Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
O Esporte no Brasil não vive sem o apoio da televisão, isto é fato. Você poder ter ampla cobertura do seu time na internet, no rádio, na mídia impressa...mas de nada vale se não houver um espaço naquele programa de esportes na hora do almoço ou se o seu evento não for transmitido para todo o país. A diferença na repercussão é gigantesca.
Mas o grande problema é que o Esporte também não vive sem seus patrocinadores, e é ai que se começa uma grande discussão: empresas de comunicação e anunciantes esportivos costumam travar um duelo em relação a exibição de marcas, gerando algumas situações inusitadas.
Primeiramente podemos citar o caso das coletivas de imprensa dos times de futebol. Há alguns anos, os departamentos de Marketing dos clubes começaram a colocar banners dos patrocinadores atrás dos entrevistados durante suas conversas com a imprensa. A televisão logo viu nisso uma exposição gratuita destas empresas, e começou a exibir as entrevistas em planos extremamente fechados, em que você não enxerga nem a testa nem o queixo de quem fala. Algo bizarro.
Atualmente a Globo adotou outro padrão, porém não menos bizarro. Ao invés de hiper closes, deixam a câmera num plano absurdamente aberto, em que você mal consegue identificar o entrevistado e acaba por ver toda a sala de imprensa do clube, até mesmo os demais jornalistas presentes no local. Dá pra se sentir naqueles shows para 50 mil pessoas, em que você vê o cantor do tamanho de uma formiga, com a diferença de que a televisão está a alguns metros do seu olho.
Outro exemplo vem do vôlei . É comum que os times tenham seus nomes atrelados a empresas que patrocinam a equipe, como “Finasa Osasco” ou “Rexona Rio de Janeiro”. Mas para a TV Globo, maior emissora de televisão do país, os times são chamados apenas pelos nomes das cidades nas quais estão hospedadas, não dando nenhum crédito a corporação que banca o clube.
Esta é uma reclamação antiga dos dirigentes do vôlei brasileiro em relação à Plim Plim, pois essa atitude acaba por desencorajar novos parceiros a investir na modalidade, afinal suas marcas não serão valorizadas no principal meio de comunicação do país.
Em contrapartida, a Globo leva em consideração que não é obrigada a fazer publicidade de graça para estas empresas. Mas ai está um grande erro de pensamento.
Se o esporte depende dos anunciantes e da televisão para sobreviver, ambos acabam também dependendo entre si. A frase é confusa mas a explicação é simples: se você não tem as maiores estrelas no seu campeonato, mesmo com a transmissão pela tevê, o evento será esvaziado e irá atrair menos telespectadores. Entretanto os clubes só conseguem atrair grandes atletas, com o apoio de empresas.
E ao mesmo tempo, de nada adianta um torneio recheado de grandes nomes, se a televisão não estiver presente para repercuti-lo, pois neste caso o patrocinador terá uma exposição muito menor e consequentemente atingirá um número limitado de consumidores.
É necessária a compreensão de que todos os lados envolvidos neste tema precisam trabalhar juntos, como em qualquer time de qualquer esporte. “A União faz a força”, já diria o ditado, porém é melhor parar por aqui senão já vira publicidade gratuita para aquela marca de açúcar famosa...