Por: Nelson Gonçalves Junior E-mail para contato: [email protected]
Efeitos especiais toscos. História totalmente fora da realidade. Roteiro didático, com diálogos fracos e limitados. Overdose de novos personagens a cada mês. Todos os ingredientes de um retumbante fracasso, certo?
Absolutamente errado.
As características citadas acima são facilmente associadas ao autor Tiago Santiago e a sua novela dos Mutantes, novo fenômeno de audiência. O folhetim estreiou com ótima média de 22 pontos e picos de 25. Ainda mais louvável este desempenho, se considerarmos que aconteceu no mesmo horário da tradicional novela das oito global.
Resumo da obra: enquanto a Record comemorou a melhor estréia de uma trama na história da emissora; a Globo amargou a pior estréia de um folhetim das oito em toda a sua existência. “A Favorita” atingiu apenas 34 pontos de médias no Ibope.
Agora há um certo exagero em considerar que isto é uma clara demonstração de uma nova era na televisão brasileira; assim como também é um equívoco acreditar que a “Tiago Santiago mania” é apenas momentânea.
Apesar do gosto duvidoso, o autor já emplacou boas tramas como “Escrava Isaura” e “Prova de Amor”, portanto já não se pode considerá-lo uma nuvem passageira.
Mas voltando ao início desta reflexão: se a novela da Record é tão ruim assim, como ela vem conseguindo atrair tanto público? Seria realmente a decadência definitiva da TV Globo?
Honestamente acredito que não. O que acontece é um erro estratégico da Plim Plim: a direção da emissora ainda não percebeu que o telespectador está saturado do atual formato de programação adotado pelo canal.
Esse modelo já é usado desde a década de 1970, e recentemente foi copiado pela própria Record. Portanto, mais overdose disso na telinha é impossível.
Agora puxemos pela memória os grandes sucessos recentes da televisão mundial. Chegaremos em “Lost” (um bando de gente eternamente perdida numa ilha, com muito suspense e um milhão de personagens), “24 Horas” (muita ação, linguagem diferenciada) e “Heroes” (com mutantes, mutantes e mais mutantes).
Já nas tramas globais não encontramos nada de surpreendente. É sempre a mesma coisa. Ás 18 horas, novela de época. Ás 19, uma comédia leve e com uma boa dose de romantismo. E às 21 horas uma trama simples, com elenco de peso e se possível abordando algum tema polêmico. Enquanto isso, Tiago Santiago soube abrasileirar os elementos de sucesso das séries citadas acima e criar um produto que vai ao encontro dos anseios populares.
A Rede Globo precisa aceitar o fato de que uma fórmula de sucesso não dura para sempre. “Caminhos do Coração” não era uma boa novela. “Os Mutantes” também não é. Mas ambas atendem a uma carência do telespectador brasileiro, cansado da mesmice e ansioso por novidades.
O maior
O novo “Programa Silvio Santos” de novo não tem nada. É uma junção de quadros e programas já apresentados pelo Homem do Baú no passado. De qualquer forma, a audiência da estréia foi muito boa para os padrões atuais do SBT e nos deixa com uma certeza mais do que comprovada: Silvio Santos é o maior comunicador da história da televisão brasileira. Gênio.