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Narrativa de Pega Pega incomoda, mas público dá chance para novela

A produção das sete da Globo divide opiniões.

Por: Jeferson Cardoso

Luiza (Camila Queiroz) e Eric (Mateus Solano)

Se eu fosse analisar(julgar) Pega Pega apenas pelo capítulo de estreia, certamente, diria que é péssima. O primeiro capítulo foi muito corrido e mal apresentado. Uma frustração para quem gostaria de ser fisgado de imediato. 

Contrariando a minha insatisfação, dei chance para os capítulos seguintes. O segundo capítulo foi tão fraco quanto o primeiro, com situações nada convincentes e sem ganchos que despertassem o interesse para acompanhar o capítulo seguinte. Conclui: que novela fraca!. No dia seguinte, com os desenrolares do assalto no Carioca Palace, a história foi se desenhando. E, finalmente, comecei a compreender o universo proposto pela autora e também os perfis das personagens, que foram mal introduzidas (apresentadas).

Pra mim, Pega Pega só começou, pra valer, entre o terceiro e quarto capítulo. O primeiro e segundo capítulo são descartáveis e, alguns pontos, deveriam ser explicados mais adiante, com cenas de flashbacks. A autora [Claudia Souto] precisa tornar convincente o amor entre Luiza (Camila Queiroz) e Eric (Mateus Solano); e, acredito, ela tinha que ter explicado primeiro o problema psicótico de Bebeth (Valentina Herszage) para depois mostrar a jovem criando uma amizade fora do normal com um canguru de pelúcia.

Apesar do primeiro capítulo ter sido corrido, confuso e sem graça, Pega Pega, no meu ponto de vista, não tem personagens rejeitados. Até o capítulo 10, de sexta-feira (16), percebi que o maior erro desta novela está na narrativa: fraca e nada envolvente. Há um boa história, bons personagens, mas a novela não está sendo apresentada/conduzida de uma forma agradável. 

A parte de humor, que poderia ser o grande destaque uma vez que Claudia Souto foi colaboradora de Walcyr Carrasco, também fica devendo. As situações são bobinhas, com diálogos infantis. Parecem com as aquelas cenas do Sítio do Pica-Pau Amarelo, sem graça. Sem falar que o texto está bem artificial. 

Passado a fase de apresentações, e com alguns núcleos já entrelaçados, notei que Pega Pega [após ajustes pontuais] tem alguns elementos que podem fazer dela um sucesso. São eles: agilidade [cenas curtas]; trilha sonora; comédia; e vilões se dando mal. 

Personagem contracenando com Canguro em Pega Pega. Foto: Globo

É fácil dizer que o horário já está consolidado. Desde 2015, com I Love Paraisópolis, a Globo só comemora o sucesso na faixa das 19h. O difícil, para algumas pessoas, é fazer elogios a algo que não faça o seu tipo ou fazer elogios a algo que julga ter uma qualidade inferior por preferência a outra coisa. Pra mim, isso é uma grande bobagem. Opinião, cada um tem a sua. Isso é subjetivo. Para alguns, a melhor novela das sete dos últimos anos é TD+; para outros é Haja Coração; e para outros é Rock Story. Normal, três clássicos: sucesso de crítica e de público [audiência].  É natural que as opiniões se dividam. Nenhuma vai ser melhor ou pior que a outra porque teve um alcance maior de público. O que importa, de fato, é a aprovação da maioria de quem assiste. 

A atual trama das sete, até o momento, é um sucesso de público [audiência], enquanto isso é esculachada pelos críticos [que também dão opinião como telespectador comum, como eu e você]. O público final [aquele que assiste às novelas, sem se preocupar com a fotografia, com os erros cronológicos, qual é o nome do autor ou do ator;  etc, etc, etc] se interessou pela trama de Claudia Souto. Talvez, uma boa parte esteja incomodado com a condução/narrativa, mas estão envolvidos com a história, esperando pelo estopim. 

Pega Pega é sucesso de audiência, OK. No entanto, ainda é cedo para dizer se vale a pena. Com ajustes pontuais na narrativa, tornando-a convincente na parte do romance e também na parte cômica [deixando de ser extremamente boba], pode ser que passe a ser amada pelo seu público [que é superior a de suas antecessoras]. 

Nas atuações, como já era possível notar nas chamadas de divulgação, Camila Queiroz fora do tom, ainda perdida; Mateus Solano lembra os trejeitos do Félix; Mariana Santos, com muitas caras e bocas, faz uma vilã infantilóide e sem graça. As surpresas ficam por conta do quarteto: Marcelo Serrado, Thiago Martins, Nanda Costa e João Baldasserini. 

Thiago Martins e João Baldasserini estão surpreendendo a minha pessoa. Marcelo Serrado vejo como o salvador da pátria. O personagem dele, se tornar o grande vilão, é promissor. 

No mais, Nicette Bruno não merecia um papel tão bobo. 

