Teledramaturgia nacional muda lentamente para tentar fisgar novo público.
Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]
Antes de mais nada, peço desculpas a todos que leem essa coluna. Estive três meses afastado para tratar de um projeto pessoal, mas não quer dizer que não acompanho o que está rolando em nossa telinha. Enfim, estou de volta.
Além do excesso de reality shows de culinária que invadiram nossa TV nesse ano (esse é tema pra outro post), muito tem se falado do sucesso de Os Dez Mandamentos, a queda de A Regra do Jogo e blá bla blá, mas a questão não é essa, mas sim o hábito de comparar nossa teledramaturgia com as séries de fora.
Evidente que há comparações entre produções e tal e que se você não curte ou assiste determinada série você não se encaixa em determinado grupo. Gente, parem com isso, tem gente que tem vida além do Netflix sabiam?
Independente se você curte série e defende o que gosta (o que é direito seu) não quer dizer que a teledramaturgia brasileira peca em criar coisas novas. A Regra do Jogo e sua facção está ai para provar isso, se fosse em uma série vocês amariam. Ah, dai você me diz: “série passa uma vez por semana e não tenho tempo de ver novela diária?”, Para já com isso porque sabemos que vocês fazem maratona. Estamos de olho, viu.
A questão é outra, atualmente há dois tipos de telespectadores de novelas em nossa TV: os mais tradicionais que adoram uma novela folhetinesca, de preferência de época porque é algo que não vivenciaram e remontam na memória afetiva do telespectador algo que gostariam de ter vivido. Olha Além do Tempo e Os Dez Mandamentos ai, sendo um sucesso exatamente porque tem esses ingredientes (não só eles) em suas tramas.
O outro típico é o que adora uma trama rápida, sem delongas (nos dias de hoje esqueça de guardar segredo porque na geração da internet uma notícia resulta em vários curtir nas redes sociais) e mesmo que essa trama não tenha história central forte, personagens secundários salvam a novela por viverem em cada capítulo uma esquete diária. I Love Paraisópolis comprova isso, já que a trama central perdeu folego do segundo mês em diante e nem por isso é um fracasso. Se isso não é importar moldes de sitcom americanos o que seria?
Já as tramas que insistem em contar histórias novas, utilizando o método de folhetim tradicional enfrentam a distância do público que alega ser muito pesado, quando a gente sabe que pesado mesmo é ver as histórias e reconstituições do Cidade Alerta as 16:45 da tarde.
Não há mérito ou desmérito específicos nas tramas que estão sendo apresentadas e sim uma mudança no perfil do telespectador. Não me venha com aquela velha máxima de que a TV a cabo e a internet estão roubando audiência porque se fosse assim Os Dez Mandamentos e Além do Tempo estariam mal também e sabemos que não é bem assim. Falta boas histórias, mesmo que elas estejam se adaptando ao jeito “série de ser”.
Concluindo, as novelas estão se alterando ao jeito de séries aos poucos. Isso é um erro? Talvez não, o público muda e com ele o jeito de ver e fazer novela, portanto não venha desmerecer nossa teledramaturgia nacional, ela tem opções ótimas.
Agora é sua vez de falar e deixar sua opinião ai embaixo.
Até breve.
Twitter: @EmersonGhaspar