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Babilônia é uma novela ousada e tem tudo para driblar rejeição

A novela da Globo, de texto primoroso, com ajustes pontuais tem tudo para dar certo.

Por: Jeferson Cardoso

Esperei pela apresentação dos seis primeiros capítulos para dividir com vocês a minha opinião sobre Babilônia. Antigamente, fazia comentários logo no primeiro ou segundo capítulo. Mas as empolgações logo se transformavam em frustrações. Aprendi que o correto é esperar pelas apresentações dos personagens para depois fazer uma pré-análise. E mesmo assim a gente ainda é pego de surpresa porque uma semana não é o tempo suficiente para o autor apresentar todos os personagens.

Infelizmente, Babilônia teve uma péssima divulgação. Não me refiro a quantidade de chamadas na TV, e sim a apresentação da história. A TV Globo apresentou a novela como uma rivalidade entre vilãs e esqueceu-se dos demais personagens e núcleos. A novela começou e o público logo estranhou, já que imaginava uma história focada em Inês (Adriana Esteves) e Beatriz (Gloria Pires). Eu, particularmente, não estranhei porque conheço o estilo do autor, e não me iludo mais com chamadas.

Elenco é fundamental porque dá credibilidade, mas não é garantia de sucesso. Gilberto Braga, Ricardo Linhares e João Ximenes Braga convidaram nomes extraordinários, de interpretações inquestionáveis. Gloria Pires, muito séria em cena, e Adriana Esteves, às vezes exagerada e lembrando muito os trejeitos de Carminha, ainda estão descobrindo o tom certo de suas personagens. Camila Pitanga, esbanjando talento e carisma, deu boas impressões à mocinha.

A obsessão de Inês por Beatriz, no meu ponto de vista, não foi bem apresentado e construído. Não sei se é inveja, ambição, admiração possessiva, ou um misto disto. Pode ser tudo, mas tenho a impressão de que não convenceu a todos. Não gosto do tema central desta novela, pela forma como é abordada. Penso que deveria ser mais impactante, interessante e realista a rixa das "vilãs".

Me incomoda as repetições de tema em novelas. Não aguento mais falar em beijo gay e homofobia. Fazem do beijo entre Fernanda Montenegro e Nathália Timberg um espetáculo, que não acrescenta em absolutamente nada na história. Uma abordagem ultrapassada e que resultou na rejeição do público conservador e forte campanha contra dos evangélicos e parlamentares. Essas ações são o cúmulo do absurdo e dispensa comentários. Os autores só precisam tomar cuidado para não deixarem as personagens (Teresa e Estela) chatas.

Enquanto muitos aclamam "as vilãs", mais por conta das intérpretes, destaco Alice a personagem mais interessante de Babilônia. Sophie Charlotte, em termo de atuação, pra mim, é o destaque da novela. Torço para que os autores apostem na personagem, transformando-a numa protagonista.

A comédia,  ausente nos primeiros capítulos, deu o ar de sua graça no capítulo de sábado com Consuelo (Arlete Salles), que protagonizou momentos hilários no jantar político/religioso. Quando a empregada derrama a comida na convidada, ela dispara: "Quando a gente levantar vai parecer que ela está toda mijada....Falei mijada? Ainda bem que não foi cagada!".

Lembram da trilha instrumental de suspense, que Império também não tinha no começo? Pois bem, a falta dela não valoriza as cenas de impacto. A sonoplastia de Babilônia é muito fraca e prejudica, principalmente, as cenas das vilãs. A música Pra Que Chorar é legalzinha, mas a abertura ficou aquém do padrão global.

Babilônia é uma novela ousada, de texto primoroso, e com ajustes pontuais tem tudo para dar certo. A estranheza e a fuga de público, neste momento inicial, são normais. A audiência oscilou para baixo, mas ainda não é motivo de desespero, apenas de alerta. A primeira semana fechou com 28 pontos de média, considerando as prévias do fim de semana. No sábado marcou apenas 22 pontos. É um índice muito baixo, só que não é um atestado definitivo de fracasso. A antecessora, Império, teve uma excelente estreia, declinou e virou o jogo.

Estou disposto com Babilônia e acredito na sua reação.

Novela bíblica        

Não acredito que Os Dez Mandamentos colocará a Rede Record na vice-liderança. Pode ser que surpreenda, e se emplacar, provavelmente, tirará público do Jornal Nacional. O SBT, consolidado com o público infantil, deve seguir vice-líder isolado com Chiquititas.

Quem ganha com a concorrência é o público. No horário das 20h30 poderemos optar entre um telejornal e três novelas (Mil e Uma Noites, Chiquititas e Os Dez Mandamentos).

Minha aposta para a estreia de Os Dez Mandamentos: 10 pontos de média. Depois deve manter-se entre 7 e 8 pontos. Vejo como uma boa média, mas a direção espera pelos os dois dígitos. Portanto, menos que isso será constrangedor.

Não consegui!

Confesso! Não consegui abrir mão de Sete Vidas. Não curti a primeira semana e tinha decidido acompanhá-la até o capítulo de sábado, que foi o melhor de todos. A partir dele, a novela de Lícia Manzo me conquistou. Estou encantando com a história e personagens.

Mesmo não sendo uma novela de ritmo alucinante, Sete Vidas não apresenta uma narrativa lenta, mesmo que dê a impressão por focar no cotidiano dos personagens. É um folhetim clássico, de personagens humanos, onde o vilão é o obstáculo da vida. O relacionamento familiar é a base de tudo.

Por ora, Lícia Manzo apresenta uma novela encantadora. Vale a pena conferir.

Surpreendente

Os últimos dois meses de Vitória foram excelentes. Cristianne Fridman é uma autora incrível e surpreendeu na última semana, principalmente no último capítulo.

Adorei os desfechos dos personagens, principalmente de Zuzu (Lucinha Lins), que sofria de Mal de Alzheimer. A autora abordou de forma brilhante o tema, sem explorar o estado avançado da doença. A novela mostrou Zuzu, com lapso  de memória, sendo tratada com amor e respeito pelos familiares. Outro final surpreende foi o de Priscila (Juliana Silveira), que tentou conquistar novas adeptas do neonazismo, mas acabou sendo espancada na prisão.

No geral, Vitória - ao longo de seus 208 capítulos - foi uma boa novela. Uma pena que não alcançou - em nenhum capítulo - média de dois dígitos de audiência.

Os Dez Mandamentos vencerá Chiquititas e dará a vice-liderança para a Record? Estão curtindo Babilônia? Quais os prós e contras? Os autores conseguirão driblar a fuga do telespectador?

Obrigado pela atenção e até a próxima. ;)


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