Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
Os estudiosos de cinema costumam dizer que um filme “blockbuster” (aqueles que são super produções com mega divulgação) costuma ser de baixa qualidade devido ao fato de terem que agradar o maior número de espectadores (para obter grandes bilheterias e conseqüentemente recuperar o dinheiro investido), e assim, acabam sendo muito abrangentes, não conseguindo agradar as (várias) minorias.
Após um parágrafo inicial repleto de parênteses, chego ao ponto que nos interessa: um fenômeno semelhante ao citado acima ocorre nos telejornais brasileiros. Atente para a programação jornalística dos principais canais de tv aberta.
O SBT investiu bastante nesta área nos últimos anos, mas ainda precisa melhorar muito. A credibilidade e o talento de Hermano Henning, Carlos Nascimento e Ana Paula Padrão são importantes, mas a estrutura disponível no canal ainda é precária para o jornalismo. Entretanto, fica aqui o elogio as sempre massacradas Analice Nicolau e Cíntia Benini. Se analisarmos friamente, sem preconceito, as duas vêm se saindo muito bem. Carismáticas, bonitas (sim e por que não?), simpáticas e seguras no que fazem.
A RedeTV enfrenta problema semelhante ao da emissora de Silvio Santos. O espaço na grade para jornalísticos é boa, conta com bons apresentadores, mas peca pela falta de estrutura. O grande diferencial é que a RedeTV busca investir em programas menos quadrados, como o ótimo, ágil e inteligente “Leitura Dinâmica”, exibido nos finais de noite.
No Globo e na Record os formatos se confundem. Apesar de terem os dois jornais de maior audiência no horário nobre (“Jornal Nacional” e “Jornal da Record”), a sensação que fica é de algo ultrapassado. Confesso que não me recordo da última vez que assisti a um destes telejornais inteiros, sem dormir, mudar de canal ou me entediar. Me arrepia aquelas bancadas enormes, aquele mundo engessado. Aí que entra a teoria do cinema.
Por exemplo: o Jornal Nacional costuma dar 40 pontos no IBOPE, sendo o minuto mais caro para propaganda da televisão brasileira. E para agradar a esta parcela enorme da população, acabam tendo que ser extremamente abrangentes (chatos).
Nesta hora posso ser questionado da seguinte forma: São chatos, não agradam a minoria (você), mas o restante do universo gosta, então está tudo certo! E eu concordo com este pensamento...Até assistir ao “Jornal da Band”. Lá vemos a mesma bancada, a mesma credibilidade dos apresentadores, a mesma linguagem universal para atingir a todas as classes. E mesmo assim é o melhor telejornal da televisão brasileira na atualidade.
Primeiro por contar com uma equipe de repórteres e apresentadores muito bem entrosada. Ricardo Boechat, Joelmir Beting e Mariana Ferrão comandam o jornal com estilo, sutileza, de uma forma bem humorada, transparente, dinâmica e opinativa. E são em três, descaracterizando aquele esquema clássico de jornal com casal de apresentadores. Outro diferencial é o fato de possuir uma linha editorial menos rígida que as da Globo e Record, o que permite uma flexibilidade maior na hora de trazer as notícias.
Resumindo: a Band entendeu que credibilidade e imparcialidade não significam cara fechada, nem tom fúnebre. Um jornal mais humanizado aproxima os telespectadores da telinha. E evita o sono.
Paulo Autran
Apesar de ter sua história ligada muito mais ao teatro e ao cinema, a morte de Paulo Autran não poderia passar desapercebida. O maior ator brasileiro que já existiu nos deixou. Se somos reis na corrupção e se temos o rei do futebol, por que não consagrar um novo rei?
Dito e feito: Paulo Autran, o rei da dramaturgia.