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Prêmio Jiló de Lata: Os Piores de 2016

Apesar da crise, a TV brasileira não decepcionou e apresentou diversos produtos interessantes.

Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]

No fim desse ano, muitos poderão exclamar em alto e bom som a seguinte frase: “Eu sobrevivi”. Depois de mudanças políticas, perdas artísticas e de um agosto que por si só já renderia uma retrospectiva, enfim chegamos ao final do ano, onde relembramos aqueles que nos decepcionaram na telinha.

Já disse que a proposta do prêmio é brincar com aquilo que nos decepcionou na TV no ano, prêmios para os melhores existem aos montes e vai faltar troféu para parabenizar tanta coisa boa que rolou nesse ano. Para dar uma lida nas melhores novelas do ano, dá uma lida aqui no texto de Jeferson Cardoso.

Confesso que foi difícil chegar a um consenso para definir os indicados, mas vamos lá, relembrar aqueles que mereciam o nosso troféu Jiló de Lata, com um sabor nem tão amargo, já que a realidade já faz isso por nós.

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PIOR NOVELA: Liberdade Liberdade, Sol Nascente e A Lei do Amor

Você trabalha, estuda, faz o caramba e quando conseguiu por tudo em ordem, sem sobrar uma louça na pia para lavar, se senta no sofá e dá de cara com uma novela escura, em que nada acontece e que nem a nudez de Maitê Proença consegue te animar. Há algo errado com isso e se chama Liberdade Liberdade. Com uma história promissora, a trama das 11 da Rede Globo enrolou por mais da metade, pra daí começar a ficar interessante. Nisso, faltava duas semanas para o fim. Ninguém gosta de novela em que nada acontece.

Sol Nascente é aquela novela que já começa errado. Só pela chamada ninguém queria assistir.  Dois núcleos de famílias étnicas e amigas, sendo que entre eles o casal principal que não tinha química alguma, que já tá roubando o posto de casal mais insosso de Marina e Léo de Insensato Coração. A trama apresentou até agora casais insossos, vilões sem motivos e só agora no fim de dezembro parece estar tomando novos rumos... mas continua sem sal, sem açúcar, sem nada... Aff.

Se Sol Nascente não tem nada que interesse, A Lei do Amor já tem coisas demais: personagens, tramas e assuntos demais. Não dá pra se apegar a nada. A edição clipada pode ser um empecilho, mas acho que aquele ditado que quanto mais mexe, mais fede pode ser aplicada a trama. Parece que ninguém sabe para onde vai...Só um detalhe: desde que resolveram inserir política em novelas das 8 a coisa não vai bem... Repetição ou tendência, me diga você... Babilônia tinha política e construtora (mais real impossível), A Regra do Jogo tinha um ex-vereador e crimes, Velho Chico e os corruptos, agora o mesmo tema em A Lei do Amor. Vamos mudar de assunto né minha gente?!

VENCEDOR: SOL NASCENTE

Se Liberdade Liberdade tinha uma premissa boa, mas um desenvolvimento lento; e A Lei do Amor núcleos em excesso e precisa de correções mesmo estando em pleno voo; Sol Nascente se consagra como a pior novela de 2016 exatamente por não ter nada de interessante. Nada, nem trama, personagens, nada, nem circunstâncias clichês parecem agradar, e olha que tem uma das mais belas estéticas apresentadas no horário das 18h... E ainda falavam mal das últimas novelas do Maneco...

PIOR ATRIZ: Debora Nascimento, Thais Melchior e Cléo Pires

Se Giovana Antonelli dá vida a insossa Alice em Sol Nascente e não desperta a atenção do público isso em parte se deve mais ao texto do que a atriz. Contra essa premissa está Debora Nascimento, que viveu a heroína Filó de Eta Mundo Bom. A atriz que vinha de um personagem interessante em Alto Astral, não conseguiu segurar interesse do público pela personagem Filó, que foi suplantada por Maria (Bianca Bin), que roubou a cena como heroína. Em determinados momentos, a personagem nem chegou a aparecer. Sem falar na mudança drástica no sotaque, parecia o cabelo bipolar da Morena (Nanda Costa) de Salve Jorge.

