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"Amor à Vida", um grande dramalhão mexicano que dá certo

A novela das nove da Globo tem audiência ascendente.

Por: Lucas de Souza - Contato: [email protected]

Odiada por muitos, amada pela maioria. Essa é “Amor à Vida”, atual novela das nove, que tem dado o que falar na tela da Globo. O autor Walcyr Carrasco tem aproveitado muito bem a promoção que teve do horário das sete para às nove e tem feito uma trama com personagens muito bem definidos e um vilão, eu diria, maléfico.

Apesar de ser um grande fã de Carrasco, tenho que citar aqui, os erros e pisadas na bola do autor na novela. A começar pelo excesso de personagens que sempre é desnecessário e que atrapalha o andamento de suas novelas. Em “Amor” não é diferente, a começar pelos personagens que habitam o Hospital San Magno, que aparecem semanalmente apenas para falar uma frase qualquer e tem também, aquele núcleo de Patrícia e Michel que gira em círculos e tem provocado a insatisfação dos telespectadores, que já estão considerando as seqüências dos personagens apelativas. Tem também o Ninho, que tem sido rejeitado pelas donas de casa em pesquisas de opinião promovidas pela própria Globo. Nessa pesquisa, as donas de casa não gostam do jeito truculento do personagem e acham o visual do personagem bastante estranho. Em recente entrevista, o ator Juliano Cazarré que faz o Ninho, disse que a sociedade ainda não se acostumou com as diferenças e que seu personagem é importante justamente para mudar este pensamento. Neste específico caso de Cazarré, a direção achou melhor ouvir a voz do público e o ator tirou as grandes madeixas, o que deixou o personagem com um rosto mais “normal”. Há outros núcleos da novela que não tem tido sua devida importância, mas são problemas que podem ser corrigidos, afinal, o autor ainda tem bastante tempo para criar conflitos mais consistentes para os personagens, sem abandonar suas respectivas personalidades. 

Voltando a falar do que tem de bom na novela, é impossível deixar de citar as atuações de Antônio Fagundes e Susana Vieira, que dispensa comentários, afinal, são mais outros personagens que ambos os atores vestem a camisa e arrasam na tela na nossa tevê. Não deixamos de citar também a grande atuação de Mateus Solano, que se jogou na complexidade do vilão Felix, que nos últimos capítulos encarou um drama na novela, já que teve sua homossexualidade descoberta por toda a família. Nos mínimos detalhes, Solano vai fundo e acerta em tudo que coloca em seu Felix, o texto de Walcyr também ajuda muito e a gargalhada rola solta quando o vilão aparece em cena. A grande Vanessa Giácomo que já estava fazendo hora extra esperando um papel à sua altura, tem arrasado no papel da misteriosa Aline, a personagem tem prometido vingança ao César de Antônio Fagundes e vem acerto de contas por aí. A mocinha Paloma, encarnada por Paolla Olveira tem ido muito bem, apesar de ter começado a novela meio “a ver navios” e agora, encontrou o tom certo do personagem que certamente ganhará mais simpatia do público depois de estar sendo maltratada e esquecida pelos mais numa clínica psiquiátrica, mesmo sem estar louca. O Bruno, incorporado por Malvino Salvador ainda não me desce muito bem, mas aos poucos, tendo cada dia mais uma linha de herói da trama, tem conquistado cada vez mais a mim e aos telespectadores. Mas, não devo esquecer de elogiar a direção da novela, trabalho que tem sido comandado por Wolf Maya, que dirige o núcleo da trama e o Mauro Mendonça Filho, que dirige a novela por inteiro e tem caprichado mais uma vez e comprovando sua competência já marcada em novelas como “Gabriela” e “O Astro”. 

O fato é que Walcyr Carrasco, alvo de tantas críticas quanto ao texto de seus folhetins, quanto ao andamento de sua história, consegue agradar ao povo, consegue fazer como ninguém o que grandes autores ainda não conseguem, chamar a atenção para suas novelas, fazer barulho. “Amor à Vida” é como um grande dramalhão mexicano, que mesmo não sendo uma novela perfeita, dá certo porque cumpre com a tarefa de prender o público diante da tevê.


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