Não é tarefa fácil substituir uma novela onde quase tudo funcionou muito bem [Rock Story], Claudia Souto, no entanto, precisa mostrar que é tão competente quanto Maria Helena Nascimento. Por ora, deixa a desejar. Porém, se chegar ao fim surpreendendo, será aclamada. E alguns dirão: "merece uma segunda chance, tem futuro!". Afinal, guardamos na memória só coisas boas. De Avenida Brasil, por exemplo, lembramos só da rixa entre Nina e Carminha. De Império, do Comendador...

Surpreendente!

Em 2014, Gloria Perez já havia surpreendido com Dupla Identidade. Nesta série, ela mostrou que aprendeu com os erros cometidos em Caminho das Índias e Salve Jorge. 

De elenco enxuto e trama ágil, com reviravoltas constantes, A Força do Querer vai se consolidando como uma das melhores produções da TV Globo, e não apenas dos últimos anos. É incrível a qualidade desta novela. A entrega dos atores em cena é excepcional. Sinceramente, estou fascinado por esta obra, fico até sem palavras.

Apeguei-me a todas as personagens, e vivo intensamente a história de Gloria Perez como se não tivesse fim. A Força do Querer parece um sonho. Uma pena que tudo que é bom acaba, e acaba rápido. Já estamos no capítulo 66, de 179. 

A autora prometeu um novela onde as mulheres seriam as protagonistas. De fato, cumpre: Ritinha, Bibi, Jeiza, Joyce, Irene, Silvana, Ivana e Cibele são donas do horário nobre da Globo. O poder feminino não é novidade na dramaturgia, o que chama a atenção em A Força do Querer são as personalidades de cada uma. Todos de perfis interessantes, que vai desde a ingenuidade à perversidade. Esse, no meu ponto de vista, é o grande diferencial desta novela. 

Outro acerto de Gloria Perez em A Força do Querer foi dar destaque a todos os núcleos. Todos se destacam ao mesmo tempo. Não é uma novela de apenas uma personagem. 

Estou, absurdamente, sem exageros, impressionado com atuação de Emílio Dantas. É notável, para quem de fato acompanha a novela desde o começo, como ele desenvolveu bem o comportamento cínico, os olhares, de Rubinho. É um ator incrível, merece todos os aplausos. 

A melhor novela das seis dos últimos tempos

Os autores de Novo Mundo [Thereza Falcão e Alessandro Marson], a pedido do público, desistiram de matar Elvira (Ingrid Guimarães). A minha sorte é que eles agiram também na trama central, dos protagonistas Anna (Isabelle Drummond) e Joaquim (Chay Suede). Com ações do vilão Thomas (Gabriel Braga Nunes), as cenas envolvendo o casal começam a ficar interessantes. 

Letícia Colin, Ingrid Guimarães e Viviane Pasmanter já receberam elogios por suas atuações, o mesmo deve ser feito com Gabriel Braga Nunes, Guilherme Piva e Caio Castro, que se entregam em cena e superam as expectativas. 

Há alguns dias afirmei que Novo Mundo é melhor do que Cordel Encantado. A cada capítulo, tenho convicção disso. Não estou aqui querendo fazer comparações. É uma questão de gosto. Por mais que eu tenha vivido e gostado bastante de Cordel, lembro bem de seus defeitos, como: andava em círculos, história que não saía do lugar; os diálogos, em algumas cenas, eram didáticos.... Então, pelo conjunto da obra, fico com Novo Mundo. A única coisa que Cordel Encantado tinha de superior à Novo Mundo é o filtro de imagem das cenas. 

Que a atual novela das seis mantenha o nível e siga surpreendendo pelos próximos três meses! Amém! Rsrs

Será?

Falando em Cordel, ela é candidata para reprise na Globo. A Indomada, Cama de Gato, A Favorita, Avenida Brasil são outras prováveis. Ainda é cedo para dar ouvidos a boatos, uma vez que a reapresentação de Senhora do Destino caminha a passos lentos, e deve ficar no ar até meados de outubro/novembro. 

Fase nova

O novo cenário do Jornal Nacional deve ser uma mistura dos telejornais da RedeTV!, integrado à redação, com o do Brasil Urgente, com apresentadores caminhando pelo o estúdio. 

Além da nova identidade visual da logomarca e do gerador de caracteres (GC), a surpresa deve ficar por conta das substituições dos telões por projeções holográficas, que permitirão a comunicação com os repórteres como se eles estivessem dentro do estúdio. 

É isso, estão gostando de Pega Pega? A novela têm fôlego para conseguir manter os ótimos índices de audiência até janeiro? A Força do Querer é fantástica mesmo ou é exagero? Entre Novo Mundo e Cordel Encantado, fico com a primeira. E você? Rsrs. Estão empolgados com “enésima” reprise de Senhora do Destino ou não veem a hora de acabar? 

Abraços e até o nosso próximo encontro.


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