Por: Jeferson Cardoso
Há alguns dias perguntei que novela é esta. Tentei, em vão, usar uns adjetivos para responder. A verdade é que impressiona a qualidade deste folhetim arretado.
Pra mim, é a melhor produção da Globo no horário das 18h desde "Mulheres de Areia".
Não serei redundante enaltecendo mais uma vez o talento de Thelma Guedes e Duca Rachid. São duas feras fora do comum. Desta vez irei comentar do elenco estelar, que estão dando o que falar. Com exceção de dois, o elenco está arrasando. Farei um breve comentário daqueles que, na minha modesta opinião, estão surpreendendo.
Bianca Bin e Cauã Reymond: Quando a Globo anunciou que eles seriam os protagonistas fiquei com o pé atrás. Pois bem, a emissora atirou no escuro e acertou em cheio. Açucena e Jesuíno estão em boas mãos. Bianca defende muito bem a sua personagem, que está começando a ficar chata, e Cauã – que não foi muito bem em Passione – melhorou sua performance como ator.
Bruno Gagliasso: a cada personagem, esse ator surpreende. O Timóteo caiu como uma luva nas mãos deste que considero um dos melhores atores de sua geração. Ele surpreende não só na TV como também no Teatro – tive a oportunidade de assistir uma peça dele – e, em breve, chamará a atenção protagonizando o filme sobre a vida do cantor Leonardo. Enfim, Timóteo é o que é porque Bruno consegue defendê-lo muito bem. O que seria de "Cordel" sem as maldades e o amor doentio do Timóteo por Açucena? Merece dois troféus: o de melhor ator e melhor vilão (isto claro, se ninguém superá-lo até o fim do ano).
Nathália Dill: linda e talentosa! Quem não torce para que a Doralice tenha pelo menos uma chance com Jesuíno? A torcida é grande e se deve à interpretação da atriz, que encontrou o tom certo para convencer o público.
Marcos Caruso: depois de passar vexame em "Tempos Modernos", esse grande ator rouba a cena e é um dos personagens destaques de Brogodó. O prefeito Patácio e Dona Ternurinha, defendida brilhantemente por Zezé Polessa, são hilários e garantem boas risadas.
Osmar Prado: o delegado Batoré, pra mim, é o que há de melhor na trama. É um personagem que diverte, emociona e, à vezes, dá vontade de estrangular. Mais completo que isto, impossível! Grande Osmar!!!
João Fernandes: "Eroniiiiiiiiiiildes!", grita o padre Joaquim quando Eronildes/Nidinho apronta mais uma de suas travessuras. Que talento tem este jovem ator. O elenco infantil desta novela, em si, parece que foi selecionado a dedo. Todos estão muito bem. Claro que a interpretação de Matheus Costa (Salim) dispensa comentários. Que talento tem esse Matheus!
Mouhamed Harfouch: é possível um homem amar três mulheres ao mesmo tempo? Sim, é o que diz Farid/Tufik/Said. Pobre libanês, não é? "Meu Bartirinha / Meus filhinhas /Ai que saudade de meus Sherazades, Allah". Hahahahaha! Uma figura!
Destaco ainda: o amor do Rei Augusto (Carmo Dalla Vecchia) e Maria Cesária (Lucy Ramos) ; o sofrimento de Antônia (Luiza Valdetaro); o Capitão Herculano (Domingos Montagner) – Rei do Gangaço – que enfrenta todos os desafios pelo amor do filho; e, as maldades de Úrsula (Débora Bloch).
A meu ver, "Cordel" só tem dois erros, que são óbvios. A escalação equivocada de Marcelo Novaes e Luiz Fernando Guimarães. Novaes não convence como o gago Quiquiqui e Guimarães, na pele de Nicolau, não encontrou o caminho da luz. São duas péssimas atuações!
Outro dia me perguntaram com quem Jesuíno deve terminar. Não ficarei em cima do muro. Gosto bastante da Doralice, mas ela chegou tarde demais. Torço para que o filho do cangaceiro tenha um final feliz ao lado da pessoa que ele ama desde a infância, Açucena.
Enfim, é impossível falar de "Cordel Encantado" em poucas linhas. É uma obra prima!
