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"Cine Holliúdy"’ traz a disputa do cinema com a TV em exibição especial

Elenco e equipe no Kinoplex Leblon Globoplay, no Rio.

por Redação, em 20/08/2022

"Cine Holliúdy"’ traz a disputa do cinema com a TV em exibição especial

Pronta para estrear na próxima terça, dia 23, a série ‘Cine Holliúdy, teve o primeiro episódio exibido ontem, dia 18, com uma mistura já típica de sua história: a combinação e cinema e televisão. Em uma das salas do cinema Kinoplex Leblon Globoplay, a disputa do cinema com a TV foi exibida na telona com exclusividade para os mais de 60 convidados, entre eles parte do elenco, equipe, além de jornalistas e influenciadores.

A direção artística, a qualidade da fotografia, o texto, o humor crítico, e a atuação do elenco, com destaque para Luisa Arraes, novidade da temporada interpretando Francisca, e Heloisa Périssé como Socorro, a nova prefeita de Pitombas, e os atores cearenses, Edmilson Filho, Carri Costa, Solange Teixeira e Haroldo Guimarães, foram alguns dos pontos que se destacaram entre os comentários emocionados dos convidados. “A gente leva esse frescor para a segunda temporada para tratar de assuntos sérios com muito humor. Então, se eu tivesse que definir ‘Cine Holliúdy’ em uma palavra, seria ‘equipe’”, ressalta Heloisa. Já Luisa destaque a importância da diversidade no elenco. “Vejo ‘Cine Holliúdy’ como um grande representante da cultura brasileira que tenta resistir...Ceará não é uma coisa que você aprende lendo o dicionário. Não existiria esse Ceará, se não tivéssemos cearenses na equipe nos ajudando”. E Carri Costa, o Lindoso da série, chama o público para o mergulho na nova temporada. “Quantas consciências não são despertadas através do riso? Essa é uma comédia emocional. A comédia é a arte da surpresa”.

Confira abaixo o material completo sobre a série:

“Uma sátira do Brasil e do brasileiro, onde rir de si mesmo é o melhor remédio, sempre”. É assim que a segunda temporada de ‘Cine Holliúdy’ é definida por um dos seus roteiristas, Marcio Wilson. A série, criada e escrita por Cláudio Paiva e Marcio Wilson, com direção artística de Patricia Pedrosa, é uma bela homenagem ao cinema, explorando acontecimentos, símbolos e referências da cultura nordestina, brasileira e do pop mundial da década de 70. Tudo isso usando como pano de fundo uma narrativa já conhecida dos fãs da série: a divertida disputa entre cinema e TV.

A brasilidade, com personagens carismáticos e que falam muito sobre o país, a sociedade, língua e raízes são outros destaques dessa comédia leve evidenciados por Patricia. “As pessoas se identificam. Em um momento como o que estamos vivendo, ainda com resquícios da pandemia, falar com alegria sobre assuntos leves, que façam as pessoas se desligarem um pouco dessas notícias de jornal tão difíceis, acaba sendo um remédio”, ressalta a diretora artística.

A história de Cine em sua segunda temporada

Em forma de paródia de grandes filmes como “Guerra nas Estrelas” e “Casa Blanca”, a série investe nos gêneros do cinema: romance, comédia, terror, policial, sobrenatural, aventura, musical, ficção científica, pornochanchada, entre outros. Ainda na primeira temporada, Francisgleydisson (Edmilson Filho) tinha o cinema como a única atração cultural de Pitombas, com muito orgulho. Mas ele não contava com a chegada da televisão, sua grande adversária. Por isso, decidiu fazer filmes em “cearensês”, com apoio da bela Marylin (Leticia Colin) e a despeito do prefeito Olegário (Matheus Narchtergaele).

