Quando o Mimimi impera...
Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]
Caro leitor, tudo bem?
Com o laço apertado e muitas tarefas, resolvi fazer uma crítica diferente esta semana. Em outras ocasiões onde fico limitado a escrever sobre determinado programa dessa vez quero levá-lo a refletir um pouco mais sobre como vemos nossa TV atualmente.
Nessa onda do politicamente correto, alguns ficaram chocados em torno de uma entrevista de Gilberto Braga deu ao jornal O Globo no dia 31 de maio onde diz que “paulistas são estranhos” ou que gostam do personagem Jamanta (Cacá Carvalho) das novelas Torre de Babel e Belíssima (ambas de Silvio de Abreu). Alguns chocados por ele rotular os paulistas, outros por ele dizer que a audiência somente de São Paulo é o fator principal para decidir se um projeto é sucesso ou não. Antes de mais nada, sejamos práticos: a terra da garoa é um local com diversos tipos de público, talvez seja por isso que as novelas tendem a ser destinadas a esse público (além do lado publicitário evidentemente). Sobre gostar de Jamanta, aí vai de cada um. Paulista, não fiquei chocado, ofendido e muito menos levei a sério o que ele disse. O que falta a Babilônia é somente uma boa história bem desenvolvida (e não esse remendo que está no ar).
Se falta a Babilônia uma boa história, não se pode dizer o mesmo de I Love Paraisópolis e Sete Vidas. As duas têm boas tramas distintas e apostam em cheio para cativar o público e conseguem. Mas a galera que adora um mimimi arrumou um jeito de criticá-las. Sobre a trama de Lícia Manzo, reclamam da ausência de um vilão de carne e osso, já sobre a novela das 19h reclamam que faltam negros na comunidade de Paraisópolis. Mas se tivesse só negros não iriam reclamar que estereotipam negros como pobres e favelados? Enfim, a turma do alarde só quer chamar atenção.
O pessoal do 'Mimimi' vai além das telenovelas, agora se estendem aos telejornais. A nova garota do tempo do Jornal Nacional, Maria Julia Coutinho, ou simplesmente Maju, logo foi vítima de boatos de que estaria sofrendo preconceito pela equipe do telejornal noturno. Além do boato de que Willian Bonner estaria incomodado com sua presença. Sejamos sinceros: com todo trabalho que tem como editor-chefe e âncora do jornalístico, será que o marido de Fatima Bernardes tem tempo pra esse tipo de coisa?
A TV brasileira segue a tendência da boiada, do comodismo, ou deveria dizer modismo, onde todos seguem a ideia de um só, reciclando ideias para agradar o telespectador médio que segue preceitos de outros. Seja em gosto por séries americanas ou formatos importados lá de fora. Originalidade manda lembranças.
Há muito bafafá e gente que boicota alguém sem assistir, baseado em suas convicções, sejam elas quais for. Mas será que todos pensam diferente e assistem (ou não) por opinião própria? Tire você mesmo suas dúvidas: o que vocês acham de Lais (Luisa Arraes) de Babilônia?
Ela é uma chata ou alguém que foi criada de certo modo e que isso irrita a maioria?
O 'mimimi', o boicote a aquilo que julgam ser errado é uma forma de atrapalhar o desenvolvimento da TV, da nossa dramaturgia. Nem tudo queremos ver, eu concordo, mas será que fazemos por que achamos ruim, ou porque somos influenciáveis? A TV, também não nos influencia? Nos dias de hoje quem influencia quem? Reflitam a respeito, pense em seu gosto particular e descobrirão o que querem ver, mas sempre em respostas sérias não na corrente da manada. A TV quer você, mas sem 'mimimi'...