Apesar de ter vivido uma heroína pra lá de chata em Vitória, Thais Melchior voltava ao ar como Aruna, a protagonista de A Terra Prometida.  A atriz que tinha uma personagem guerreira, corajosa, de repente foi transformada em uma mulher submissa, atrapalhada e que vivia somente para seu marido. Mesmo assim, a atriz que vinha até melhorando não conseguiu corresponder a altura do personagem e fazer o público torcer por ele. Nisso quem ganhou foram os personagens de Paloma Bernardi e Miriam Freeland, que roubaram a cena.

Viver uma personagem diferente, com inúmeras nuances e problemas é sonho de todo grande ator e Cleo Pires teve essa chance ao viver Tamara em Haja Coração. Instável, a personagem tinha tudo para crescer e roubar a cena, mas nada aconteceu. A atriz sempre com os mesmos trejeitos de papeis anteriores, parecia estar vivendo ela mesmo, sem graça e sem talento.

VENCEDOR: CLÉO PIRES

Uma atriz que seja protagonista e que nos desaponte vá lá, a gente até aceita e supera, já que estamos acostumados a gostar mais dos vilões porque eles tem atitude. Agora uma personagem tão cheia de nuances feito Tamara, que tinha tudo para ganhar a atenção do público feito de qualquer maneira é imperdoável. Cléo Pires parecia estar pouco a vontade com a personagem e não fez nada diferente. Quem acabou fazendo a louca na mesma trama foi Fernanda Vasconcelos, que fez as vezes de vilã.

PIOR ATOR: Eriberto Leão, Sidney Sampaio e Malvino Salvador

Depois de dar vida a Gael em Malhação Sonhos, Eriberto Leão parecia estar pronto para viver qualquer tipo de papel, inclusive um vilão e foi essa a proposta dada a ele para viver Ernesto em Eta Mundo Bom. O ator não fugiu do maniqueísmo como todo o restante do elenco, mas diferente de Flávia Alessandra, que roubou a cena como Sandra, o ator não expressou nada além do habitual, apelando para caras, bocas e trejeitos já batidos. Ressalva: Precisava deixar o personagem a novela toda com o mesmo figurino branco?

Se Moisés de Guilherme Winter foi o cara fodão que libertou o povo, Josué de Sidney Sampaio está longe disso. Sem carisma e mesmo acabando com reis e derrubando muralhas, o ator parece não estar preparado para o papel, aquém do esperado. Em determinados momentos, parece que o ator está lendo o texto. Feeeiioooo.

Malvino Salvador tinha em mãos um papel mediano de um suburbano que vivia um romance de infância com sua vizinha Tancinha (Mariana Ximenes), mas sem trazer nada de novo ao personagem, o personagem Apolo pareceu com outros personagens do ator, entre eles o Bruno de Amor à Vida. E nem era um personagem do mesmo autor.

VENCEDOR: SIDNEY SAMPAIO

Depois um Moisés impactante, era esperado que Josué seguisse a mesma linha, mas não, Sidney Sampaio construiu um Josué sem carisma, com forte didatismo, indo contra o que era apresentado. Realmente, o ator não estava pronto para um papel dessa magnitude. Toma Sidney, que o troféu é seu.

PIOR ATOR/ATRIZ COADJUVANTE: Flávio Tolezani, Juliana Paiva e  Alexandre Borges

Depois de viver Roy em Verdades Secretas, Flávio Tolezani ganhou o personagem Araújo em Eta Mundo. O personagem era um administrador envolvido com mulheres interesseiras, mas mesmo assim o ator não convenceu, criando um personagem fraco, sem nuances e dono da mesma cara em todas as ocasiões.

Um mesmo personagem, mas com outro nome. A frase se encaixa bem para Juliana Paiva, que fez de Cassandra de Totalmente Demais, a mesma personagem de Malhação 2012. A atriz não se esforçou para dar uma nova roupagem a um personagem que poderia ser chamado Fatinha e olha que poderia ter feito alguém bem diferente. Silvio de Abreu não ressuscitou Dona Armênia e Jamanta em outras tramas? Então...

