O Planeta TV

Em Família: melhor idade incoerente do que atuações medíocres!

E mais: Qual é o papel dos críticos de televisão?

Por: Jeferson Cardoso

Antes de começar, gostaria de agradecer a Globo por reeditar os capítulos de Em Família e adiantar a apresentação de sua terceira fase. Ufa, já não aguentava mais as atuações dos estreantes. Estava incomodado com o desempenho do trio de protagonista: Bruna Marquezine, Guilherme Leicam e Fernando Rodrigues. Não poderia esperar muita coisa dos novatos, só que – pra mim – o texto de Manoel Carlos estava sendo prejudicado com a fraca interpretação. 

Não tenho nada contra a Globo apostar em novas caras, pelo contrário. A dramaturgia está carente de novos talentos. Bruna, Guilherme e Fernando são bons atores e terão a vida longa na telinha. Jamais irei condená-los pelo nervosismo de começo de carreira. Isso é normal.

Com o início da terceira fase, no final do sétimo capítulo, Em Família ganhou cara de novela das nove e, principalmente, das saudosas tramas cotidianas de Maneco. O dramaturgo faz questão de mostrar seus personagens em ações do dia a dia, tais como ir à feira e tomar água de coco na praia. Para o público de hoje em dia, isso é chato, mas, particularmente, gosto do universo do autor. Os personagens de Em Família estão sendo apresentados de forma deslumbrante.

Estou fascinado, talvez até equivocado, com os ótimos conflitos até então apresentados. A relação Helena (Julia Lemmertz), Virgílio (Humberto Martins) e Laerte (Gabriel Braga Nunes); o sentimento possessivo que Juliana (Vanessa Gerbelli) sente pela filha de sua empregada Gorete (Carol Macedo); a aproximação amorosa de Clara (Giovanna Antonelli) e Marina (Tainá Müller); a conturbada relação de Ricardo (Herson Capri) e Branca (Angela Vieira), que recusa dar a separação e inferniza a vida do marido; A vergonha que André (Bruno Gissoni) sente da mãe adotiva por ser negra; enfim, são vários os dramas ainda a serem mostrados nos próximos capítulos, como alcoolismo e Parkinson.

Em Família nada mais é do que uma colcha de retalhos de todas as novelas escritas por Maneco. Os temas são recorrentes, porém abordados de outra forma. Fica a expectativa para que ele saiba conduzi-la sem enrolação, a chamada "barriga".

Para o elenco, Maneco e Jayme Monjardim chamaram seus queridinhos, e colocaram Natália do Valle como mãe de Julia Lemmertz. De fato, uma escalação nada coerente. No entanto, trata-se de ficção e precisamos entrar no universo e considerar que elas são mãe e filha. São duas ótimas atrizes, que dificilmente frustrariam na atuação. Como telespectador, mesmo que incomodado com a diferença de idades das atrizes, penso que é possível sim uma filha ter uma aparência mais jovem do que mãe. Isso não é raro de se ver. Enfim, uma bobagem. Estou preocupado é com o enredo, a qualidade de texto, de imagens, e, por enquanto, estou satisfeito. E, convenhamos, melhor idade incoerente do que atuações medíocres.

Dessa semana de estreia, sim, pra mim Em Família começou no capítulo de segunda-feira (10/02), só não curti o nível de interpretação de Reynaldo Gianecchini. Continua fraco e parece que está sempre fazendo o mesmo personagem. Os demais, pra mim, estão acima da expectativa. Julia Lemmertz maravilhosa como Helena; e destaco também: Gabriel Braga Nunes, Vanessa Gerbelli, Giovanna Antonelli e Tainá Müller.

Por fim, Maneco arrasa nos diálogos, um dos melhores da teledramaturgia. Quanto ao encerramento batizado de "Momentos em Família", que considerei uma grande bobagem, gostaria de me redimir. Errei, falei bobagem, peço desculpas. As historinhas são bonitinhas, comoventes, e podem até não agregar nada à novela, mas servem de reflexão para nossas vidas.