Agora, o ano é 1974. Com a TV já estabelecida, Francisgleydisson está inquieto e temeroso - afinal, as novelas estão fazendo a cabeça da população e o cinema está cada vez mais vazio. Filmes, novelas, Copa do Mundo, festas regionais, discoteca, musicais e parque de diversões: tudo ao alcance do público. A cidade de Pitombas presencia o auge da cultura dos anos 70, mesmo passando a impressão de ter parado no tempo. Seus habitantes convivem com a acirrada competição entre o cinema e a TV, e se deleitam com as mensagens que atravessam as telas. No entanto, os homens reclamam do excesso da telinha na rotina da família e a colocam como vilã. Exigem seu fim.

Com o cinema em decadência, Francis ainda tenta sustentá-lo por meio de suas produções criativas. A notícia de que sua musa inspiradora Marylin, interpretada por Leticia Colin na primeira temporada, não voltará mais para Pitombas para poder seguir a carreira de atriz por este mundão o desanima também, pois sabe que não será fácil encontrar uma nova protagonista para seus filmes, quiçá um novo amor. Mas é com as flores em punho e perseverando, como sempre, que ele se depara com Francisca (Luisa Arraes) na rodoviária. A espera por sua amada não foi em vão. O destino age rápido. 

A jovem chega a Pitombas com o objetivo de encontrar seu pai desconhecido. A princípio seu jeito não atrai o cinemista, mas a história muda de figura no convívio dos dois. Empoderada, pé no chão e avessa aos romances e casamentos, ela chega para se tornar a nova protagonista dos seus filmes. Mas é claro que o caminho não será fácil. Ela precisa enfrentar a fúria de Formosa (Lorena Comparato), filha de Lindoso (Carri Costa) e Belinha (Solange Teixeira), que, apaixonada por Francis, faz de tudo para tirar a jovem do seu caminho. Munízio (Haroldo Guimarães), amigo fiel de Francis, investe em acalmar e conquistar o coração de Formosa com seu jeito doce e enrolado. Apesar de ser ignorado por ela, a esperança é mudar o rumo dessa história.

Para Socorro (Heloísa Périssé), prefeita de Pitombas, um novo tempo paira sobre a cidade. Novos conflitos surgem diante das mulheres, que estão cada vez mais em evidência. Olegário (Matheus Narchtergaele) não aceita muito bem ser coadjuvante da esposa. Ela, ao assumir a prefeitura, se recusou a fazer parte das falcatruas do marido, e por isso enfrenta seus deslizes e os protestos frequentes dos vereadores da cidade que, em sua maioria da oposição, causam um rebuliço na nova gestão. Eles ainda não sabem que, no fundo, há espaço para todo mundo. 

Com estreia prevista para 23 de agosto, ‘Cine Holliúdy’ é uma série criada e escrita por Marcio Wilson e Cláudio Paiva, baseada no longa-metragem homônimo escrito e dirigido por Halder Gomes e coproduzido pela Globo Filmes. A obra é escrita com Adriana Falcão, Juca Filho,Chico Soares e César Amorim. A direção artística é de Patricia Pedrosa com direção de Halder Gomes e Ricardo Spencer. A produção é de Erika da Matta e a direção de gênero é de José Luiz Villamarim. A série de 11 episódios, exibidos às terças, conta ainda com Frank Menezes, Caca Carvalho, Falcão Maia, Gustavo Falcão e Flávio Bauraqui no elenco, e participações especiais de Luiza Tomé, Gero Camilo, Lucas Veloso, Nanda Costa, Eduardo Sterblitch, Stepan Nercessian, entre outros.

 A Caraterização anos 70 de Cine

O desenho dos cabelos marca a caracterização da série

Para Emi Sato, que assina a caracterização da série, a década de 70 é percebida pelo espectador no desenho dos cabelos dos personagens. Jujuba (Gustavo Falcão) ganha um upgrade, com mais colorido, agora ruivo, montado e delineado, inspirado no Rockabilly, com o topete que se usava muito época, a exemplo de Elvis Presley.

