Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
A queda de audiência da TV Globo atinge em cheio os programas humorísticos. O único que consegue manter seus índices em alta e merece algum elogio (por menor que seja e por mais absurdo que possa parecer) é o “Zorra Total”.
O programa está longe de ser perfeito e nos passa a impressão de humor retrógrado, velho. Mas ultimamente buscou trazer novos quadros, sempre associados a temas atuais, e investiu na integração de personagens, o que lhe garante uma audiência estável e um comentário piedoso desta coluna.
Agora falemos dos demais. Após o falecimento de Bussunda, o “Casseta&Planeta” parece ter perdido o seu caminho. Deixaram de investir nas críticas sociais e do cotidiano para priorizar um humor imbecil, de fácil apelo popular e pouca inteligência. Resultado? A audiência virou mais um produto das Organizações Tabajara.
Já o “Toma lá, Dá cá” tem um elenco maravilhoso e extremamente entrosado, mas sofre do mesmo mal que um dia já destruiu a trupe de Caco Antibes no extinto e saudoso “Sai de Baixo”: a falta de boas histórias. O riso é causado mais pelo esforço pessoal dos atores do que por um enredo bem construído.
“A Grande Família” ainda mantém bons índices no IBOPE, mas longe de ser o sucesso incontestável de antes. O sitcom, apesar de bem amarrado e escrito, sofre com a queda da audiência no horário nobre da TV Globo e com o desgaste natural de anos no ar.
Agora o que causa mais espanto são as novidades no humor desta temporada na Plim Plim. O canal está acostumado a sempre experimentar seus novos humorísticos nos finais de ano com um programa piloto para sentir a reação do telespectador. Ainda realiza milhares de testes com público alvo, sem contar a intensa burocracia para se conseguir emplacar um projeto na programação. Logo esperava-se que com um processo tão complexo, apenas o melhor conteúdo é que chegaria a telinha, certo?
Errado.
Ao assistir por alguns segundos “Casos e Acasos”, “Guerra e Paz” e “Faça sua História” ficamos com a impressão de que alguém não soube o que estava fazendo ao deixar estes programas entrarem na grade. São muito fracos. Elencos que não combinam, histórias absurdamente sem sentidos e sem graça. O verdadeiro mico do ano, que se tornou uma das grandes dores de cabeça da emissora carioca. Afinal, como rifar estes programas de uma só vez? Ou pior, como explicar que projetos tão ruins emplacaram na emissora que tanto preza pelo seu padrão de qualidade?
Perguntas aparentemente sem respostas.
A única certeza é de que o grande problema dos programas humorísticos na televisão brasileiro chama-se roteiro. Elenco nós temos, qualidade técnica e público fiel também. Agora as piadas e histórias contadas só conseguem nos causar um sorriso forçado, daqueles em que mal aparecem os dentes.
Queda esperada
O “Hoje em Dia”, da TV Record, começa a enfrentar os primeiros sinais do já esperado desgaste causado pela overdose de exposição dos seus apresentadores e quadros.
Em Julho, a desculpa da queda dos números eram as férias escolares e a preferência da criançada pelos desenhos do SBT. Agora são as transmissões dos Jogos Olímpicos que invadem as manhãs da Globo e da Band, e causam uma atenção especial do telespectador. Mas e depois?