Vale a Pena Ver de Novo

A partir da próxima segunda, dia 17, o Vale a Pena Ver de Novo passará a ser exibido as 16h30.  A mudança de horário foi testada no Distrito Federal, Goiás e no Espírito Santo. A audiência, nesses estados, subiu em média dois pontos. Se o mesmo acontecer em São Paulo, a reprise de Caras & Bocas deve pular de 12/13 para 14/15 pontos. Sinceramente, não sei se chegará a isso tudo. Talvez em dias atípicos.

E fica uma pergunta no ar: alguém ainda vai ter coragem de comparar a audiência da reprise de Caras & Bocas com as de outras exibidas às 14h30?

Crise financeira?

Não compreendo a loucura da Record. No horário nobre, ela tem apostado em seriados americanos, mesmo sabendo que não conseguiria uma audiência superior a de Pecado Mortal. Por acaso, a emissora está em crise financeira? Não tem outra explicação para tanto enlatados no ar.

BBB

Perdi o encanto pelo Big Brother Brasil. Não gostei dos participantes da décima quarta edição, e das novas regras do jogo. Desanimado, acompanhei só as duas primeiras semanas.

A repercussão do programa é baixa, mas a sua audiência não. Tudo bem que é um fracasso aos domingos, perdendo até mesmo para as reprises de pegadinhas de Silvio Santos, mas ainda é um dos programas mais vistos da TV. Não lamento por isso, por que já fiz parte dessa audiência.

A frustração é apenas com a mudança de formato. O BBB perdeu sua identidade. Uma pena.

Qual é o papel dos críticos de televisão?

Os críticos brasileiros, especializados em televisão e cinema, perdem suas funções e fazem de tudo para que a TV siga seus gostos pessoais. Quando um profissional não gosta de um determinado produto, sai de baixo. Não citarei nomes, porque não há necessidade, mas de um tempo prá cá, principalmente depois o surgimento das redes sociais, os jornalistas estão perdendo credibilidade até mesmo perante aos autores e emissoras de TV.

Como leitor, percebo que alguns jornalistas fazem críticas antes mesmo de um produto ter sido exibido. Minutos após a exibição de estreia de Em Família foi possível localizar inúmeras críticas, algumas – de tão surreal – divertidas. Há aqueles que condenam a novela por não ter gostado do primeiro capítulo, e começam a desafiar o autor para apresentar melhores índices de audiência. Alguns ficam o "tempo inteiro" dando palpite pelo Twitter sem ao menos prestar atenção no que está sendo exibido. Enfim, há diversos tipos de jornalistas cri-cris.

Foi se o tempo em que as críticas dos profissionais valiam a pena e serviam de base para os autores, que hoje se vêem perseguidos e desnorteados com tantas bobagens. Manoel Carlos, por exemplo, poderia ser guiado com críticas objetivas referentes à primeira semana de sua novela. A imprensa, no entanto, resolveu focar na diferença de idade dos personagens, que não acrescenta em nada.

Como leitor e, principalmente, por ser fanático pelo mundo televiso, penso que os jornalistas estão levando para o lado pessoal. Eles, acredito, não deveriam implicar com uma emissora ou com um roteirista, pelo contrário. As críticas, positivas ou não, deveriam servir de guia.

Algumas pessoas devem estar se perguntando: quem é esse fulano, que se julga crítico, para questionar as opiniões dos especialistas. Primeiro, não sou jornalista, e sim telespectador. E segundo, este espaço é para que os fãs de TV, como eu, possam discutir sobre o assunto. Por fim, nunca pensei em ser jornalista, e muito menos crítico de TV.

Todas as postagens no Blog Curtas & Quentes tem como característica a opinião pessoal. E toda a minha revolta a cima se deve pelo fato de eu considerar que jornalista tem que saber diferenciar o gosto pessoal de uma crítica objetiva e fundamentada. Veja bem, não estou generalizando. Não sou o Senhor da Razão, longe disto. Essa é a minha opinião, e não significa que estou certo. Apenas estou expondo o meu ponto de vista.

Observação: Prometi um post dedicado as novelas que serão exibidas neste ano. Antes precisei falar do beijo gay de Amor à Vida e das primeiras semanas de Em Família. Se nenhum imprevisto acontecer, farei na próxima semana.

Obrigado pela atenção, e até a próxima! E não deixe de comentar, esse espaço não faz sentido sem a troca de opinião.  


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