Socorro (Heloísa Périssé), a prefeita da cidade, tem como referência a atriz e modelo Farrah Fawcett, com cabelo jogado imprimindo um movimento, e para Olegário (Matheus Narchtergaele) são usadas próteses na entrada do cabelo, alinhando o formato do rosto do ator. Luisa Arraes, que faz sua estreia na temporada, usa peruca para interpretar Francisca, o que fez toda a diferença para a atriz compor a personagem. 

Munízio (Haroldo Guimarães) volta com o black power, típico dos anos 70, e Francis (Edmilson Filho) com a figura retrô, o galã de Pitombas, com o bigode da década de 20. Já a filha dos comerciantes Lindoso (Carri Costa) e Belinha (Solange Teixeira), Formosa (Lorena Comparato), com semblante de anjo e um jeito bem espevitado, possibilita leveza na caracterização. “A brincadeira está na simplicidade dela, bem menininha. Insiro bastante coisa colorida no cabelo, presilhas, que contrapõem com a personalidade dela. Quando você olha parece fofinha, mas é ácida, louquinha”, brinca Emi.

Na trama, quando os personagens ganham vida nos filmes produzidos pelo cinemista Francis, a caracterização acompanha os recursos que ele tem, mas mantém o encanto do “cineminha”. “É tudo muito rústico, improvisado e tosco, porque é feito por Francis e Munízio. Portanto, a maquiagem é mais borrada, sem acabamento. Uso pelos de pelúcia para fazer um personagem e o bigode pintado com lápis, por exemplo”, ressalta ela.

 

‘Cine Holliúdy’ tem a marca de apresentar participações especiais em cada episódio e esta temporada, em especial, marca a volta da atriz Nanda Costa após sua licença-maternidade. A personagem vai dar o que falar já que, além de uma jovem chamada Luna, ela também irá interpretar a gorila, em uma cena que traz como referência o filme ‘King Kong’. “Quando li o texto, imaginei essa pessoa que vocês verão no ar. Não pus prótese nela porque queria que ela fosse humana. Não tem nada por baixo do rosto da Nanda, só pelos e maquiagem escura para dar uma base animal. Isso humaniza. Foi uma coisa da imaginação. E agregamos a agressividade com os dentes, as unhas e a lente, sem deixá-la totalmente animal”, conta Emi.

Segundo ela, a caracterização dura quatro horas, com três profissionais trabalhando simultaneamente na atriz - entre mãos, maquiagem, inserção de pelos que a possibilitem articular e tratamento no cabelo para parecer pelo animal, frisado. Dedicação de uma equipe especializada que trabalha nisso, tecendo fio a fio com cabelos naturais, numa telinha. O resultando final surpreende. 

O figurino colorido da época

As cores vibrantes oriundas do calor e claridade que se acentua em uma cidade do interior do sertão, a leveza de personagens que flertam entre heróis e vilões, a mistura de estampas e modelagens e peças originais garimpadas em brechós se destacam entre o figurino da série, assinado por Antonio Medeiros, Natalia Duran e Luciana Buarque. Juntos, eles buscam, nas atitudes individuais dos personagens, trazer uma representatividade de um Brasil dos anos 70, com uma pegada de Bollywood. “Cine Holliudy é um grande e maravilhoso desafio de figurino, pois flertamos com o overdressing e o lúdico ingênuo. Esta mistura nos proporciona um figurino mágico e divertido. Cada personagem trata de um tipo que representa a pluralidade de indivíduos e questões do Brasil”, conta Antonio.

Nesse ponto, Socorro traz a sagacidade e modernidade de uma mulher da capital com estampas arrematadas com grandes acessórios dourados e pedras. A composição de estampas com blasers e ombreiras, criando uma combinação de Evita Peron e Jaqueline Onassis do Nordeste, foi a escolha dos profissionais. “Apostamos na figura da felina poderosa que assusta os homens, enquanto Olegário, que tem na sua raiz o coronelismo do sertão, usa roupas combinadas”, revela Antonio.

