O folhetim teve elenco afinado e ótima direção.
Por: Jeferson Cardoso
Podem falar o que quiser de Império, menos que faltaram antagonistas. Cora pode não ter alcançado expectativas, mas Enrico e Maurílio cumprem muito bem o papel de malvados.
A personagem Cora, infelizmente, dentro da história de Império não deu certo. A cada semana a personagem tinha uma personalidade diferente. Para atender a caprichos de fãs, principalmente aqueles das redes sociais, o autor fez dela uma assassina e acabou matando um personagem, a princípio pequeno - mas que se tornou importante, o Jairo, e partir daí, Cora perdeu a força e o núcleo da família da vítima (Jurema e Reginaldo) ficou sem função.
Não me incomodo pelo fato de Cora ter se tornado uma assassina, mas sim pelo fato das mortes não terem importância dentro da história. Até mesmo as mortes de Jurema e Reginaldo ficaram no vácuo. Enfim, Cora – sem antes pagar pelos crimes cometidos – morreu após ser baleada para salvar a vida de seu grande amor.
Cora pode não ter sido uma personagem interessante, mas foi brilhantemente defendida por Marjorie Estiano, uma das melhores atrizes de sua geração.
Império, assim como qualquer novela, tem seus altos e baixos. Pra mim, ela tem mais prós do que contras. Aguinaldo Silva falhou com Cora e em alguns núcleos paralelos, mas arrasou na trama central, bem como na agilidade, texto, narrativa, entre outros quesitos. Ficou devendo com a vilã, mas apresentou uma novela popular e de ritmo alucinante.
A pessoa pode até não gostar do estilo da novela, ou até mesmo do autor, mas dizer que Império foi lenta e arrastada é um afronto. O autor soube segurar a história no período eleitoral sem chegar na fase de enrolação, a famosa barriga.
A saga do Comendador foi muito bem contada. Tão bem que o público aprovou, de imediato, um personagem que tinha tudo para ser rejeitado. José Alfredo não é santo: traiu o irmão; ficou rico com contrabando de pedras preciosas; traiu a esposa com uma ninfeta; rejeitou a filha; e fingiu a própria morte para fugir da polícia. Passa um filme na cabeça, parece que foi ontem! Aguinaldo Silva acertou na abordagem e fez com que o público aceitasse até mesmo a ninfeta Maria Isis.
Maria Marta, de personalidade forte, rancorosa, também podia ter dado errado , mesmo com Lília Cabral dando show de interpretação. No começo da novela, a aristocrata decadente demonstrava ter uma personalidade de assassina, e até ordenou algumas mortes. Após a descoberta da relação do Comendador com a ninfeta, Aguinaldo ajustou o perfil da megera e a transformou em vítima. Fez com que o público sentisse pena dela e até torcesse para que ela tivesse uma noite de amor com o Comendador, o que acabou acontecendo. Atrelado a um texto incrível, Maria Marta é um dos melhores personagens escritos pelo autor.
Paralelo à Saga e família do Comendador, preciso destacar também a abordagem sobre a homofobia. Enrico, perfeitamente defendido por Joaquim Lopes, foi um personagem absurdamente incrível. Foi - para mim - o grande vilão da novela, e diria até que foi o personagem melhor desenvolvido, pois teve a mesma personalidade do início até sua redenção.
O que mais me fascina nas obras de Aguinaldo Silva é o humor sarcástico. Téo Pereira, Magnólia e Severo são os destaques. O jornalista serviu como uma crítica, não só aos profissionais, mas também ao comportamento humano em fazer fofocas. Já a dupla de trambiqueiros faz qualquer um cair na gargalhada. Aguinaldo percebeu a sintonia de Zezé Polessa e Tato Gabus Mendes e soube aproveitá-los, e muito bem. Divirto-me muito com esses três personagens.
Os últimos capítulos da novela têm sido surpreendentes, com destaques para as cenas de Enrico pedindo perdão para o pai; Silviano confrontando José Alfredo; homenagem (merecidíssima) a José Wilker; e as sequências da morte de Cora.
Perto do fim, restando apenas quatro semanas, e com a morte de Cora, Império deve focar no mistério que envolve o personagem que está por trás de Maurílio. O jornal O Extra revelou que Silviano é o pai do vilão, mas garante: não é Fabrício Melgaço. Afinal, quem é Fabrício Melgaço, o grande inimigo(a) do Comendador?. Com as mudanças de última hora, mudei de opinião. As minhas apostas são, na ordem: Maria Marta, Antoninho, Fernando (acharam o corpo?) ou Téo Pereira. Voando mais alto, apostaria em Vicente.
Pode ser também um personagem que ainda não apareceu na novela. Não tem problema, desde que tenha uma explicação e motivo coerentes. Por ora, preocupo-me com a coerência, e espero que a verdadeira identidade seja revelada, sem deixar em aberto.
No contexto geral, Império supera as minhas expectativas. É um dos melhores trabalhos de Aguinaldo Silva. Espero que tenha um final digno de novela. Para isso, não precisa ser surpreendente, apenas convincente. E não precisa convencer a todos (o que é impossível), apenas ter uma lógica (mínima que seja) dentro da história.
Rogério Gomes, Pedro Vasconcelos e André Felipe Binder também precisam ser citados. Esses diretores entenderam o universo de Aguinaldo Silva e deram prestigio à Império. O autor, que estava carente de uma boa direção, encontrou profissionais à sua altura.
Encerro com o samba-enredo do Comendador.
