Com estilo de drama mexicano, Vitória chama atenção dos noveleiros de plantão

Passada a ansiedade, vamos às primeiras impressões de Vitória. O folhetim, escrito por Cristianne Fridmann, não teve uma estreia maravilhosa; apresentou falhas na edição; e teve muita gritaria em cenas de ação.

A primeira cena da novela foi linda, com uma atuação convincente de Beth Goulart. Na cena, Artur (Bruno Ferrari) decide internar a mãe Clarice numa clínica psiquiátrica para que ela não atrapalhe seus planos de vingança. A partir desse momento, o telespectador ficou sem entender o motivo pelo qual o protagonista deseja se vingar do pai. Também não convenceu a forma como Diana (Thaís Melchior) conheceu e se aproximou de Artur. Foi tudo muito rápido, ficou estranho no ar. O que era para ser romântico ficou sem graça.

O primeiro capítulo de Vitória foi confuso, quase que frustrante. A edição acelerou demais o romance dos protagonistas, e para isso usou três músicas; problemas com áudio foram constantes e, em alguns minutos, não foi possível compreender o que os personagens falavam; muita gritaria na cena do incêndio da cocheira; atores com atuações acima do tom, e alguns diálogos foram piegas, como: "Sou seu filho de quatro patas".

Ainda no capítulo de estreia, os núcleos paralelos – ainda que soltos na história - foram apresentados. Os neonazistas se destacaram. Paulão (Marcos Pitombo) e Priscila (Juliana Silveira) prometem fazer barulho e devem chamar a atenção da Vênus Platinada.  

Nem sempre a primeira impressão é a que fica. No segundo capítulo, Vitória surpreendeu positivamente. A novela começou para mim.  Saudosista de grandes vilões, estou impressionado com o núcleo neonazista, encabeçado pelos psicopatas Paulão e Patrícia. Em dois capítulos, atropelaram e mataram um flanelinha. Chamam a atenção os olhares de Juliana Silveira, em uma atuação – até então – impecável. Há outros temas interessantes, como o do Cicinho (Pablo Mothé), que é explorado pelo pai.

Estamos ainda nas apresentações dos personagens, mas ainda não curti os três patetas, ops, amigos, que perdem seus empregos.  Heitor Martinez, Leonardo Vieira e Silvio Guindane ainda não convencem. Já André di Mauro, que começou um pouco exagerado, encontrou o tom certo para o Jorge. É um personagem complexo, mas divertido. Espero que não fique bobo, exagerado.

Vitória é um novelão como não se via há muito tempo, com drama, ação, romance, suspense, comédia. Com o estilo de drama mexicano, a novela prende a atenção. Por enquanto, com exceção do primeiro capítulo, estou satisfeito. Gostaria de ver um pouco menos de cenas de ação (aquelas de perseguição/gritaria e violência gratuita), e mais emoção, comédia e romance.  Gosto de novelas ágeis – e até um pouco exageradas -, mas com os pés no chão.

Quanto aos números de audiência... Não esperava, e nem espero, pelos dois dígitos de audiência. Claro, ficaria muito feliz se isso acontecesse, mas o horário das 21h30 não é favorável à Rede Record. Hoje, o SBT está consolidado com Chiquititas e tem um público fiel de Rebelde. É importante destacar também a queda no número de televisores ligados, e a ascensão da TV por assinatura.  Resumindo: Superar a média de Rebelde e conquistar a vice-liderança já é uma grande vitória. A primeira semana fechou com uma média de 7 pontos. São dois pontos a mais que Pecado Mortal, e um acima da média-dia (atual realidade) da emissora.

Vitória não terá uma vida fácil pela frente. Desde segunda-feira, a Globo vem estendendo a exibição do Jornal Nacional. Na próxima semana, começa a Copa do Mundo. Em Julho, enfrentará os momentos finais de Em Família e o lançamento de Império, de Aguinaldo Silva Em agosto, provavelmente, receberá do Horário Político – com seus intermináveis 50 minutos de duração. É mole?

Um detalhe: A primeira semana foi exibida sem intervalo comerciais. Daqui a pouco, serão dois de intermináveis seis minutos. Tadinha.

Ibope à parte, estou bastante envolvido com Vitória. Aguardado ansioso pelos próximos capítulos. E vocês, estão curtindo?