Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
Em 2000, Jô Soares re-estreava na TV Globo e durante o programa inaugural, combinou uma brincadeira com a produção que funcionaria da seguinte forma: no exato momento em que o apresentador falasse sobre o padrão global de se fazer televisão, um refletor de iluminação cairia do teto.
Na época, uma simples ironia. Nos dias de hoje, algo bem mais próximo da realidade. O tal “padrão Globo de qualidade” já não é mais o mesmo faz tempo. Agora isto está longe de significar o fim da liderança do canal na televisão aberta.
Nos últimos anos, a melhora da economia brasileira, que leva o consumidor a abandonar a mídia “gratuita” da tevê e migrar para outras formas de entretenimento; e o “boom” do acesso a internet, fizeram com que o número de televisores ligados ao longo do dia, o popular “share”, despencasse. E mais, os índices alcançados pela Globo também seguem a mesma tendência de declínio.
Agora estes fatos não representam a queda da Plim Plim perante as demais redes. É só analisarmos friamente os números auferidos pelo Ibope. Enquanto a emissora carioca supera os 40 pontos de audiência no horário nobre, a Record ainda engatinha para alcançar 20 e o SBT luta para chegar aos 10.
Ou seja, em alguns momentos da semana, os índices de SBT e Record somados não atingem o da Globo. Portanto o que existe é uma maior concorrência, que leva a uma disputa mais acirrada, agora isto ainda não significa uma real mudança no gosto do telespectador.
Aliás, o fato de a programação global manter a mesma base há 40 anos é um forte indicativo de que esta consolidação da grade ajuda a garantir o sucesso. O mais interessante é que, apesar deste fato inegável, a concorrência continua fechando os olhos para este detalhe e agindo de forma contrária. É só reparar nas constantes mudanças na exibição dos programas do SBT, BAND e Record.
Ora, se televisão é habito, como seguir seu programa preferido, se este muda de horário toda semana? Isso quando não sai do ar sem explicação. Ou pior, como acompanhar uma nova novela, se a tática da emissora for mantê-la em segredo até poucas horas antes de ir ao ar pela primeira vez, como o SBT fez com a reprise de “Dona Beija”? Ou como se programar para assistir ao reality show “A Fazenda” , se a Record não divulga o dia oficial da estreia antecipadamente?
Dúvidas que honestamente não vejo respostas.
A única certeza que fica é a de que a Rede Globo de Televisão continua líder incontestável. E isso se deve muito mais pela incompetência alheia do que por qualquer outro motivo...