Qual a imagem do Brasil que a nossa televisão vai passar para os estrangeiros?
Por: Victor Rezende - Email: [email protected]
A nossa televisão vai fazer bonito? Muito pouco provável. De estrangeiros, a maioria será de americanos. E, olhe só, nossos telejornais são inspirações norte-americanas, principalmente o jornal “quadrado” e engessado. Além disso, vários de nossos programas têm inspirações claras no exterior e muitos são formatos comprados do exterior. A nova grade da Record, por exemplo, comprou diversos formatos a fim de tentar emplacar alguma coisa, como o Programa da Sabrina ou de fazer a audiência de Rodrigo Faro ressuscitar de alguma maneira.
Globo e Band, claro, farão uma cobertura intensiva da Copa, mas o que os outros canais estarão transmitindo? Se a TV é, de fato, o espelho de um país, o Brasil está completamente perdido. Fico imaginando qualquer americano acostumado a um Good Morning America ou a programas como os de Oprah Winfrey e Ellen DeGeneres chegando ao Brasil e se deparando com as bizarrices encontradas nas emissoras brasileiras.
Shows de reprises mexicanas; homens gritando em pé e mostrando cenas grotescas e bizarras na TV sem nenhum bom senso; produtos internacionais sendo exibidos em pleno horário nobre; futilidades e inutilidades que apelam, a toda hora, para a exposição do corpo humano e para a violência. Essas são características que definem a TV brasileira com algumas exceções, claro. E o que faremos? Absolutamente nada.
Olharemos, com um sorriso amarelo, para os estrangeiros e continuaremos vendo produtos estrangeiros adentro nos lares brasileiros, via TV paga e internet, devido à falta de qualidade que se espalha pelos produtos televisivos brasileiros. Chega a ser engraçado o fato de rir de um programa como o Tá no Ar: a TV na TV, mas, ao mesmo tempo, bate tristeza: um programa, muito bem produzido e roteirizado, pega características ruins da TV brasileira e faz críticas com elas. Muitos entendem, mas poucos compreendem.
PS: Sim. O Brasil produz, obviamente, muitos produtos de qualidade na TV, contudo passam quase despercebidos do grande público, que prefere se afugentar para outras produções apenas por estarem acostumados ao seu modo de linguagem. Perde-se a ousadia e tudo passa a ser mecânico.