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Babilônia tem salvação?

Trama das nove tenta se reinventar, mas nada acontece.

Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]

Nathália Timberg e Fernanda Montenegro em Babilônia (Foto: Felipe Monteiro/GShow)

Bomba, bomba, soaram as trombetas anunciando que Babilônia é a pior audiência do horário nobre da Globo, e eu te pergunto: E daí? Daí, que a audiência de ano após anos está caindo e isso é um fator a ser considerado, não é porque Império foi um pouco (digo pouco mesmo) melhor que Em Família, que ela é um sucesso absoluto. A TV paga e a internet roubam cada vez mais a atenção do público ávido por algo que chame sua atenção, o que não ocorre com Babilônia. Portanto migrar para algo mais interessante é mais rápido que apertar o botão do controle remoto.

Mas o que faz de Babilônia essa trama que ninguém vê? Não me refiro ao beijo gay porque isso é passado. Falta o principal: conteúdo. Tudo bem que é novela precisa de tempo para a história chegar no ápice, mas haja tempo hein?! Um mês no ar e a história não andou um milímetro. Também, quem pode andar com o cenário tão escuro? Tão racionando energia no Projac? Só isso justifica uma fotografia tão escura e que não favorece nenhum pouco a trama. Acho que a referência da produção foi Os Maias de 2001, só que a minissérie era fiel a época e Babilônia é contemporânea, portanto...

Tá certo que a fotografia e até os cenários não colaboram, mas o principal Babilônia não tem: uma história. No primeiro capítulo ficou claro que Inês (Adriana Esteves) tinha inveja de Beatriz (Glória Pires) e que elas fariam várias maldades. Maldades contra quem? Ai é que tá, a sonsa Regina (Camila Pitanga) não está ligada a elas na trama. A solução foi fazer o enteado de Beatriz atropelar um personagem sem função que a heroína conhecia. Enfim, desenvolveu isso, acabou a ligação entre elas... Cadê Regina disposta a descobrir a assassina do pai?

Agora foi divulgado que Inês quer se vingar de Beatriz porque no passado o pai dela foi preso após ser acusado de assediar a vilã mor. Tá, Inês é a mocinha agora que quer vingança, é a nova Riiiiita, mas pra quem quer derrubar a outra falta uma coerência ai. Primeiro a mãe de Alice (Sophie Charlotte) queria reaver a amizade com a mulher de Evandro (Cassio Gabus). Me desculpem, eu quero que alguém que me fez mal se ferre até o último instante (pelo menos é isso que importa).

Seguindo a ordem, Inês chantageia a muy amiga, que dá um jeito de mandá-la pra Dubai. Ok, fui pra Dubai e espero dez anos pra começar minha vingança. E no final volto pro Brasil depois de perder o marido sem um centavo no bolso.  E o pior, vai trabalhar com a rival e ser cúmplice nas maracutaias da megera? Ou Inês é realmente muito incompetente a ponto de não organizar uma vingança direito (querida, vingança serve pra acabar com o rival), ou essa história foi criada agora no intuito de gerar burburinho na expectativa de trazer os telespectadores de volta. O que vocês acham?

Com um núcleo principal fraco, os autores resolveram fazer Alice ser/depois não ser garota de programa, mas afinal, agora qual é a história da personagem? Ficar em dúvida entre Evandro e Murilo (Bruno Gagliasso)? Em Babilônia tudo é muito solto, menos a risada, afinal o núcleo de humor com Maria Clara Gueiros e Gabriel Braga Nunes tem menos humor que o chato do Zorra Total. Falta conteúdo em Babilônia, falta história amarradas e bem construídas.

Consideradas um fracasso por alguns, Babilônia tem chances ainda de se reerguer no ibope e no gosto do público, mas falta uma coisa: emoção. Sim, emoção, não basta ter a Fernanda Montenegro e Nathália Timberg, duas atrizes ultra mega talentosas, se elas ficam tomando chá e discutindo se é biscoito ou bolacha. Aposto que é necessário um dilema simples para o público torcer por elas e voltar a trama das 9. Até isso ocorrer, com esse cenário escuro só temos duas opções: ou dormir mais cedo ou mudar de canal. E a segunda opção é a que está prevalecendo.


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