O cinemista Francis é o anti-herói que, nas suas atrapalhadas investidas em produzir um cinema genuinamente nordestino, cria ruídos em seus figurinos, que combinam calças xadrez com camisas estampadas. Já Francisca (Luisa Arraes), a nova estrela do Cine Holliúdy, se apresenta como uma mulher esperta, rápida e resolvida, que busca reencontrar suas raízes. “O figurino dela brinca com o movimento Flower Power, a essência do hippie, imprimindo uma atitude libertária de uma mulher independente que faz escolhas, tem consciência do próprio corpo e não teme suas particularidades. Usa peças minúsculas na parte superior, que combinam com calças pantalonas de boca sino e saias longas, trazendo a força do jeans como marca”, diz Antônio.

Os figurinos dos filminhos de Francis têm por conceito o que é intuitivo, o feito à mão, a partir do aproveitamento de matérias-primas do Nordeste e reapropriação de objetos, com as rendas, a arte do Espedido Celeiro, os Vaqueiros do nordeste e os bonecos de barro.

Pitombas pousa na cidade cenográfica dos Estúdios Globo

A essência que agradou tanto na primeira exibição segue na segunda temporada, com uma Pitombas lindamente construída na cidade cenográfica dos Estúdios Globo, representando o Ceará na sua melhor versão. A responsável pelo projeto é a cenógrafa Fumi Hashimoto, que entendeu a importância das relações entre os locais onde a trama se passa e fez pesquisas iconográficas de como eram as cidades do interior do Ceará na década de 70.

“A partir de pesquisas e referências visuais de alguns filmes como “Central do Brasil”, “Bye bye Brasil” e os do Halder Gomes, que é um dos diretores da série, trouxemos o colorido tão marcante da primeira temporada. O que era uma marca do pop dos anos 70 foi feito em uma locação real, adaptada, incorporando um tratamento de vivência das casas coloridas no cal, dos sobrados que já resistiam ao tempo, da cor da terra da caatinga, para servir de pano de fundo a esse elenco maravilhoso nos seus personagens, já tão bem desenhados e alegres. O habitat deles ganharam algumas novidades com suas novas características e conceitos, que se refletem na escolha das paletas de cor dos ambientes”, revela a cenógrafa.

Fumi lembra que a implantação foi realizada praticamente do zero com construção de novos prédios, aproveitamento de boa parte de arruamento e uma pequena parte remanejado, com postes e fiação também aproveitados de outras cidades, utilizando placa cimentícia, que tem maior duração. “Tivemos que construir todas as esquadrias iguais às do estúdio para fazer o link, as construções complementares foram todas de reaproveitamento de esquadrias e detalhes como balaustradas, cobogós, pequenas áreas de piso, grades de ferro, telhas. Tudo de materiais de acervo ou dos restos de construção demolidos para a nova implantação, além de materiais já construídos para a cidade anterior”, conta Fumi.

No Cinema, a geografia da temporada anterior foi mantida, inspirada no cinema Paradiso. “O ‘Cine’ é um cinema “foleirinho”, onde, por todo canto, principalmente na sala de projeção, vemos o amor pelo cinema. Trazemos um pouco da poesia que tem no fazer heroico do cinema e os recursos criativos nos refletores adaptados dos cenários dos filmes de produção próprios do Francis, que são montados no cenário principal. É a cereja do bolo. Temos ali homenagens ao Expressionismo Alemão e às Xilogravuras das ilustrações do Cordel”, conta Fumi.

Segundo ela, o prédio da prefeitura é uma das construções mais pomposas da cidade, com escala das construções ecléticas neoclássicas, pé direito alto, mobiliário de madeira estilo Déco e estofados de couro com alguns elementos neoclássicos, em que Socorro entra com seu lado feminino. A casa do Olegário é "vestida" por ela, com um mobiliário mais atual para a época, com estampas modernas, cozinha planejada e colorido alegre nas cores quentes do feminino.

