Globo completa 49 anos: há motivos para se comemorar?

A diferença entre faturamento, qualidade e audiência é a marca mais evidente da atual gestão da emissora.

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Neste dia 26 de abril de 2014, completam-se 49 anos da principal emissora de TV aberta do Brasil, a Rede Globo. A emissora tem vários feitos em sua história: é a única que alcançou 100 pontos de audiência no Ibope; é a maior emissora da América Latina e a segunda maior do mundo, perdendo apenas para a ABC, do grupo Disney. Mas, dado o cenário atual, há motivos para comemorar?

A emissora deve deixar a data passar em branco neste ano. Não há vinhetas especiais e nem programas dedicados à festividade. Para o público, a principal marca da Globo está em sua dramaturgia, que passa por uma crise incessante desde 2012, quando teve fim Avenida Brasil, novela de João Emanuel Carneiro que mudou os padrões das telenovelas brasileiras e passou a ser o produto mais exportado dentre todos.

A emissora que, agora, está sob a gestão de Carlos Henrique Schroder, jornalista, dedica-se não mais à audiência, mas à conquista do público por meio da qualidade. A Globo leva, então, ao ar produtos como Lado a Lado, Meu Pedacinho de Chão, Joia Rara, Tá no Ar: a TV na TV, Planeta Extremo, dentre outros, que primam, principalmente, pela qualidade estética e textual, investindo fortemente em formatos pouco explorados.

Recentes apostas da emissora acabaram fracassando devido a terem linguagem diferenciada e não muito utilizada comercialmente no Brasil. Além do Horizonte e Meu Pedacinho de Chão provam isso de maneira unânime: uma novela de ação e uma novela contada a partir de fábulas, onde o famoso "mastigado", presente no popularesco brasileiro, não tem vez. E o público estranha, rejeita e parte para outras mídias, onde encontra algo que lhe atraia com mais facilidade, sem desbravar o novo, o desconhecido.

Engana-se, contudo, aquele que pensa que a queda na audiência -- evidente -- atinge o faturamento. De 2012 para 2013, a Globo cresceu 9% no seu lucro líquido e, neste ano, com Copa do Mundo, há a previsão de que cresça mais: entre 6 e 8 por cento. A qualidade de seus produtos também aumentou: a ousadia daquela Globo que apostava apenas no básico surpreende; assim, é evidente que a emissora busca uma hegemonia ainda maior em premiações internacionais, por exemplo...

É também evidente o aumento no seu nível de produção. Se, anteriormente, os programas ficavam no ar de abril a dezembro obrigatoriamente fizesse chuva ou sol, hoje há uma maior flexibilidade da grade de programação para que haja mais produtos, principalmente no prime time. Chega-se aí a uma outra conclusão: a emissora nunca precisou tanto renovar seu cast. Se em tempos de Boni o descanso de imagem era obrigação, vê-se, agora, que a repetição é cada vez mais constante com atores emendando tramas e, às vezes, participando de duas ou mais atrações no mesmo período.

Em relação ao jornalismo, nota-se uma diferença de postura gritante do que se via há pelo menos dez anos: a Globo passa a ter um jornalismo mais popular, contudo sem perder a fatia das classes AB na audiência. As novas tecnologias estão invadindo o jornalismo global, assim como, aos poucos, e em doses homeopáticas, passam a alterar sua linha editorial.

A audiência, no entanto, passa a ser seu calcanhar-de-Aquiles na atualidade. Dentre todos os programas da Globo, alguns chegam, esporadicamente, a ficar no segundo lugar de audiência. Casos de Bom Dia Brasil, Mais Você, Sessão da Tarde, Jornal da Globo, Programa do Jô, Corujão, Ação, Altas Horas, Esporte Espetacular, Temperatura Máxima, Domingão do Faustão e SuperStar. Contudo, devido a diversos motivos, as principais preocupações da Globo direcionam-se a outras atrações: TV Globinho, Vídeo Show, Fantástico e Malhação, além das novelas.

Volto, então, à pergunta inicial: há motivos para que sejam comemorados esses 49 anos, além da história? Premiações e faturamento respondem que sim, mesmo que haja um descontentamento momentâneo da audiência. Contudo organização e planejamento marcam a Globo em tudo o que ela faça. Felizmente, para ela, as concorrentes não sabem o que é isso.

Comentários (7) Postar Comentário

Rodolfo S.
Rodolfo S. comentou:

Não estou gostando dessa nova fase da Tv Globo , a emissora quer se popularizar , mas acho que está perdendo o foco, as novelas estão sem graça, não há mais aquela criatividade que atrai, as aberturas estão toscas (Sessão da Tarde e Vale a Pena) , o novo logo está "menos Globo" lembra tv globinho com Apple , preferia aquela Globo de antes moderna, forte e com o padrão de qualidade que tanto priorizou.

Layon
Layon comentou:

Que bom que você se lembrou do "Corujão". Gosto desta sessão de filmes que merece atenção. Creio que Schroder quer buscar audiência a longo prazo, mas ainda prefiro a Rede Globo de antigamente do que essa daí no ar agora!

Josimar Ramiro
Josimar Ramiro comentou:

o q seria da televisão brasileira se não fosse a qualidade da globo, e as outras emissoras q busca tanto audiência, e passar programas de baixa qualidade.

Mary
Mary comentou:

Enquanto isso Record com 60 anos cresce mais que Globo. Mas acho que 100 pontos de audiência a nenhuma emissora no mundo alcançou inclusive a Globo. Isso é porquê na época não havia a tecnologia da internet, onde é impossível não saber em tempo real a audiência da TV, então eles manipulavam os dados. Globo a gente se desliga de você.

Luciano
Luciano comentou:

Lembra TV Globinho com Apple, kkkkkkkkkk.

carlos
carlos comentou:

Gente a todo poderoso globo deste 2002,não é ,mas a mesma já deu pra entende!!!!!!!!

Luiz
Luiz comentou:

A qualidade da globo é indiscutível ! Ser o primeiro é difícil só leva paulada dos contras !