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Pega Pega: O sucesso das 7... em parte

Trama de estreia de Cláudia Souto foi um sucesso de audiência, mas gerou pouca repercussão.

Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]

Pega Pega, que tinha o título provisório de Pega Ladrão, foi uma obra pensada para ser uma novela ônibus, isso é fato. A novela de Cláudia Souto como autora titular foi pensada em chamar atenção de todo tipo de público que pudesse estar passando pela sala no horário da novela: jovens, adultos, idosos e até crianças, que pudessem se interessar por um canguru animado, que fez parte da trama logo no início e que a autora fez questão de dizer que nada mais era uma forma da personagem Bebeth (Valentina Herszage) encarar certas situações. Enfim, quem assistisse  a trama  tem a certeza de que poderá encontrar todo tipo de gênero na novela das 7 e se identificar.

Isso não é desmérito, é forma de manter o público das 19h, um dos mais fiéis nos últimos anos, tanto que algumas tramas tiveram mais audiência que novelas das 21h, o carro chefe da Globo. Que o horário das 19h, antes marcado por histórias alegres, que priorizavam o humor, se tornou algo do passado isso é visível. A ideia agora é apresentar algo que poderia ser exibido em outro horário e com isso manter a audiência do horário em alta. Pega Pega apostou nisso e talvez esse seja o grande motivo do seu sucesso.

Apesar de números pra lá de satisfatórios, Pega Pega tem seus defeitinhos. O padrão de qualidade da Globo está lá, impresso na cenografia, nos figurinos, em seus atores, na direção, mas nada disso salva o texto capenga e a história que anda em círculos a meses, sem novidades é claro. Cláudia Souto mostra que aprendeu com o mestre Walcyr Carrasco (de quem foi colaboradora em algumas tramas) e apresenta um texto mastigadinho demais, às vezes bobinho, um humor fraco, pouco risível e tramas superficiais. A trama em si é rasa, sem se aprofundar em nada, é entretenimento barato e só. O público sabe o que vai ver e autora sabe o que vai entregar. Sem novidades. Talvez seja o que o público nesses momentos de crises financeiras espera.

Foto: Divulgação/TV Globo

Apesar do texto não ser dos melhores, os atores se esforçaram para tornar seus personagens criveis ou carismático. Destaque para Nanda Costa, João Baldasserini, Reginaldo Faria, Ângela Vieira, Irene Ravache, Milton Gonçalves, Thiago Martins e Guilherme Weber . O  restante se não fez bonito também não fez feio. O posto de protagonistas da história apesar de serem Eric e Luiza, muitas vezes ficaram de lado, já que os casais Júlio e Antônia, Sandra Helena e Agnaldo, Maria Pia e Malagueta, muitas vezes foram muito mais interessantes, muitos de nós torcemos mais por eles do que por Eric e Luiza.

A direção também fez o seu papel corretamente, sem tentar emplacar enquadramentos, filtros ou estilos, uma novela sem o ar de cinema, mas ainda assim bonita e com estética agradável. Algumas vezes, o diretor Luiz Henrique Rios imprimiu uma dinâmica similar ao que fez com Totalmente Demais, também dirigida por ele, mas nada que remetesse ao “eu já vi isso antes”. A abertura também é criativa e com a trilha do Skank dá um ar alegre a obra, só o logo que pareceu não condizer com o restante da vinheta.

Apesar do sucesso em números, Pega Pega passou quase despercebida nas redes sociais, ou nas ruas, pouca gente comentou sobre a novela. Como dizem, não gerou buzz, muitos disseram que a tv estava ligada na Globo, mas que pouca gente assistiu Pega Pega. Seria o buzz uma forma de medir audiência ou que importa são os consolidados do ibope? Decidam vocês.

Despedindo-se do público em alta, Pega Pega foi uma novela mediana, sem exageros, mas se será lembrada, ai só o tempo e sua memória noveleira irá dizer.


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