Nada me agrada mais do que ler os comentários nos posts que escrevo para essa coluna e perceber que algumas pessoas até se enfurecem com minha opinião, muito diferente da proposta original que é a de fazer, você leitor, refletir sobre aquilo que proponho. Mas o trabalho é exatamente esse, ver as opiniões de diversas pessoas e tentar entender o porque da TV brasileira ser do jeito que é, afinal ante de mais nada sou telespectador como vocês.
Apesar de algumas emissoras só apresentarem a partir de agora sua nova programação percebi que são raras as produções envolvidas com o jornalismo, que deveria ser uma das ações primordiais.
Muito se fala em torno da audiência do Cidade Alerta, maior audiência do horário nobre da Rede Record (que começa a tarde e se estende até as 20h40). Apesar da critica taxá-lo como jornalismo sensacionalista focado em problemas populares, o programa nada mais do que a representação do que o público quer ver: sangue e tragédia.
Antes que pensem o contrário, que estou dando apoio ao jornalístico da Record, quero dizer que entender o programa não é das tarefas mais difíceis. A emissora paulista é famosa por seu jornalismo fácil, marcado por sangue e matérias repetidas a exaustão, mas que agrada ao público brasileiro, caso contrário não daria a audiência que dá. No passado o programa foi tirado do ar exatamente por isso, por não dar retorno, mas parece que agora mostra exatamente o contrário. Na Band , Datena e seu Brasil Urgente, não fogem a regra e compete com a Record no quesito Em busca de Tragédias.
O que o publico enxerga nesses dois jornalísticos é alguém que além de dar a noticia, se solidariza com os problemas, com a dor e as mazelas de uma população carente de soluções. No último ano, durante as manifestações em meados de junho, Record e Band foram as principais a mostrar o que estava acontecendo pelo Brasil e assim ficou na mente das pessoas: “Eles estão mostrando a gente, o que estamos fazendo!”.
Apesar das diferenças que possam surgir entre os telejornais, a opinião do âncora, que naquele momento parece ser igual a de milhares de pessoas, deve realmente ser levada em conta, ou nada mais é do que uma arma para conquistar a audiência? Julguem vocês.
Nunca a opinião daquele que dá uma noticia se tornou tão importante, até a página 3, afinal quando incomoda alguns políticos, as coisas mudam de figura como foi o caso de Rachel Sheherazade, que fez vários comentários relacionados a política, o que levou a ancora do SBT Brasil a ser afastada do telejornal e não dar mais sua opinião. Acredito que cada um tem o direito de expor sua opinião, concordar ou não com ela, ai é com cada um.
Enquanto alguns concordam plenamente com os telejornais Cidade Alerta, Brasil Urgente e outros derivados da linha “quanto mais tragédia melhor”, há aqueles que acham que a linha imposta pela Rede Globo ao noticiar o fato, sem se envolver e dar opinião, nada mais é do que um retrocesso ao que o telespectador deve saber. Afinal, o telejornal deve além de informar, apresentar opiniões e mostrar que há um lado diferente da moeda. A Vênus Platinada, antes intocável, formadora de opinião e única representante da verdade, hoje já não é tão forte como antes. O público há ressalvas, principalmente depois que os manifestantes foram tratados com descaso durante as passeatas em junho, pela diminuição do preço da passagem, enquanto as demais emissoras mostravam o que realmente estava ocorrendo.
O apresentador de telejornal agora é um amigo, mas de que tipo? Será que podemos confiar ou ele está nos dando noticias que aumentem seu ibope e audiência? O que interessa saber é que tipo de noticias queremos ver as 6 da tarde enquanto nos preparamos para o jantar: Sangue, Mentiras ou apenas a verdade? O que é cada um, você escolhe!
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Comentários (15) Postar Comentário
Assisti ontem ao novo programa do Marcelo Adnet, onde há uma paródia acerca de programas policialescos do tipo Cidade Alerta. Sabemos este tipo de jornalismo grassa entre as classes mais populares, muito provavelmente pela identificação fácil com os temas ali retratados e com a narrativa sensacionalista. A questão é que raramente acrescentam aos telespectadores, transformando em picardias assuntos de grande relevância social. Não há o incentivo ao pensamento crítico ou à forma devida de como se portar diante da opressão. Há apenas a exploração insidiosa da miséria alheia, sob a forma de um valdeville indecente.
Discordo totalmente do Raphael, acho que os assuntos são bem explorados, e a grande parte de nossa gente tem poucos conhecimentos sobre assuntos de ordem social, político e econômico, e nestes programas eles dão a noticia exploram é verdade mais traz um retorno informativo aqueles que pouco compreendem de lei e de assuntos acima citado. Já o Jornais da globo dão a noticia e pronto. O povo mesmo que de forma inconsciente estão a dizer queremos mais informações sobre o que acontece e como agir diante deles.
