O Planeta TV

Jiló de Lata: os Piores de 2014 – Segunda Edição

Segunda edição do prêmio que aponta os piores do ano na TV mostra que no ano de 2014 as produções foram melhores que em 2013.

Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]

Nada de Faustão com o seu Melhores do Ano (que segundo a boca pequena foi uma marmelada, já que a preferida para ganhar o prêmio de melhor atriz era a Lilia Cabral e não a Cláudia Abreu), muito menos com os prêmios da revista Contigo e do jornal Extra, aqui o prêmio é dado a aqueles que fazem o pior da TV brasileira.

O prêmio é uma forma de apontar o que anda errado na programação das emissoras e os ganhadores devem sentir o gosto amargo do jiló, que equivalem a nossa decepção por termos  que ver algo tão abaixo do esperado. Aos vencedores, reflitam e encarem como um incentivo, para que melhorem e façam um trabalho admirável da próxima vez que estiverem na telinha. Mas chega de enrolação e vamos aos indicados desse ano de 2014.

Pior Novela: Em Família, Geração Brasil e Vitória

PORQUE FOI INDICADO

Em Família, por ser a última novela de Manoel Carlos poderia ser um pouco melhor do que Viver a Vida, novela anterior do autor, que foi uma b*&¨sta também. O ritmo lento (agora põe lento nisso, até as fotos que caíam da abertura da novela era mais rápido que a trama) afugentou o público, que foi navegar na net. A história de Luiza (Bruna Marquezine) e seu amor por Laerte (Gabriel Braga Nunes), o primo e grande amor do passado de sua mãe, que por sinal quase tinha matado seu pai não conquistou o telespectador. Nem apelando para Helena (Julia Lemmertz) de roupa íntima chamou a atenção do público. Com um roteiro sem sal, uma direção morosa e um elenco que não parecia ter a idade de seus personagens (botar Natália do Valle para ser mãe de Julia Lemmertz foi uma sacanagem, já que elas devem ter uns 12 anos de diferença), Em Família encerrou a saga das Helenas com uma pá de cal.

Geração Brasil tinha a premissa de ser um sucesso, já que seus autores haviam escrito Cheias de Charme em 2012, (viu, não fiquem esperando que só porque o cara escreveu um sucesso  queele escreverá outro) último grande sucesso das 19h, mas a trama estreou quase na Copa e foi criado um reality show, onde todo mundo já sabia quem ia ganhar (igual ao BBB e o The Voice). A trama repleta de efeitos especiais não andou, o público só ficou sabendo nos últimos meses que Jonas (Murilo Benicio) era o mocinho e Herval (Ricardo Tozzi) o vilão, mas nisso foram quase 4 meses de lenga lenga. Para piorar, a trama repleta do universo tecnológico esqueceu o principal de um folhetim das 19h: romance e humor. Conclusão, a trama parece que não tinha nada para acontecer, ficou arrastada, chata e a vontade foi de que os jogos da Copa voltassem para o horário da trama.

Vitória tinha tudo para conquistar o público, que já tava cansada da história sonolenta de Em Família. Com temas como neonazistas e mal de Alzheimer a trama tinha temas polêmicos que poderiam levar a emissora da Barra Funda a conquistar o público, mas não. A trama de Cristianne Fridman virou uma novela mexicana digna da criadora de Maria do Bairro. Utilizando o velho e bom clichê de que a mocinha tem que se ferrar a trama toda, Vitória não anda e enrola assim como todas as novelas da Record por longos meses. Além disso, parece que a emissora investiu todos os recursos em Pecado Mortal, novela anterior e esqueceu-se da atual. Sem divulgação, com cenários e figurinos ruins, não tem como a novela cativar o telespectador.

VENCEDOR: Em Família

Justificativa: Quer coisa pior do que ligar a TV e esperar uma história que não acontece. Se você assistisse Em Família na terça, no sábado estaria sendo exibida a continuação da cena. Com um roteiro fraco (fraco, quase morto), a novela das nove tinha inúmeros defeitos, mas nada supera a falta de emoção, criatividade, a direção morosa e um elenco bom, mas jogado a figurante de luxo. Em tempos ágeis, ficar decidindo se vai comprar chicória ou almeirão na feira não conquista ninguém.