A Praça de Pitombas é o lugar central onde ocorrem todos os eventos importantes da cidade. E, como em boa parte dos municípios brasileiros, fica em frente à Igreja e tem um coreto. Ao seu redor ficam os ambientes principais da série: o Cine Holliúdy, o Armazeco com a casa de Lindoso e Belinha no segundo andar, a Prefeitura e a casa de Olegário e Socorro.

Comidas típicas e “improvisos”: uma atração à parte

Ao assistir a série na primeira temporada, Eduardo (Guga) Feijó, que agora assina a produção de arte, conta que só pensou no quanto as pessoas que estavam no projeto eram felizes. Hoje entre elas, Guga ressalta que o principal desafio é manter o conceito já estabelecido. “O ‘Cine’ vem como herança para nós, de um DNA que foi montado na primeira temporada e que estamos dando sequência. Fazer esse trabalho, que eu chamo de arqueologia e reconstrução, é o desafio. Penso que a estética e o DNA do programa são tão fortes que não tínhamos como fazer diferente. É preciso dar sequência a isso”.

Para os clássicos filmes de Francis, com linguagem mais mambembe, por exemplo, a equipe pensa sempre em como o cinemista faria. “Fizemos muitos adereços e figurinos, já que alguns nesse caso são nossos, em parceria com o Giramundo (empresa de bonecos de MG, que faz shows). Na paródia do Dom Quixote, produzimos uma estrutura que veste o cavalo e customizamos a carroça, inspirada na série ‘Camicleta’, de ‘Shazan e Xerife’, protagonizada por Paulo José e Flávio Migliaccio. Criamos estruturas onde eles penduram os refletores, fruto do aproveitamento do tripé de uma coisa com uma lâmpada de outra, além de todo material deles. Fizemos a adaptação nela para construir a mesma carroça nas gravações realizadas em Quixadá”, destaca o produtor de arte.

Ele conta ainda que, para uma cena em que os homens se revoltam com a televisão e promovem um movimento para queimar os aparelhos, a equipe de efeitos montou uma estrutura de ferro com dois metros de altura para colocar os televisores e a arte produziu dezenas de aparelhos fakes com caixas de madeira pintadas de preto e plotagem de televisão, formando um quebra-cabeça, para que pudessem ser queimadas.

Em outro episódio, que traz a paródia do filme Star Wars, uma nave idealizada pela produtora de arte Eugenia Makaaroun no início do projeto chama a atenção. “Didi (Eugenia) comprou um aviãozinho de parque de diversões e mandou para o aderecista, que foi montando coisas sobre ele. É linda, grande, onde Francis e Munízio conseguem ficar sentados. Ela sacode, sai fumaça e imprime o lúdico do programa”, conta ele. Destaque em outro momento são as bonecas de barro inspiradas em Francisca e Formosa, ao estilo Mestre Vitalino, produzidas na fábrica de cenários dos Estúdios Globo, que vão gerar uma confusão danada entre as duas personagens.

A composição dos animais na cidade também é obra da produção de arte, assim como a culinária da região presente na trama. Além de cuidar dos bodes, cabras e dos cachorros, a equipe apurou o que tem em um café da manhã no Ceará, como a canjica, o pão, que é parecido com o pão de leite, as frutas, a macaxeira, tapioca, bolo de tapioca, conhecido como bolo solado, os sucos de caju e graviola. E no Armazeco, ponto de encontro dos personagens, chama a atenção as refeições, que são o baião de dois, o PF deles, que é arroz, feijão, uma das carnes e macarrão, e a buchada de bode, que não pode faltar. Tudo comida de verdade.  

Entrevista com Cláudio Paiva e Marcio Wilson

Com experiências de muito sucesso, como ‘Sai de Baixo’, ‘A Grande Família’ e ‘Tapas & Beijos’, Cláudio Paiva, supervisor de ‘Cine Holliúdy’, e Marcio Wilson, roteirista, estão juntos na segunda temporada. A obra é diferente do que eles já fizeram, mas tem a marca de humor ágil que faz parte de suas trajetórias. 

