Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
A televisão brasileira vive no mais completo marasmo. Beira ao tédio. Ou pelo menos beirava. Digo isto, porque a nova programação da Band é pra se comemorar. Obviamente não foram só acertos, mas o simples fato de tentar inserir algo novo na grade já é louvável, até emociona.
Afinal, vivemos em uma realidade televisiva na qual as “novidades” são as estréias dos humorísticos da Globo (nenhum lá grande coisa...e os melhores já estão no ar há anos) , os programas naftalinas de Silvio Santos (“Aqui Agora”, “Fantasia” e afins) e o Ídolos” na Record, que foi longe de ser um sucesso no SBT e a apresentação de Rodrigo Faro só ajuda a estimular ainda mais a vontade de desligar a televisão.
Enquanto isto, na Band temos algumas boas surpresas. Para começar, uma constatação: nada contra Patrícia Maldonado (que vai para o horário nobre apresentar o reality show “É o Amor”), mas é impressionante o salto de qualidade do “Atualíssima” após a entrada de Rosana Hermann. Causa arrepios programas femininos que reduzem a mulher à cozinha e as notícias de fofoca. Não que o “Atualíssima” seja muito longe disto, mas pelo menos a sensação de que mulher só lê Contigo e precisa de manual de instruções para abrir uma lata de sardinha fica esquecida.
Importante também destacar a consolidação da dramaturgia da emissora. Depois de duas temporadas de “Floribella” e de “Dance, Dance,Dance”, a Band se prepara para lançar “Água na Boca”, mais um folhetim leve e descontraído, que agrada os telespectadores mais jovens e que é tão mal explorado na televisão brasileira.
As chegadas de Milton Neves e Daniela Cicarelli também são interessantes, afinal são estrelas que trazem anunciantes para financiar estes novos investimentos, e que dão uma cara à emissora. Colocar Milton Neves num programa de variedades, se for concretizado, é algo bem inteligente, afinal ele atinge um público carente deste tipo de atração: os homens. Já Cicarelli, parece ter começado com o pé esquerdo. Seu talento e carisma não conseguem segurar o fraco “Quem Pode Mais?”, que tem toda chance de se transformar no grande mico desta nova programação.
O alerta também fica para o jornalismo. Em menos de duas semanas, a Band perdeu Roberto Cabrini para a Record e Mariana Ferrão para a Globo. São dois desfalques em uma área tradicional, com credibilidade e audiência estável, que vê na chegada de Boris Casoy a única, porém inteligente, contratação.
Custe o que Custar
Deixo o melhor para o final. O humorístico “Custe o que Custar”, vulgo CQC, é a melhor novidade da televisão brasileira neste início de 2008.
O programa é tecnicamente perfeito. Trilha sonora, vinheta, figurino, edição, enquadramentos e artes gráficas estão extremamente caprichados. Apresenta uma equipe bem entrosada e divertida, sob o comando do ótimo Marcelo Tas. O formato já foi testado (e aprovado) em vários cantos do mundo...assim, o CQC consegue acabar com o marasmo citado no início desta coluna.
Agora fica a torcida para que o programa consiga se manter distante do “Pânico na TV”, já que a turma de Emilio Surita é muito mais ácida e escrachada, enquanto o CQC parte para um humor mais irônico e inteligente, tão difícil de se encontrar.
Entre erros e acertos, a Band está no caminho certo. Ousadia faz bem a saúde, e a televisão brasileira agradece.