Fico triste quando vejo um novelão como este registrar índices entre 25 e 27 pontos. Sei que nesses últimos tempos muitas coisas mudaram e que a tendência é a TV perca ainda mais público para as novas mídias, mas gostaria de ver "Cordel" com números acima dos 30 pontos.
Amor e revolução
Quando estreou em março, "Amor e Revolução" tinha como meta elevar os índices do horário nobre do SBT. A expectativa era grande. Tiago Santiago, responsável por emplacar vários sucessos na Record, sonhava com os dois dígitos de audiência. Apostou em um tema que a princípio chamou a atenção, mas que não seria suficiente para prender o público por oito meses. A ditadura militar é um tema que cairia muito bem numa minissérie, mas o autor quis arriscar.
O que mais impressionou nos primeiros meses de "Amor e Revolução" foi a qualidade do texto. Não que seja ruim, mas o didatismo incomodou bastante. Tudo bem que o tema é de desconhecimento do público, mas houve abuso.
Há duas semanas estou acompanhando a novela e pude constatar que outros fatores favorecem para o fracasso de audiência. Boa parte do elenco é desconhecido do público e a maioria de interpretação ruim. Nesses dias não consegui identificar quem são os protagonistas. O casal gay interpretado por Luciana Vendramini e Giselle Tigre tem mais destaque que Cláudio Lins e Graziella Schmitt, anunciados como protagonistas.
O texto está menos didático, mas o autor está abusando de cenas teatrais. Como se sabe, a trama tem um grupo de teatro que retrata os momentos de protestos durante a ditadura. Há muitas encenações para explicar o período em que a novela está. Isto poderia ser feito de forma bem resumida.
"Amor e Revolução" não é uma boa novela, talvez pelo fato de Tiago não ter conseguido encontrar o tom certo. Ele quis causar com o tão esperado beijo gay e acreditou que isto fosse alavancar a novela, o que acabou não acontecendo. Uma pena!
Espero que esses erros sirvam de lição para Tiago e que sua próxima novela deixe o didatismo de lado. E entenda também que o horário de novelas no SBT é o das 20h, onde na década de 90 ameaçava o poderoso Jornal Nacional (bons tempos, diga-se de passagem).
O bicho vai pegar?
Gostei da estreia de "A Fazenda". Não foi melhor que o da terceira temporada, mas foi bem apresentada. Deu para conhecer bem os participantes, a maioria são desconhecidos do público. A seleção ficou interessante, vamos ver se renderá aquilo que a Record tanto sonha: preciosos índices de audiência e muito barraco.
Rodrigo Carelli, diretor do reality, aprendeu com os erros e está deixando a edição mais ágil.
Ainda não torço por nenhum participante, mas pude perceber que François Teles, Marlon e Thiago Gagliasso são os favoritos. Das meninas gostei de Bruna Surfistinha e Ana Markun. Como o brasileiro é muito conservador, não sei se aprovarão o perfil ou estilo de vida das garotas.
Dinei, Compadre Washington e João Kleber parecem ser os mais barraqueiros e devem protagonizar algum episódio.
Acho uma bobagem colocar duas fraquíssimas participantes para competir com Monique Evans. Não perco meu tempo votando porque o resultado é óbvio. É bobagem, mas a direção merece os parabéns, uma vez que, seguiram a lógica chamando as primeiras eliminadas das edições anteriores.
Odiei a participação de Monique na edição passada e estava torcendo pelo retorno de Theo Becker. Será que Monique repetirá os seus erros? Ela já sabe como o jogo funciona e que não é tão querida como se imaginava. Com isto, terá que pensar bem antes de agir. Por R$ 2 milhões, em um jogo como este, as pessoas são capazes de tudo. Eles são "artistas", ou seja, atuam (ou pelo menos tentam) para conseguir manipular o público ou até mesmo atingir a ferida do próximo para que ele possa mostrar as suas garras. É um jogo onde a falsidade se destaca.
Não entendo porque as pessoas ainda implicam com Britto Jr. Não é melhor nem pior que Pedro Bial porque cada um tem seu estilo, mas melhorou bastante em relação à primeira temporada. E, cá entre nós, é fácil falar, difícil é fazer. Admiro o esforço do jornalista/apresentador que, mesmo irritando algumas vezes, conseguiu impor um estilo próprio e vem desempenhando muito bem sua função, que é o de apresentar.
É isto, vamos acompanhar os próximos capítulos.