Não sei qual o "retorno informativo" trazido por esses programas. O único compromisso é com a exploração da miséria alheia em busca de audiência. É um grande festival de desgraças, onde não há sequer respeito com as vítimas dos crimes mostrados. A sonoplastia, os arroubos do apresentador, a violência gráfica, tudo em função de números de audiência. Não é nem de longe um jornalismo cidadão, como alguns desavisados podem pensar, mas puramente sensacionalista. Qual o sentimento de se assistir algo assim? Tornar-se insensível à violência? Começar a fazer justiça com as próprias mãos? Sinto pena das vítimas desse circo de mau gosto.
Você não sabe, pois está na sua zona de conforto e nem se quer procura saber com aqueles que são menos favorecidos com o sistemas, mas os menos favorecidos sabe, e por isso estes programas tem uma audiencia considerável, portanto se colocar no lugar do outro é a melhor forma de sabermos de fato o por que das coisas, você sabe o quanto estes programas tem ajudado estas pessoas? Elas sabem, elas nao tem a quem recorrer, e sente pelo menos um pouco valorizadas e respeitadas quando vem uma emissora mostra o seu problema a fundo e nao de forma superficial, isso não e usar o sofrimento dos outros mais se possibilitar a estes dizerem, falarem, gritarem que eles existem, não sou dono da razao assim como você também nao é, mais são estes que assistem o programa que testifica o que estou falando e pra mim isto é o suficiente.
Você disse , se observares suas palavras verás Raphael, o que é qualidade hoje na televisão aberta? Relata um , o Jornal Nacional? Que manipula o público para suas opções políticas e interesses??? Acorda!! Estou ao lado dos menos favorecidos estes tipos de jornais também e não os mercenários que defenderam a ditadura militar entre outras coisas podres em seus jornais de qualidades como muitos dita, como e o caso do jornal da tv globo. Prefiro um cidade alerta que está ao lado do povo do que um jornal que nao pensa no povo mais em seu próprio interesse.
Concordo com o Francisco, acho sua exposição coerente. E é verdade que os Jornais que dizem ser informativo e qualificável, são na verdade, um verme que querem ditar o comportamento humano, todos aqueles que pesquisarem um pouco a história de certos jornais que certas pessoas qualificam com ideais acaba se deparando com um jornalismo podre.
É realmente tocante como jornais do naipe do Cidade Alerta estão "do lado do povo". São praticamente ONGs a serviço do bem-estar social brasileiro; audiência é apenas consequência. Aliás, é emocionante ver como os telespectadores se tornam cidadãos melhores ao assistir as notícias veiculadas ali. Não há incentivo à justiça com as próprias mãos ou banalização da violência. É um programa edificante.
Natália, descreve quantos livros sobre jornalismo você já leu, por favor. Acredito que já tenha lido muitos, tendo em vista que fala com tanta propriedade sobre "jornalismo podre".
O que seria um bom jornalismo na sua opinião, prezada Natália?
Nada acrescentam tais jornais "policialescos" à vida das pessoas que o assistem, ainda mais àquelas menos favorecidas. Dia após dia assistindo tais jornais ao lado de tais pessoas, pude perceber que nada absorviam de importante. Indignação? Apenas bravatas proferidas momentaneamente. Pena, dó? Grunhidos e "nossas". Informação, soluções, REFLEXÃO? Não há como penetrar no conhecimento das pessoas ao redor, porém é possível conjecturar um pouco a partir das informações absorvidas que, na melhor das hipóteses, não é de qualidade. Apesar de toda a porcaria apresentada, de todas as sonoplastias, modos ridículos, exageros dos apresentadores, informações repetidas à exaustão, apenas o trabalho social de fiscalização de tais jornais fazem a diferença na vida das pessoas. Aqueles quadros que cobram dos administradores e políticos. Salvo isso, falta reflexão mais do que tudo. Se não houver reflexão acerca dos acontecimentos mostrados, o status quo se manterá. E este nunca mudará somente com emoção que é o mais explorado nesses programas.
Quanto aos jornais "informativos", estes também não são o ápice da informação ao cidadão. Não aprofundam nas matérias, muitas vezes tratam com parcialidade o que ocorreu e se atém o que é de interesse àqueles que os comandam.
Então, qual dos dois é melhor? Essa não é a questão. O que se discute é o papel de tais jornais na construção da cidadania de todos os brasileiros que os assistem. Qual dos dois é o menos pior? Dependerá do que cada um deseja assistir. Porém, o que precisam assistir nenhum desses dois tipos de programas dão.