Pior Ator: Gabriel Braga Nunes (por Laerte de Em Família), Lázaro Ramos (por Brian Benson de Geração Brasil) e Thiago Rodrigues (por Willian de Além do Horizonte).

Gabriel Braga Nunes demorou para entender a essência de seu personagem Laerte em Em Família. O personagem fez a mesma cara em todas as cenas, mesmo o personagem sendo denso e exigindo do ator. Em cenas românticas, tristes e alegres a cara do ator era a mesma. Nos bastidores surgiram boatos de que ele tratava os colegas grosseiramente e sempre estava atrasado. Verdade ou mentira, nada justifica a mesma expressão em todas as cenas.

Lázaro Ramos apesar de não ser o protagonista tinha muitas cenas em Geração Brasil. O guru Brian Benson regredia e voltava a ser um menino nas mais diversas situações e o ator parecia estar pouco a vontade com isso. Com um texto ruim, que queriam fazer do personagem um revival de Foguinho (Cobras e Lagartos), outro sucesso de Lázaro, o ator não ficou a vontade e criou o personagem de maneira maniqueísta, o tornando chato (na verdade muito chato).

Thiago Rodrigues tem o mesmo problema em todas as novelas. Fazer o mesmo personagem, indiferente do autor que a escreva. Sem expressão, sem carisma e acreditando que ainda está na Malhação 2005, o ator não se esforça em apresentar uma atuação digna. Apesar de ter uma temática jovem, Além de Horizonte exigia do ator um comprometimento maior, já que era protagonista, mas o ator continuou fazendo o Bernardo de Malhação.

VENCEDOR: Thiago Rodrigues

Justificativa: Protagonista de novela das 19h em uma trama com premissa inovadora e você faz mais do mesmo (até a barba é a mesma de seu personagem anterior, o Zenon de Guerra dos Sexos). Thiago Rodrigues ganhou o prêmio com louvor!

Menção Honrosa: Vinicius Tárdio por seu personagem Rafa de Além do Horizonte, que era um dos protagonistas, mas que por não corresponder as expectativas foi desaparecendo da trama.

Pior Atriz: Bruna Linzmeyer (por Juliana de Meu Pedacinho de Chão), Nathália Dill (por Laura de Alto Astral) e Thais Melchior (por Diana de Vitória).

Bruna Linzmeyer ganhou o papel de protagonista após fazer um trabalho sensível como a autista Linda de Amor à Vida, mas não conseguiu conquistar o público. A atriz esteve pouco a vontade com sua professora Juliana de Meu Pedacinho de Chão, uma moça que ia para o interior para educar alunos. Sem carisma e ainda imatura para manter o posto de protagonista, Paula Barbosa (Gina) e Juliana Paes (Catarina) roubaram a cena.

Nathália Dill vem de inúmeros papeis consecutivos na TV, a maioria deles parecidos e atriz aparenta estar cansada para fazer algo diferente. Tanto é que Laura de Alto Astral, tem muito de Sílvia de Jóia Rara. A atriz não consegue cativar o público e a vilã Samantha de Cláudia Raia é muito interessante. Sua mocinha não convence ninguém e a atriz parece não estar disposta a fazer com que o público torça por ela.

Thais Melchior é o caso comprovado de que fazer Malhação e Saramandaia não permite que você se torne protagonista de novela. A atriz não corresponde a expectativas como protagonista de Vitória e faz sempre a mesma cara. Sem carga dramática, Thais deixa Diana, mas chata do que já é e tem desempenho aquém do esperado. Assim fica difícil assistir.

VENCEDOR: Thais Melchior

Justificativa: Uma mocinha sofredora para quem ninguém torce. Foi isso que Thais Melchior fez com Diana em uma trama que tem como mote central o suposto incesto. Sua falta de expressão compromete um personagem central tão importante e por isso o prêmio de pior atriz é todo seu.