Alexandre Borges apesar de ser o primeiro nome creditado em Haja Coração nada mais era do que um coadjuvante e por preguiça parece estar fazendo o mesmo papel desde 2010. Seu Aparício Varela de Haja Coração era muito parecido com Jacques Leclair de Tititi, Cadinho de Avenida Brasil, Thomaz de Além do Horizonte e tinha até nuances de Jurandir de I Love Paraisópolis. Parece um eterno looping do mesmo personagem...

VENCEDOR: FLÁVIO TOLEZANI

Repetir modos e trejeitos de um personagem até toleramos, mas ter um personagem bom e não fazer nada com ele é intolerável. Flávio não é um ator ruim, mas deixou a desejar com um personagem que tinha grandes vertentes. O personagem renderia mais...

PIOR PROGRAMA: Sensacional com Daniela Albuquerque, Sabadão com Celso Portiolli e Xuxa

Que a RedeTV! tenta e se esmera em criar programas populares sem nenhuma aceitação do público isso já sabemos e com Sensacional com Daniela Albuquerque não poderia ser diferente. A atração que não corresponde ao nome é um amontoado de outras atrações de outras emissoras sem charme algum.

Sabadão com Celso Portiolli segue os mesmo moldes de Sensacional da Rede TV! só que consegue piorar ou vocês realmente acham graça naquelas quase duas horas de programa destinados a rir e comentar de vídeos de WhatsApp?. Encrenca já fez isso e tá onde tá. Parece que Portiolli não gostou de ter o horário do Domingo Legal diminuído e resolveu colocar os quadros de fora no Sabadão, só que são tão anos 90 e estão tão sem graça...

Xuxa Meneghel é uma das apostas da Record pra aumentar o faturamento e audiência de segunda à noite, mas nada que é apresentado ali parece decolar. Pra começar, a apresentadora parece estar desconfortável, os quadros não convencem e quanto mais mexe, piora. Totalmente chuchu, nem mais nem menos.

VENCEDOR:  SABADÃO COM CELSO PORTIOLLI

Alguém tinha dúvida que um amontado de quadros sem graças em pleno sábado à noite poderia não ganhar? Sem rumo e apresentando qualquer coisa, o programa não apresenta nada de novo e ainda se esmera em apelar para vulgaridade sempre que possível. Era melhor exibir Chaves no lugar...

Menção honrosa ao Adnight que não ficou entre os finalistas, mas quase chegou lá devido a chatice...

MEUS OLHOS ESTÃO ARDENDO DEPOIS DE VER ISSO: Gugu abre a sepultura de Dercy Gonçalves, Dudu Camargo na apresentação do Primeiro Impacto e Galvão Bueno pede que cadeirante fique de pé durante o hino nacional.

Que a Record caminha de mãos dadas com o assistencialismo e polêmicas desnecessárias isso já sabemos, mas a primeira desse ano foi Gugu abrindo o tumulo de Dercy Gonçalves. Além de ser de extremo mau gosto e apelativo, o episódio conseguiu uma audiência regular e com certeza Dercy esculhambou Gugu lá do além por não deixá-la em paz.

Dudu Camargo conseguiu apresentar o Primeiro Impacto, mas inúmeras vezes ficou claro o seu despreparo, chegando ao ponto de não conseguir dizer Paul McCartney. Imaturo e soando falso demais o programa se tornou um festival bizarro.

Que apresentadores cometem falhas isso não é novidade, nem mesmo desmérito, afinal TV se aprende fazendo, mas algum deles extrapolam. Fátima Bernardes chegou a pedir para um garoto cego ver um vídeo e Galvão Bueno pediu que um atleta cadeirante se levantasse para ouvir o hino da Jamaica.

VENCEDOR:  GUGU ABRE TÚMULO DE DERCY

Errar e ser inexperiente pode ser aceitável. Agora explorar a morte de alguém em plena quarta feira é sinistro demais. Gugu que até então explorava tragédia, mostrou que pode se apelar mais quando o tema é audiência.

E para vocês quais foram as piores atrações em 2016?

Até  breve.


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