Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
A ida de José Luiz Datena para a TV Record parece questão de tempo. Após a contratação do Comandante Hamilton e de sua equipe para o canal dos bispos, ficou ainda mais explícito que tudo tem sido preparado para o retorno de Datena.
Gostando ou não dos programas policiais popularescos dos finais de tarde, é inegável o talento de Datena para este tipo de jornalismo. Ele sabe o que dizer, como dizer e como se expressar e agradar a quem o assiste. Entretanto, essa supervalorização em seu passe, nos leva a um questionamento: será que deveríamos priorizar tanto esse tipo de conteúdo?
É imprescindível que a televisão retrate a realidade, mas esse estilo "Aqui Agora" de se trabalhar incomoda pela ausência de limites éticos e pelo excesso de sensacionalismo. Uma chuva forte vira uma enchente torrencial. Um foco de incêndio vira uma tragédia nacional. E as verdadeiras tragédias, se transformam em um circo.
Pior: como dizer que o telespectador não gosta disso? O "Brasil Urgente", da Band e do Datena, atinge facilmente dois pontos no Ibope e está constantemente na vice-liderança da audiência. E sempre que alguma emissora pensa em uma estratégia para alavancar seus números, os programas policiais parecem sempre ser a primeira opção.
Reconhecidamente esse é um gênero que não atrai patrocínio, mas atrai audiência, o que pode se tornar uma grande estratégia de programação. Se o telespectador está ligado no seu canal às 18 horas, a chance dele prosseguir - sem zapear o controle remoto - é maior.
E é por isso que José Luiz Datena é tão disputado. Ele, como ninguém hoje na nossa TV, é um legítimo “levanta-audiência”, que consegue pegar números inexpressivos, beirando ao traço e elevá-los as alturas.
A ressalva que fica é apenas de que o excesso de verdade pode virar sensacionalismo puro. E isso não acrescenta em absolutamente nada, pelo contrário, só atrapalha.