Pior Ator/Atriz Coadjuvante: Ailton Graça (por Xana de Império), Ana Terra Blanco (Luene de Geração Brasil) e Klébber Toledo (por Leonardo de Império).

Ailton Graça disse em várias entrevistas que sua personagem Xana era uma homenagem a Vera Verão, mas o ator parece uma cópia mal feita do personagem e um plágio de Lafayette de True Blood (até o figurino é igual ao da série americana). Caricato, o ator transformou o personagem que poderia ser grande em algo totalmente chato. A voz empostada e os trejeitos não convencem ninguém, o que torna o personagem mais irritante.

Ana Terra Blanco tinha tudo para cativar o público com sua periguete Luene, já que elas estão em alta na TV, mas a atriz transformou sua personagem em algo forçada. A atriz deixou sua personagem com um ar arrogante e o público começou a torcer por Megan (Isabelle Drumond) a patricinha que roubou a cena. Inexperiente e sem carisma, a personagem se tornou absolutamente chata, boa parte em razão da atriz, por que seu texto até que era razoável.

Klébber Toledo ganhou um papel importante, o Leonardo amante de Cláudio em Império. O personagem que é um aspirante a ator não achou o tom adequado para o personagem e com o passar do tempo foi se tornando totalmente sem importância. Para não ficar sem função na trama, o autor transformou o personagem em mendigo, indo do alto a baixo, mas Klébber continua do mesmo jeito, sem crescer com as mesmas feições marcadas pela caricatura.

VENCEDOR: Klébber Toledo

Justificativa: Pior que um personagem ruim é um ator que não corresponde às expectativas e por isso Klébber Toledo ganha o prêmio.  Sem expressão ou carisma o ator transformou seu personagem que era importante em algo sem função, não fazendo o personagem crescer.

Pior Roteiro: Em Família, Malhação Família e Zorra Total 2014.

Em Família tinha tudo para dar certo, se apoiando em dramas familiares, mas a novela não aconteceu. Juliana (Vanessa Gerbelli) querendo a todo custo a filha da empregada chegando inclusive a casar com o pai malandro da menina soou forçado quando teria sido mais fácil adotar. O núcleo de idosos sem função, o galpão cultural sem nada, a maldita flauta que só tocava a mesma música, a vilã Shirley (Vivianne Pasmanter) que não fez uma maldade concreta durante a trama e a falta de ganchos faz Em Família um péssimo roteiro, que nem a clichês recorreu para manter o interesse do público. Sem falar que criou o mistério se Juliana matou Gorete (Carol Macedo) e nem resolveu no final.

Malhação Família tinha a proposta de apresentar os dilemas de pais separados e a concepção de uma nova família, mas tudo era chato e forçado, além de troca de casais entre irmãos. A trama não andou e no meio da novela apareceu um vilão, o Antônio (Gabriel Leone). Sem nada inovador, ou até mesmo repetitivo, Malhação Família parecia um monte de idéias que não eram executadas a fundo. No final das contas, a série teen parecia mais um tapa buraco na emissora.

Zorra Total 2014 extrapolou na criação de personagens chatos. Com piadas batidas, daquelas de revistas de piadas que se vendem em bancas de jornais em promoção, o humorístico da Globo tentou fazer graça com São Paulo ambientando todos os personagens em um ônibus, com tipos caricatos e sem graça. Personagens de anos anteriores como Valéria e Janete foram usados a exaustão, só não mudaram o repertório de piadas infames.

VENCEDOR: Zorra Total 2014

Justificativa: Apesar de fiascos em seus horários, Em Família e Malhação Família eram novelas que tinham o dever de entreter o público, já Zorra Total 2014 falhou no que tinha que fazer: nos fazer rir. Com textos chulos e vazios, o programa precisa reformular imediatamente seu time de roteiristas se quiser se manter na grade.

Pior Programa: Programa da Sabrina, Tá na Tela (com Luis Bacci), Você na TV (João Kleber na Rede TV!) /Teste de Fidelidade.

