década de 90) do horário das oito, que hoje é das nove. Cada um analisa e faz os comparativos como quer. Só não esqueça que antigamente novela das oito começava as oito e meia, hoje começa quase as dez. #Deboche 

É isso, fico por aqui com minhas opiniões. À espera das de vocês. E aí, gostaram da estreia de O Tempo Não Para? Qual a avaliação final sobre Deus Salve o Rei? A obra medieval merecia empatar (no Ibope) com Rock Story? O que esperar de Segundo Sol? Será que João Emanuel Carneiro vai precisar de uma terceira chance? Por que Belíssima não está dando certo? O público da tarde quer drama (Manoel  Carlos) ou comédia pastelão (Walcyr Carrasco)? Comentem! 

Obrigado e até o nosso próximo encontro!


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