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Ponto Final? O que virá a seguir?

Autores apostam em tramas repetitivas para fisgar o telespectador, mas no fim todos perdem.

Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]

Nessa semana em que Boogie Oogie chega a seu fim e na próxima, onde Império dá adeus, a sensação de que temos é que mais uma novela se finda e em nada elas nos desperta atenção. Se a trama das 6 começou empolgante e nos três últimos meses enrolou todo mundo com o segredo de Carlota (Giulia Gam), o que dizer de Império que fugiu de seu propósito inicial, transformando a vilã Maria Marta (Lilia Cabral) em uma mulher vingativa, porém apaixonada pelo Comendador. Para não dizer de Cora (Drica Moraes/ Marjorie Estiano), que começou a trama ameaçando colocar a onça para beber água, mas que em seguida se transformou em uma peidorreira (pobre Drica Moraes fazendo esse tipo de cena) e depois rejuvenescida (com a volta de Marjorie, que tentou defender o papel como pode) e louca para transar com o Comendador. Enfim, a solução foi criar um vilão misterioso e isso até que segurou a trama. Esperem os mais aficcionados apresentar os erros e provar que é inverossímil que José Pedro seja Fabrício Melgaço.

Entre tramas que tem tudo para se tornar um sucesso, o que vemos são novelas interessantes se perderem em nome do que os autores julgam ser o politicamente correto ou em nome do que vende. O que vende no momento é o suspense, tái o tal Fabrício Melgaço, a mãe de Laura (Nathália Dill) e o segredo da Carlota para provar. A questão seria ousar, tentar reinventar o gênero, mas o que dizer do público que rejeita tramas como Além do Horizonte e Geração Brasil? Elas eram além de seu tempo ou chatas mesmo? Vocês é que irão julgar.

Seguindo o modelo do que vende, as tramas perderam a chance de se atualizar. Não que novas propostas não tenham surgido, mas o público está pronto para ver algo novo? A trama de Império parece uma releitura de Suave Veneno, do mesmo autor, mas porque não investir em algo novo?

Simples, o telespectador não quer. Ele gosta do velho e batido clichê. Quantas personagens iguais a Cristina (Leandra Leal) em busca do seu pai/parente, surgiram nos últimos anos? E no quesito periguete, quantas ganharam mais destaque a partir de Suelen de Avenida Brasil?  Quando algo surpreende e se torna hit, automaticamente vem a baila em outras tramas. Até quando não é, como foi o caso de Juliana (Vanessa Gerbelli) de Em Família ganhará um revival em Sete Vidas, onde a patroa fará de tudo para ficar com o filho da empregada. Nem lembrança vai dar pra sentir e comparações serão evidentes.

É evidente torcer mais para um péssimo folhetim bem tradicional, do que para uma ousadia, uma novela com um tema diferente. Na verdade o telespectador sempre busca algo velho, mas com uma nova dinâmica, com nova roupagem. Esse é o motivo da boa repercussão de Boogie Oogie, apesar de uma audiência igual a tramas anteriores. O mesmo deve ser dito a Império, que não deve ser vangloriado ao extremo por causa de dois pontos a mais no ibope do que Em Família. Números não importa, o que importa é o que você quer ver. Ousadia leva tempo e nem todos entendem.

Segundo a moda, a hora é de focar em tramas com homossexuais. É legal falar a respeito do preconceito, dos direitos, dos crimes e tudo mais, mas nunca levantem um tema se não forem discutir com respeito e seriedade. O que não aconteceu, diga-se de passagem, com os personagens gays de império, que ficaram boa parte da trama presos no armário gritando por socorro.

O publico não exige nada novo, só quer que você pergunte a ele o que quer ver. Afirmar que a audiência cai por causa da internet, de séries internacionais e de outras coisas é um absurdo. Cada um deve fazer sua parte, sem subestimar um ao outro. E com isso, quem ganha somos nós telespectadores.

Gostaria de utilizar esse espaço para agradecer a todos que me acompanharam enquanto escrevi essa coluna. Agradeço a cada comentário, critica, sugestão, que me ajudaram a ver a TV com outros olhos. Um abraço a quem agradei e dois a quem não curte o meu trabalho. Um abraço sincero e até mais.


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