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Os motivos de uma queda

Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]

Muitos reclamam que as novelas globais perderam qualidade. Muitos dizem que a Globo não é mais a mesma de antes, que o nível técnico e de criatividade caíram, e que estes seriam os maiores motivos pelos índices de audiência terem desabado.

Entretanto esta teoria é totalmente precipitada se fizermos uma análise um pouco mais aprofundada do que acontece no nosso meio televisivo atual.

Primeiramente que as criticadas “Negócio da China”, “Três Irmãs” e “A Favorita” não são folhetins ruins. Podem não ser tramas geniais, dignas de ficarem guardadas na memória por décadas, mas também estão longe de serem um fiasco total. Elas apresentam elementos fundamentais e de reconhecido agrado ao gosto do brasileiro.

Nos demais segmentos da emissora, pouca coisa se alterou. O jornalismo continua com a mesma fórmula, idem para os programas de entretenimento. Ou seja, nada mudou na Plim Plim.

E é neste ponto que começamos a identificar os motivos da queda global. Nos últimos 40 anos, a emissora mantém o mesmo formato de programação e programas. Televisão é hábito, mas quando se torna algo burocrático, o telespectador tende a desligar o aparelho ou mudar de canal.

A Globo se acomodou numa liderança tranqüila e numa forma de fazer televisão que parecia ser a fórmula eterna do sucesso. E realmente foi por muitas décadas.

Outro dificuldade global em se manter no topo deve-se ao fim do monopólio. Por mais questionável que seja o nível da programação da TV Record ou das insanidades de Silvio Santos, a concorrência existe, chegou para ficar e complicou os diretores globais, acostumados a não ter que tomar grandes (e ousadas) decisões.

Foi assim que um SBT, de programação muito menos engessada, explodiu com fenômenos como “Casa dos Artistas” e “Programa do Ratinho”. Importante ressaltar que, neste caso, não houve competência para transformar estes programas em verdadeiros alavancadores de audiência dos demais horários do canal.

No caso da Record, a idéia de se montar uma estrutura idêntica a global nos trouxe duas constatações: primeiro que o formato global realmente é forte; e segundo que duas emissoras “iguais”, apenas fazem a mais antiga (no caso a Globo) parecer ainda mais obsoleta.

A concorrência também causa um problema particular nas novelas da Plim Plim: o desgaste. Antes o telespectador tinha poucas opções de folhetins fora da Globo. Era uma novela mexicana de Silvio Santos e olhe lá.

Já nos dias de hoje...Band, Record e SBT possuem, juntas, mais de seis outras opções de tramas para quem assiste televisão. O excesso de exposição das novelas também gera um desinteresse natural.

E se não bastasse todos estes motivos, podemos somar outro agravante, que é a fuga de pessoas da televisão para outras mídias, como a internet. Para que assistir o que “mandam”, se eu posso ver na web o que eu quero, como eu quero e quando eu quero?

Enfim, os motivos da queda de audiência da Globo são diversos e estão transformando o modo como se faz televisão em nosso país, mas é inegável reconhecer que em meio a todas estas dificuldades, a emissora carioca continua líder absoluta. Se no futuro será assim, ai já é outra história...

Nojento

Esta é a palavra que define o nível de cobertura da televisão brasileira no caso da menina Eloá. Mais uma vez transformou-se um caso de violência bruta em show, circo.

E o pior de tudo foi perceber que o telespectador gosta desse tipo de diversão e faz com que os números do Ibope decolem durante estas transmissões sensacionalistas. Péssimo exemplo de jornalismo. Vergonhoso.


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