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Vai Na Fé: Uma novela otimista, mas nem tanto!

A trama de Rosane Svartman retrata um país todo através de seus personagens.

Por: Emerson Ghaspar - [email protected]

Vai Na Fé: Uma novela otimista, mas nem tanto!

Qual foi a última novela das 7 que você assistiu?

A muito se fala da fuga da TV para o streaming e seus conteúdos nichados, o que nos leva a perguntar: Porque uma pessoa assistiria a uma novela durante seus longos meses? Não sei se foi para responder a essa pergunta que Vai na Fé foi feita, mas ela diz muito (também sobre isso).

Carlos Lombardi sempre se referia a novela “ônibus” que pegava todo tipo de público que passava na frente da TV e isso ficou cada vez mais raro de  acontecer. Mas Vai na Fé parece fugir disso e até então parece querer agradar a qualquer um que passe diante da TV no horário das 7. Se isso dará certo, só o tempo dirá.

Repleta de personagens simples e comuns, que parecem que já vimos antes em alguma novela anterior, a trama das 7 aposta no popular, na empatia, no que já conhecemos para contar sua história. Sol é uma prova disso. Trabalhadora (para não falar lascada), ela é como a maioria das pessoas, presas em seus boletos, com problemas familiares e com a sensação de que eu posso mais, mesmo que a vida tente nos sufocar e nos obrigue a fazer aquilo que nem sempre queremos. Com esse ar de otimismo a personagem vem ressaltar antes de qualquer coisa a força do brasileiro, seja através do seu talento ou até mesmo da fé.

Além de Sol, há outros personagens que muito nos representam: Jéssica, a primeira a entrar em uma faculdade paga e que tem um pensamento progressista, mesmo diante de sua realidade totalmente oposta. Lumiar em uma busca que nem ela sabe muito bem onde quer chegar. Carlão e seu machismo e ego ferido de quem percebe que seu jeito está errado em uma sociedade que não aceita mais alguns comportamentos e Clara que está em um relacionamento tóxico e não percebe. Todos em busca de evoluir, em contar sua própria história. Assim como nós. Até os personagens mais desagradáveis estão em evolução, querendo se superar ou alguém (mesmo que de maneira errada). Nisso Vai na Fé acerta: em contar uma trama que nos represente em vários aspectos.

Mas nem tudo são flores. Se o primeiro capítulo teve um ar meio didático ao apresentar alguns personagens, que foram desenvolvidos durante essa primeira semana, a partir de agora  a trama tem  grandes chances de conquistar o público em números de audiência. Ao inserir o preconceito sofrido por Yuri, a autora deixa claro que a trama não é só sobre otimismo, superação e sim sobre assuntos que incomodam, que estão aí, mas que nem sempre são tratados da maneira adequada. 

Com tudo isso apresentado até agora vemos que  Rosane Svartman tem um nobre e longo desafio pela frente. Dar esperança e entretenimento para um público um pouco cansado de tudo que viveu até aqui. 

Afinal, no ano passado tivemos Copa do Mundo, Eleições, seguida pelas festas de final de ano,  agora tudo que a gente quer é se distrair, sentar no sofá e assistir a uma novela agradável. Tomará que ela consiga, afinal a gente merece um descanso de toda a tristeza e crueldade que o mundo real já nos apresenta, afinal a gente merece sonhar. 

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