Programa da Sabrina foi apresentado com grande estardalhaço pela Record, que havia contratado a ex-integrante do Pânico a peso de ouro. Com seu jeito descolado e simples, Sabrina Sato estreou uma atração que apresenta um mix de outras produções da casa. Exibido aos sábados e sem originalidade, o programa é um mais do mesmo, ou seja não é nada de bom.

Tá na Tela comandado por Luis Bacci, o garoto de Ouro, foi para Band com grande estardalhaço e fez o que? Juntou as principais porcarias da TV em um só programa. O vespertino é um misto de A Tarde é Sua, Balanço Geral, Casos de Família, Programa da Tarde e programas de João Kleber. Conclusão: praticamente já ganhou esse prêmio.

Você na TV/Teste de Fidelidade, ambos apresentados por João Kleber possuem o segundo lema: não há regra para a baixaria. O primeiro exibe grandes “segredos” matinalmente, chocando o público, principalmente quando uma moça revela ao marido que se prostitui porque adora comer x-burguer. Já o dominical é praticamente um pornô soft com sedutoras mostrando os seios e testando alguém que se “ilude” por duas gostosonas.

VENCEDOR Tá Na Tela

Justificativa: Muita gente irá reclamar que os programas de João Kléber mereciam o prêmio, mas estamos cansado de ver eles ganharem todo ano e como é na Rede TV! I ninguém assiste mesmo. Por isso e por toda a porcaria que apresentou, o campeão de Pior Programa é o Tá na Tela. Já basta uma Sônia Abrão em busca de ibope através da tragédia alheia.

Menção Honrosa para Cidade Alerta e Domingo Show que apostam na tragédia alheia para se dar bem no ibope.

Nesse ano foi criada a Categoria Meus Olhos Estão Ardendo depois de Assistir isso, que premia os responsáveis pela pior gafe cometida no meio televisivo. Seguem os indicados:

Meus Olhos Estão Ardendo depois de Assistir a Isso: Debates eleitorais com presidenciáveis, Rachel Sherazade apoiando justiceiros e  Sílvio Santos zuando cabelo da atriz de Chiquititas no Teleton.

Debates Eleitorais foram marcados por presidenciáveis despreparados para cuidar do Brasil. Entre os destaques estão os candidatos Levy Fidelix e seu aparelho excretor, Eduardo Jorge que se transformou em meme e a candidata Luciana Genro com “vai apontar esse dedo para suas negas”. No final das contas, foi uma lavação de roupa suja melhor que as baixarias do BBB.

Rachel Sherazade apresentou sua opinião e deu a entender que era a favor de justiceiros. Por um telejornal ser imparcial a ancora foi afastado do jornalístico. Muitas pessoas a apoiaram, muitos a julgaram, mas o episódio teve mais burburinho do que o fato em si.

Silvio Santos apesar de ícone de nossa TV zombou dos cabelos de uma criança da novela Chiquititas. Sem pudores, o apresentador foi indiscreto inúmeras vezes no ano, mas nenhuma se mostrou tão agressiva ao comentar sobre o cabelo da criança.

VENCEDOR: Debates Eleitorais

Justificativa: Quer coisa pior do que perceber que aqueles que deviam saber conduzir o pais são os mais despreparados. Os debates mostraram a incapacidade de candidatos e até mesmo de emissoras em fazer algo tão grande e ao vivo. Por isso, os Debates Eleitorais ganham esse prêmio.

Menção Honrosa para Luciano Hulk e suas inúmeras gafes, principalmente nos programas ao vivo e para Datena só de cueca em seu programa Brasil Urgente.

E ai, o que acharam dos vencedores dos piores do ano?

Um abraço sincero aos meus colegas do portal O Planeta TV: Jefferson Cardoso, Victor Rezende e Sérgio Gustavo, que ajudaram na escolha dos vencedores do prêmio Jiló de Lata – Segunda Edição.

Até 2015.

Comentem, compartilhem, faça a lista de vocês!


Deixe o seu comentário