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Os limites da estratégia

Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]

Muito tem se falado sobre o boicote da TV Globo em relação à transmissão dos Jogos Olímpicos de Inverno em Vancouver; e muito tem se elogiado a ousadia da Record em apostar todas as suas fichas na Olimpíada.

É fato de que a Plim Plim boicota totalmente os eventos no qual não possui direitos de transmissão. Foi assim por anos com as Ligas Europeias de futebol, foi assim com o longínquo Mundial de Clubes em 2000, vencido pelo Corinthians, que rendeu a Band mais de 50 pontos de audiência contra o Jornal Nacional, e tem sido assim por muito tempo.

Entretanto, a Record faz exatamente a mesma coisa com todos os eventos que não tem direito de exibir, ou será que nos últimos Jogos de Inverno, em 2002, a cobertura foi ampla e de destaque por todos os seus telejornais e programas?

Não sejamos hipócritas. Erram todos aqueles que colocam assuntos comerciais acima do direito a informação que todos nós temos.

A Globo afirmou, em nota, achar “irrelevante” a cobertura das Olimpíadas de Inverno, mas ao mesmo tempo, a Sportv – que é do seu grupo, tem uma estrutura toda montada no Canadá para cobrir os Jogos, sem contar a morte de um atleta durante as competições em Vancouver ter sido notícia no mundo todo, menos na emissora carioca. Como explicar?

Agora lembre-se de outros fatos, como por exemplo, quando a Record chamou o jornalista Daniel Castro, então na Folha de São Paulo, de todos os nomes feios e imagináveis que existem em nosso dicionário; e meses depois o contratou para integrar seu quadro de funcionários com a pompa de ser um dos “mais respeitados jornalistas do país”.

Ou seja, também falta coerência em quem critica, o que não diminui o absurdo global de ignorar a existência do evento.

Também é necessário ter cautela ao afirmar que a Record faz uma ousadia gigantesca ao exibir os Jogos em televisão aberta. Temos que levar em consideração que a transmissão foi obrigada, por contrato, quando o canal comprou os Jogos Olímpicos de Verão 2012, em Londres. Portanto, não foi uma escolha, mas sim uma imposição contratual.

Obviamente que não era imposta uma cobertura tão abrangente e pomposa, e ai fica a constatação de dois fatos:

1) A Record transmite com exclusividade, daqui a 2 anos, a Olimpíada de Londres, que só perde em importância para a Copa do Mundo. Portanto é preciso experiência em grandes eventos esportivos, e nada melhor do que ganhar esta experiência fazendo uma grande cobertura em algo sem importância para o brasileiro, como os Jogos de Inverno.

2) Ninguém, em sã consciência, achava que estes Jogos iriam dar audiência, nem mesmo os próprios bispos, que pretendiam colocar o evento escondido nas tardes fracassadas e nas madrugadas. O Ibope surpreendentemente subiu, e as horas de exibição dobraram.
O brasileiro demonstrou gostar dos Jogos de Inverno, e não porque acha o curling e o biatlo esportes divertidos e emocionantes; mas sim porque são atrações diferentes, que fogem da mesmice.

E mais: estratégia de programação não é sinônimo de fazer o que se quer com este veículo tão poderoso chamado televisão. Fica o recado.

Começou bem

É elogiável a qualidade das vinhetas de divulgação de “A História de Ester” e “Legendários”, na Record. Bem produzidas e despertando a atenção do telespectador. Algo de extremo bom gosto.


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