A deficiência da TV brasileira em nos apresentar algo realmente divertido e a tentativa de fazer rir, mesmo quando não tem graça.
Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]
Vamos falar a verdade? Os programas humorísticos de hoje em dia estão uma m@#$%! Claro que você pode discordar de mim e falar que ri muito com o Zorra Total, mas eu te pergunto, esse riso dura quanto tempo? Há muito tempo vejo várias pessoas incomodadas com o humor na TV aberta, talvez esteja ai um dos motivos do sucesso da internet “Porta dos Fundos” (não estou dizendo que seja o único motivo).
O problema não é a diferença nos vários tipos de humor, mas como nos apresentam. Estou deixando claro que nessa categoria não estão inclusas programas como “Pé na Cova”, “A Grande Família” ou “Tapas e Beijos” que antes de qualquer coisa são séries, mas do tradicional programa de humor repleto de esquetes e de personagens carismáticos que riem de si próprio. Talvez você não se lembre de nenhum programa assim, mas para refrescar a memória, vamos falar de “Os Trapalhões”, programa dominical onde quatro amigos viviam os mais variados papéis, sempre rindo da essência, do ser humano.
Didi, Dedé, Zacarias e Mussum (que, diga-se de passagem, era meu favorito) apresentavam semanalmente histórias engraçadas em situações inusitadas do dia a dia, isso em uma época onde a censura dominava e até palavras, que hoje seria consideradas como forma de preconceito (Mussum viva falando que era discriminado por ser “preto” e típico malandro) seria um péssimo exemplo para uma sociedade que se diz tão libertaria, mas que não aceita nada que não seja politicamente correto.
Capazes de fazer rir, soltar uma gargalhada frouxa que sai após várias piadas simples, porem reais era a chave do sucesso de “Os Trapalhões”, mas qual é o sucesso atual dos programas de humor? Próximo ao fim de semana, nos deparamos com o mais que tradicional “A Praça é Nossa” no SBT e com “Zorra Total” na Rede Globo, mas porque esses programas continuam no ar?
A primeira resposta e mais evidente é que trazem algum retorno financeiro, mas tenho minhas duvidas se quem assiste realmente se diverte. O humor infantil, que já fez sucesso em outra época, onde tudo deveria ser pueril e nada que passasse de um pastelão, realmente não convence no dia de hoje e a prova viva disso é a internet e seus vídeos, vide o canal “Porta dos Fundos”.
“Zorra Total” e “A Praça é Nossa” voltam e meia voltam a chamar a atenção do público ao apresentar um personagem que acaba dominando a ação do programa. Foi assim com Valéria (Rodrigo Sant’Anna) e Janete (Talitha Carauta), Lady Kate (Katiusca Canoro) e anteriormente com Jeca Gay (Moacyr Franco) no SBT. O público acaba sendo conquistado pelo personagem,mas que logo se desgasta por serem usados exaustivamente, fora disso, os programas apresentam quadros repetidos.
Exemplo, bonitona que chama atenção de um homem: Morena e Angolano, ou vice-versa, Zé Bonitinho e suas mulheres, mas o humor é o mesmo, com frases feitas e caricaturas mal desenvolvidas de uma sociedade rasa, que não sabe tirar graça de si próprio.
O público acaba comprando à idéia de ver “esse” ou “aquele” personagem, quando isso não acontece, a audiência cai, começam as reformulações e é em outras mídias, como exemplo o teatro, que vão buscar a renovação no elenco. Mas como transformar algo engraçado do teatro em algo engessado na TV?
Isso é um mistério. Em terra que clichê e humor politicamente correto dominam, isso é quase impossível. O humor não convencional da internet ganha espaço e faz rir. Será que trazer o que faz rir na internet para a TV é a solução?
Creio que não, rir de si mesmo é a solução. Chaves, eternamente no SBT está ai para comprovar, que em terra de humor sincero, todos se divertem.
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