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Elogios de duas boas estréias

Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]

A semana foi de novidades na dramaturgia da Globo. “Beleza Pura” chega ao horário das 19 horas, enquanto a minissérie “Queridos Amigos” inicia seu caminho nos finais de noite. O fato de ambos trabalhos terem começado no mesmo dia, evidenciaram grandes diferenças no ritmo, roteiro e classe social a ser atingida pelas tramas. Explicarei o por que mais adiante.

“Beleza Pura” agradou pela linguagem rápida e a história leve, perfeita para o horário. Agora fica a questão: toda novela prima por um início ágil, cheio de enquadramentos diferentes. Mas já na segunda semana de exibição tudo isto cai por terra, e voltamos a velha rotina de sempre. Quem sabe a autora Andréa Maltarolli e o diretor Rogério Gomes não mudam esta tendência. Obviamente é complicado manter o ritmo alucinado de narração durante seis ou oito meses, mas que folhetins assim são bem mais interessantes, não dá pra negar.

Ponto positivo para o elenco bem afinado da novela. Edson Celulari no papel de galã cafajeste convence, está engraçado. E Regiane Alves também agradou. A bela parece ser sinônimo de mocinha.

Já “Queridos Amigos” promete ser fantástica. A minissérie encheu os olhos na sua estréia. Um elenco de primeira, repleto de nomes pouco vistos em novelas, com uma história deliciosamente simples e ao mesmo tempo densa. É o tipo de trama que irá ter milhares de elogios da crítica e baixa audiência. Incoerente, não?

Pra ser sincero, totalmente coerente, diria eu. Ao contrário de “Beleza Pura”, que é totalmente voltada para o popular, “Queridos Amigos” segue um caminho mais sofisticado. O roteiro é cheio de detalhes, e infelizmente, o grande público não esta culturalmente preparado para entender muito do que é exposto ali.

A história vai além do que um simples retrato dos anos 80. Seria muito fácil explorar o óbvio, entretanto a minissérie é sutil. Você se sente realmente em 1989 (ano que se inicia a trama), mesmo sem ser citada a data em nenhum momento. Isso ocorre devido a um roteiro bem construído, que valoriza a relação entre os personagens, e a partir disto, nos ajuda a compreender como eram os pensamentos das pessoas na época, e conseqüentemente, a entender todo o sentimento de “vamos mudar o mundo” desta geração.

A direção de arte também ajuda. Está bastante caprichada, desde o figurino, passando pelos cortes de cabelo e chegando nos detalhes do cenário, como as velhas máquinas de escrever e os telefones com fio.

Critica-se tanto a futilidade da dramaturgia brasileira, e num momento em que os mutantes do Lost mexicano, digo...de “Caminhos do Coração” são os grandes destaques, é gratificante ver algo que realmente vale a pena.


Versão 2008

A Band confirmou a chegada do ótimo Marcelo Tas para comandar o “Custa o que Custar”, humorístico que a emissora estréia em breve. Mais uma ótima contratação, investir em bons profissionais é o começo de um programa de sucesso.


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