Como você sentiu a repercussão da primeira temporada de Cine? 

Marcio Wilson – Fiquei muito feliz com a repercussão e com os resultados alcançados, tanto na primeira exibição quanto na reprise. Acho que acertamos no coração do público e suprimos uma certa necessidade de ele relaxar e se divertir.

Cláudio Paiva - Tornamos o Cine Holliúdy popular no horário nobre. O projeto original do Halder e do Edmilson tinha esse potencial. Quando vi os filmes fiquei muito animado com as possibilidades. O sucesso da primeira temporada nos motivou a dar continuidade no projeto.

Como você define a temporada atual e qual a principal mensagem que ela traz?

Marcio Wilson – A segunda é uma temporada de afirmação da série. A vantagem que, à exceção do personagem da Francisca (Luisa Arraes), os demais já estão apresentados e familiares ao público. Nesta temporada, mostramos ao público que, para além da luta do Cine Holliúdy contra TV, nossas histórias contam aventuras fantásticas que mexem com o coração e a imaginação do público. Uma sátira do Brasil e do brasileiro. Acho que, se tivéssemos alguma mensagem seria: “rir de si mesmo é o melhor remédio, sempre”.

Cláudio Paiva - Como a série se passa nos anos 70, e no interior do Ceará, nossas histórias sempre se referem a fatos atuais. São coerentes com a época, mas sempre estão falando de assuntos atuais. Se tem uma mensagem, eu arriscaria dizer que nosso protagonista é o porta-voz dela quando luta para manter de pé seu sonho.

Qual a principal diferença entre as duas temporadas?

Marcio Wilson – Com certeza essa segunda temporada brinca mais com o realismo fantástico do que a primeira. E esse crescente só vai aumentar. A aventura será cada vez mais um dos ingredientes de Cine Holliúdy.

Cláudio Paiva – Temos uma prefeita mulher, a Socorro, e uma mocinha nova, a Francisca. Uma nordestina como o protagonista.

Quais são os principais temas abordados nessa temporada?

Marcio Wilson – A preservação do Cinema na briga contra a TV e os anos 70 serão sempre o pano de fundo para nossas histórias. Além disso, vamos desde “troca de corpos” até uma mulher que vira bicho, literalmente. Mas também misturamos acontecimentos históricos, como a Copa de 74 e a queda do Skylab na Terra, com a realidade surreal da cidade de Pitombas.

Cláudio Paiva - Na primeira temporada, mostramos a chegada da televisão na cidade. Dessa vez, a luta de Francisglaydson é chamar o público de volta para o cinema oferecendo o que a TV não mostra.

Como você define os relacionamentos de Munízio e Formosa, e Francisca com o Francis, nesta temporada?

Marcio Wilson – Em fase de teste, como toda nova relação. Francis vai conhecer Francisca, que a princípio lhe causa estranheza, mas, aos poucos vai entender melhor quem ela é, se apaixonar, e dar início a um relacionamento recheado de aventuras e percalços. Já Munízio e Formosa vivem uma química mais difícil, porque “quando um não quer dois não faz”. E Munízio ainda precisa convencer Formosa que ele pode substituir Francis no coração da garota. 

Cláudio Paiva - Francisca e Francis são o casal romântico da série. Munízio, mais ingênuo, vai ser usado por Formosa para provocar ciúmes no cinemista.

O que o público pode esperar da relação de Olegário e Socorro?

Marcio Wilson – Muuuito humor e diversão. E também uma paixão louca, que consegue suportar todas as adversidades, e pilantragens de Olegário. Dizem que o amor é cego, mas, no casso desses dois, além de cego o amor também é muito doido. Como se diz, os dois odeiam se amar, e amam se odiar. Como algo magnético que, apesar de tudo, os atrai: como a mariposa pra luz, mesmo sabendo que pode se queimar. Mais que isso, Olegário e Socorro têm temperatura para incendiar a telinha com suas brigas e armações, que arrastam com elas toda a política da cidade de Pitombas. Afinal, eles são os Kennedy dos Sertão.

