Odiada por muitos, amada pela maioria. Essa é “Amor à Vida”, atual novela das nove, que tem dado o que falar na tela da Globo. O autor Walcyr Carrasco tem aproveitado muito bem a promoção que teve do horário das sete para às nove e tem feito uma trama com personagens muito bem definidos e um vilão, eu diria, maléfico.
Apesar de ser um grande fã de Carrasco, tenho que citar aqui, os erros e pisadas na bola do autor na novela. A começar pelo excesso de personagens que sempre é desnecessário e que atrapalha o andamento de suas novelas. Em “Amor” não é diferente, a começar pelos personagens que habitam o Hospital San Magno, que aparecem semanalmente apenas para falar uma frase qualquer e tem também, aquele núcleo de Patrícia e Michel que gira em círculos e tem provocado a insatisfação dos telespectadores, que já estão considerando as seqüências dos personagens apelativas. Tem também o Ninho, que tem sido rejeitado pelas donas de casa em pesquisas de opinião promovidas pela própria Globo. Nessa pesquisa, as donas de casa não gostam do jeito truculento do personagem e acham o visual do personagem bastante estranho. Em recente entrevista, o ator Juliano Cazarré que faz o Ninho, disse que a sociedade ainda não se acostumou com as diferenças e que seu personagem é importante justamente para mudar este pensamento. Neste específico caso de Cazarré, a direção achou melhor ouvir a voz do público e o ator tirou as grandes madeixas, o que deixou o personagem com um rosto mais “normal”. Há outros núcleos da novela que não tem tido sua devida importância, mas são problemas que podem ser corrigidos, afinal, o autor ainda tem bastante tempo para criar conflitos mais consistentes para os personagens, sem abandonar suas respectivas personalidades.
Voltando a falar do que tem de bom na novela, é impossível deixar de citar as atuações de Antônio Fagundes e Susana Vieira, que dispensa comentários, afinal, são mais outros personagens que ambos os atores vestem a camisa e arrasam na tela na nossa tevê. Não deixamos de citar também a grande atuação de Mateus Solano, que se jogou na complexidade do vilão Felix, que nos últimos capítulos encarou um drama na novela, já que teve sua homossexualidade descoberta por toda a família. Nos mínimos detalhes, Solano vai fundo e acerta em tudo que coloca em seu Felix, o texto de Walcyr também ajuda muito e a gargalhada rola solta quando o vilão aparece em cena. A grande Vanessa Giácomo que já estava fazendo hora extra esperando um papel à sua altura, tem arrasado no papel da misteriosa Aline, a personagem tem prometido vingança ao César de Antônio Fagundes e vem acerto de contas por aí. A mocinha Paloma, encarnada por Paolla Olveira tem ido muito bem, apesar de ter começado a novela meio “a ver navios” e agora, encontrou o tom certo do personagem que certamente ganhará mais simpatia do público depois de estar sendo maltratada e esquecida pelos mais numa clínica psiquiátrica, mesmo sem estar louca. O Bruno, incorporado por Malvino Salvador ainda não me desce muito bem, mas aos poucos, tendo cada dia mais uma linha de herói da trama, tem conquistado cada vez mais a mim e aos telespectadores. Mas, não devo esquecer de elogiar a direção da novela, trabalho que tem sido comandado por Wolf Maya, que dirige o núcleo da trama e o Mauro Mendonça Filho, que dirige a novela por inteiro e tem caprichado mais uma vez e comprovando sua competência já marcada em novelas como “Gabriela” e “O Astro”.
O fato é que Walcyr Carrasco, alvo de tantas críticas quanto ao texto de seus folhetins, quanto ao andamento de sua história, consegue agradar ao povo, consegue fazer como ninguém o que grandes autores ainda não conseguem, chamar a atenção para suas novelas, fazer barulho. “Amor à Vida” é como um grande dramalhão mexicano, que mesmo não sendo uma novela perfeita, dá certo porque cumpre com a tarefa de prender o público diante da tevê.
Comentários (1) Postar Comentário
Rosamaria Murtinho, Barbara Paz, Tatá Werneck, Elisabeth Savalla, Anderson Rizzi, Ary Fontoura, Nathalia Thimberg, Bel Kutner, Caio Castro, entre alguns outros, estão fantásticos também. Mas a novela se perdeu, infelizmente, e hoje é um amarrado de histórias totalmente sem nexo.