A opinião de um telespectador viciado em novelas.
Por: Jeferson Cardoso
Depois de "A Favorita", os noveleiros de plantão já não são mais os mesmos. A grande maioria do público ficou viciada no estilo frenético de João Emanuel Carneiro. Desde então, as novelas escritas por autores que apostam no mais do mesmo e que esquecem principalmente dos vilões estão sendo rejeitadas pelo público.
Maldade com humor. O lado cômico na personalidade persuasiva de um vilão tem sido o destaque. Flora (A Favorita), Tereza Cristina (Fina Estampa), Carminha (Avenida Brasil), Félix (Amor à Vida), Chayene (Claudia Abreu) são exemplos atuais. No passado, a lista é grande, dentre eles Pérpetua (Tieta) e Vlad (Vamp). Atualmente, os vilões são tão queridos que alguns se envolvem em situações cômicas e muitas vezes conseguem a simpatia e até a absolvição.
Por que estou falando sobre isso? Para poder comentar sobre "Joia Rara", que exagera em seus vilões. Esperei duas semanas para ter uma melhor opinião sobre essa nova parceria de Thelma Guedes e Duca Rachid.
Assim como eu, acredito que muitos esperavam por uma novela ágil e bastante dramática como a inesquecível "Cordel Encantado". No entanto, fomos apresentados a uma primeira fase com foco no romantismo, e vilões de atitudes óbvias.
As autoras precisaram de duas semanas para explorar o mais do mesmo da relação dos protagonistas, que se resume em: Franz (Bruno Gagliasso), filho do poderoso Ernest Hauser (José de Abreu), se apaixona pela batalhadora Amélia (Bianca Bin). Contra a vontade do pai, ele se casa com ela. Para impedir que o filho tenha uma vida ao lado de uma funcionária, Ernest consegue incriminar Amélia, que acaba presa. Acreditando que sua amada seja comunista, Franz acaba se casando com Silvia (Nathalia Dill).
Cá entre nós, esse melodrama poderia ter sido resumido em – no máximo – sete capítulos.
Outro vacilo das autoras, na minha humilde opinião, foi ter postergado a entrada da vilã Silvia. De imediatado, Nathália Dill mostrou que está disposta a se destacar. Por outro lado, José de Abreu – se sentindo convencido – está exagerado, e Carmo Dalla Vecchia, fora do tom, não convence.
Não curti o núcleo do cabaré. Por enquanto, não vejo graça nos personagens de Nicete Bruno, Marcos Caruso e Rosi Campos. Às vezes me recordo do núcleo insosso do teatro de "Lado a Lado". Por fim, a voz de Letícia Spiller me tira do sério. É irritante!
Ainda sobre os personagens, Mundo, interpretado por Domingos Montagner, é insuportável, e Thiago Lacerda parece perdido, sem foco. É impressão minha ou um dos erros dessa novela está na escalação do elenco?
A primeira fase de "Joia Rara", pra mim, é uma decepção. Não esperava por uma novela melodramática e com bastante foco no budismo. A religião deveria ser apenas o pano de fundo. Sinto falta também do humor, característica essencial para o horário das 18h.
A imagem escura da novela tem me tirado do sério, idem a gritaria dos personagens. A diretora Amora Mautner resolveu repetir os escândalos da família Tufão de "Avenida Brasil", mas, acredito, que não se encaixou bem na história de Thelma e Duca. Está muito exagerado, e às vezes as falas ficam incompreensíveis.
E tem mais: A abertura é feia, chata e cansativa. O texto, às vezes, é didático e os personagens caricatos. Em resumo, "Joia Rara" não apresenta nada de novo, é um Déjà Vu. Por enquanto, mostra que as autoras estão num ciclo vicioso.
Mas o que "Joia Rara" tem de bom? Apesar de idas e vindas, e mesmices, acho lindo o romance dos protagonistas. Há química entre Bruno Gagliasso, um dos melhores atores de sua geração, e Bianca Bin.
Por enquanto é isso. Apesar das frustações, vamos acreditar na segunda fase da novela. Amém.
Ainda não farei comentários sobre a pífia audiência da novela. Tenho uma opinião formada, mas esse assunto fica para o próximo post depois dos consolidados da próxima semana. Mas não se iludem, a média de 19 pontos (até agora) resume tudo.
Pecado Mortal
Diferente de "Joia Rara", "Pecado Mortal" já me fisgou de imediato. Estou deslumbrado com a novela de Carlos Lombardi.
Pode parecer puxa-saquismo, mas não é. Se não gostasse, falaria do mesmo jeito. Adoro o estilo Lombardiano. São novelas diferenciadas, com personagens cínicos, sarcásticos, dúbios, e descamisados. Essas características foram mantidas em "Pecado Mortal".
Os três primeiros capítulos foram luxuosos, com cenas de romance, drama e ação. Com estilo de seriado, a narrativa é rápida, o que pode dificultar o entendimento. Talvez esse, por enquanto, seja o seu único problema.
A abertura é linda; a trilha sonora agradável; a direção – sob o comando de um dos melhores diretores da atualidade (Alexandre Avancini) – segura; e interpretação do elenco convincente.
Com muita repercussão nas redes sociais, "Pecado" tem sido bastante elogiada pela crítica especializada. A audiência média de 9 pontos, ainda não está na meta esperada pela emissora – que sonha com os dois dígitos, mas o desempenho já é superior ao de suas antecessoras. Ainda é cedo para analisar os números da novela. Afinal, a estreia aconteceu numa quarta-feira. Os números da próxima semana serão fundamentais, onde observaremos o público fiel da novela.
Como telespectador, torço pela audiência, mas espero mesmo é que "Pecado Mortal" continue tensa, ágil, dramática, e acima de tudo divertida.
Agora é com vocês. "Joia Rara" tem pique para aumentar a audiência das 18h? E quais as primeiras impressões de "Pecado Mortal"?
Obrigado pela atenção. Abraços e até a próxima!