Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
As duas primeiras temporadas de "A Fazenda" nos deixaram com a visível sensação de que era um bom produto, que a Record estava investindo dinheiro e publicidade suficientes, mas que faltava qualidade e experiência a sua equipe para transformar o reality show em um verdadeiro sucesso.
Entretanto, depois de tantos erros, finalmente o programa ganhou forma e características próprias, sabendo se colocar no seu devido lugar, sem o interesse de ser um novo Big Brother, mas sim uma atração com brilho próprio.
Uma das grandes deficiências de "A Fazenda" era a sua edição, fator fundamental para prender a atenção do telespectador diante da telinha. Nas outras temporadas, tudo era muito demorado, sem graça. O suspense era exagerado em momentos desnecessários e a todo o momento tentava-se inventar desavenças entre os participantes. E era apenas nisso que o reality se baseava.
Pobre. Muito pobre.
Não que este formato seja dos mais ricos, mas enfim...Essa já é uma outra discussão.
Voltando ao tema em questão, a Record finalmente aprendeu que é necessário "amarrar" o seu reality como uma grande novela. E para isso, você precisa de uma edição competente, que saiba valorizar o que agrada o público. Precisa também criar provas inteligentes, que tenham algum sentido e chamem atenção para os dias seguintes, e não apenas tarefas isoladas, sem nexo e sem gancho.
Além disso, é primordial escalar um elenco forte. E esta Fazenda apresenta o melhor tempero de todas. Apesar de ser recheada de celebridades de quinta categoria, nomes como Sérgio Mallandro, Nany People e Monique Evans são talentosos e polêmicos, atraindo a atenção do grande público. Isso ficou nítido logo nos primeiros momentos da atração, quando estes protagonizam boa parte das melhores cenas.
Outra atitude inteligente é a integração com a internet. Pela primeira vez, o site do reality é realmente útil, e pode servir para o internauta acompanhar o que acontece, sem precisar esperar a edição noturna na TV. Isso acaba ajudando na divulgação do programa, e o burburinho virtual colabora com a audiência.
Liberar a transmissão ao vivo na internet também é legal, e do ponto de vista publicitário, "obrigar" o fã da Fazenda a se cadastrar no R7 para poder assistir as transmissões é uma ótima maneira de fazer o portal decolar, fato ainda muito longe de ser uma realidade.
De ponto negativo, temos a overdose de divulgação do programa durante toda a grade da Record. Um bom produto precisa ser preservado, senão o telespectador cansa. Porém, ao que parece, toda a programação da emissora irá se voltar para o reality. Um erro gravíssimo.
Outro destaque é a fraca apresentação de Brito Junior. Caricato demais, exagera nas dançinhas e ainda não conseguiu ter jogo de cintura suficiente para transformar os papos com os "peões", em algo interessante.
Resumo da obra: "A Fazenda 3" mostra amadurecimento. Tardio, porém incontestável. O reality-show finalmente conseguiu sair da sombra do "Big Brother Brasil". Agora só falta Britto Junior fazer o mesmo em relação a Pedro Bial.