Trama das 7 conquista o público com história batida, mas com novos ingredientes.
Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]
Muito se falou antes da estréia de I Love Paraisópolis e até alguns mais sensíveis chegaram a dizer que a novela cheirava a fracasso. O mais legal foi ver que ou os narizes estavam entupidos (com pré-conceitos) ou a novela não era nada daquilo que alguns viam nas chamadas. A atual trama das 7 logo conquistou o telespectador, que se encantou pela trama de Mari (Bruna Marquezine).
Cercada de antigos clichês, afinal Mari é uma moça pobre que mora em uma comunidade e que luta para conseguir seus realizar seus sonhos, além de se apaixonar pelo príncipe encantado que mora em um local não tão longínquo porem com riquezas, lembra em muito a história de Cinderela, mas a trama vai além. Fugindo do padrão mocinha sofredora, Mari bate, enfia mão em turbante para reaver passaportes, encara uma boa faxina e não desiste. Tinha tudo para ser chato e maçante, olha a Regina de Babilônia para comprovar isso, mas não é. A humanização da personagem permite uma aproximação com o telespectador. A maioria dos personagens são assim
Cercada de personagens comuns em qualquer comunidade, os autores tem apresentado aos poucos nuances de personagens de Paraisópolis. A comunidade que é uma cidade dentro de São Paulo, assim como a fictícia, é um micro cosmo de um Brasil nunca apresentado em novelas. Gabo (Henri Castelli) para infernizar o sobrinho Benjamim (Mauricio Destri) se uniu a Grego (Caio Castro), o chefe da favela, mostrando que a política tenta fazer alianças quando lhe convêm, sem pensar no próximo. Quantos casos de pessoas que são desapropriadas de suas casas para servir a interesses de quem pode mais? Critica social a crescente bolha imobiliária? Puro folhetim? Ainda não se sabe, mas é uma das tramas que mais tendem a crescer.
Ainda focando em Paraisópolis temos personagens cativantes que fogem do comum: Eva (Soraya Ravenle) é uma evangélica que foge do que já foi apresentado até hoje. Sem um figurino ou atitude caricata, a religião da costureira passou despercebida pela maioria dos telespectadores. Destaque também para Junior (Frank Menezes) que foge do padrão “mordomo que ama os patrões” e quer dinheiro; a vilã caricata Soraya (Leticia Spiller) que abusa de um melodrama para reconquistar o filho e Margot (Maria Casadevall), um antagonista humanizada que tenta reconquistar o seu ex. Quem nunca agiu de tal modo que atire a primeira pedra.
I Love Paraisópolis é uma junção bem feita de um conto de fadas com a atualidade. Mari a cinderela lutadora de krav magá que não desiste, mais próximo da realidade impossível. Fugindo de dramalhões que se arrastavam durante 100 capítulos, I Love apresentou um ritmo ágil desde o começo e esse é o fator que conquistou o público, caso contrário a audiência não responderia a altura.
No fim das contas, a trama escrita por Alcides Nogueira e Mario Teixeira é um clássico folhetim que aposta na classe C sem apelar para o velho clichê de que todo morador de comunidade é pobre e coitadinho. Na trama todos vão à luta, mesmo que não usem as armas mais corretas em suas batalhas. Solar e com uma boa dose de otimismo, esse é o principal ingrediente que faz de I Love Paraisópolis uma novela cativante, principalmente em um momento em que a crise assusta a milhares de brasileiros. I Love o romance, o bom humor e o otimismo às sete da noite e que continue assim.