Santa Terezaaaaaa vai passsarrrrrrr
O Talismã a nos guiarrrrr
O diamante de segredos e mistériossssss
É o Comendador e seu #Império
O/O/O/O/O/O/
Ponto final. Publique-se.
O mais do mesmo
Na próxima quarta, dia 25, Gugu fará sua estreia no horário nobre da Record. O programa, o mais do mesmo, apostará em quadros que fizeram sucesso no passado.
Não sou fã de Gugu como animador de programa de auditório, mas ele é ótimo à frente de reportagens e quadros assistencionalistas.
Gugu é aposta para o segundo lugar de audiência, mas pode ter dificuldade. Nos primeiros dias, o resultado deve ser favorável. O difícil será manter a atenção do telespectador por muito tempo. Como se trata de um programa de temporada, de três meses, talvez consiga.
Minha aposta para a estreia é de 10 a 12 pontos de média. Na próxima quarta, a Globo apostará no jogo entre Corinthians e São Paulo. O SBT vai de Programa do Ratinho.
Disputa pela audiência
A partir de março, a disputa pela audiência no horário nobre promete. O SBT escalou Carrossel para ofuscar Babilônia; e a Record colocará Os Dez Mandamentos no confronto com Chiquititas.
Tarde demais, tardíssimo! Record mudará pela "enésima" vez o horário da teledramaturgia. Hoje, com o SBT consolidado na faixa, dificilmente, conquistará a vice-liderança. Acredito, no entanto, que o objetivo seja outro: tirar pontos do Jornal Nacional e diminuir a diferença de Chiquititas. Pensando assim, pode ser que dê certo. Mas TV é hábito, e o resultado pode não ser tão rápido.
Quanto a disputa entre Babilônia e Carrossel... Ainda não sei como analisar isso, mas penso que a trama infantil dará mais que os cinco pontos da reprise de Rebelde.
Duas estreias
Falando em Babilônia.... Faltando apenas 25 dias para a estreia, cadê a divulgação? A Globo, sob nova direção, começa repetindo os erros do passado.
Dia 9 de março, estreia Sete Vidas. Uma semana depois (dia 16), Babilônia. Nesse meio termo, a emissora também terá que aumentar a divulgação de Império.
Globo é uma emissora gigante e, obviamente, uma semana é o suficiente para boa divulgação. Acontece que Sete Vidas será “esquecida” com o lançamento da próxima novela das nove e com os momentos finais da atual.
Reprise inédita pra quê? Da-lhe re-re-re-re-reprise!
Não sou telespectador do Vale a Pena Ver de Novo (trabalho no horário da tarde), mas sou contra o uso abusivo de reprises. Tenho uma curiosidade. A Globo, devido o sucesso de O Rei do Gado, apostará só em re-re-re-re-re-reprises? Vale mesmo a pena? Se sim, que venha Por Amor, A Viagem, Mulheres de Areia, Alma Gêmea... e que daqui a 5 anos, comece a lista novamente. #Deboche
A Globo, imitando o SBT, reprisa cinco minutos do capítulo anterior de O Rei do Gado. Cinco é pouco, deveria ser, no mínimo, uns dez minutos. Uma bobagem, para quem aprova re-re-re-reprise, meia hora seria aceitável.
A hora é essa!
Se a Globo realmente tem intenção de tirar a Sessão da Tarde do ar, esse é o momento certo. Precisa saber aproveitar o sucesso de O Rei do Gado. Daqui a pouco acaba, e pode ser que a próxima não tenha o mesmo êxito.
É preciso saber brincar
Não curti o episódio de estreia da nova temporada do Tá no Ar. Em alguns momentos, achei apelativo e senti a falta de humor. Exibido mais cedo, e recebendo bem do BBB, a audiência do humorístico deixou a desejar. Ainda é cedo para dizer que isso seja reflexo de rejeição. A desculpa, por ora, é de que são programas de público distintos. Se perder para o programa do Gugu, a conversa será outra.
Os títulos
Verdades Secretas (Walcyr Carrasco), Favela Chique (João Emanuel Carneiro), I Love Paraisopolis (Alcides Nogueira e Mário Teixeira), Encontro Marcado (Elizabeth Jhin), Poderosa (Rosane Svartman e Paulo Ham), Trem Bom (Maurício Gyboski) e Velho Chico (Benedito Ruy Barbosa) são os títulos provisórios das futuras novelas da Globo.
Voltou o buchicho de que Benedito Ruy Barbosa estaria escrevendo, em parceria com seu neto Bruno Barbosa, uma sinopse para as 21h. Não acredito. O autor foi remanejado para a faixa das seis, horário que suas novelas encaixam perfeitamente. A única certeza (para o segundo semestre de 2016) é a produção de Velho Chico, engavetada há anos, que terá a direção de Rogério Gomes.
Desinteresse
Não me apeguei a atual temporada do BBB. Desse mal me libertei. O reality não é ruim, apenas perdi o interesse por esse tipo de programa. Que chegue logo a segunda temporada de Master Chef.
Novelões
Fãs de Alto Astral e Vitória fiquem tranquilos. Esses novelões merecem um tópico à parte. Daniel Ortiz e Cristianne Fridman são autores surpreendentes.
Alto Astral é a melhor novela das sete desde Cheias de Charme, e o lugar de Fridman é na Globo. Os elogios – melhor elaborados – continuam na próxima semana.
É isso. Império superou as expectativas? Quem é Fabrício Melgaço? Gostaram da nova temporada de Tá no ar? E quais as apostas para a estreia de Gugu?
Obrigado pela atenção. Boa semana, saúde, felicidades! Até o nosso próximo encontro.