Cláudio Paiva - Muitos conflitos pautados pelo machismo do ex-prefeito Olegário que não se conforma de não mandar mais na cidade.

A série traz mais uma vez uma homenagem ao cinema e à TV, com releituras de grandes clássicos. De que forma a série contribui para a valorização do audiovisual?

Marcio Wilson – Uma boa série, que é o que acreditamos estar produzindo, sempre contribui para o consumo do audiovisual no país. Mas quando essa série, além de atingir seu público de espectadores, também homenageia a sétima arte e a magia da experiência coletiva de uma sala de cinema, acho que aumentamos essa contribuição para o mercado audiovisual. Enaltecendo o consumo de conteúdo não só na televisão, mas também no cinema.

Cláudio Paiva - Com o crescimento do streaming, passamos a assistir material do mundo todo. Muita coisa boa. Temos que continuar seguindo nosso caminho, falando da nossa cultura e de coisas que só nós temos. Ver uma série como “Cine Holliúdy” se tornar popular no horário nobre é um prazer enorme. E uma grande vitória. Um amigo me mandou uma foto tirada em algum lugar do Brasil onde um sujeito se deu ao trabalho de grafitar a frase: “A Grande Família é melhor que Friends". Achei o máximo!

Maria do Socorro (Heloísa Périssé) passa de primeira-dama para a prefeita de Pitombas e Francisca (Luisa Arraes) é uma jovem empoderada, mas que também se abre pro amor, mesmo sendo avessa ao casamento. Como acha que os temas abordados irão contribuir para a reflexão da sociedade?

Marcio Wilson – Maria do Socorro vai enfrentar todo tipo de adversidade que uma mulher enfrentaria ao assumir o poder numa pequena cidade do sertão do Ceará, e nos anos 70! Claro, alguma coisa mudou de lá pra cá... As mulheres já estão na política, e já tivemos uma presidente. Mas pra Socorro, o “machismo serial” será seu grande oponente. Já Francisca, mais jovem e rebelde, e igualmente buscadora de seu espaço, vai entender que é importante lutar, “pero sin perder la ternura”. E nessa jornada, acabará conhecendo o amor: nosso cinemista, Francisgleydisson.  

Cláudio Paiva - Acho importante provocar alguma reflexão na plateia. Acredito que isso é um papel da arte, uma obrigação do artista.

Entrevista com a diretora artística Patricia Pedrosa

Precisão e agilidade são adjetivos que definem o trabalho de Patricia Pedrosa, diretora artística desta série. Ela conta com uma trajetória de sucesso na televisão (‘Mister Brau’, ‘A Fórmula’, ‘Chapa Quente’, ‘A Grande Família’, ‘Todas as Mulheres do Mundo’, ‘Shippados’), meio em que nem pensava em trabalhar. Seu sonho era ser regente e compositora e, para isso, ela cursou a faculdade de Música. Por outro lado, formou-se também em Cinema e Artes Cênicas. Atenta a cada detalhe, cada gesto e cada intenção do elenco, Patricia conduz suas cenas com elegância e, como dizem alguns, com uma inspiração de Guel Arraes, a quem ela chama de mestre. Patricia Pedrosa assina a direção artística da segunda temporada de ‘Cine Holliúdy’, onde já esteve à frente na primeira temporada.

Qual o desafio da direção nessa nova temporada de Cine Holliúdy?

O maior desafio foi transportarmos o ‘Cine Holliúdy’ para dentro dos Estúdios Globo. A cidade cenográfica de Pitombas foi uma grande conquista para nós, pois pudemos fazê-la do nosso jeitinho. Areias era ótima, mas tínhamos que nos ajustar à geografia do lugar. Agora podemos ter um espaço que foi pensado para a série.

Como você define a série?

Como uma homenagem ao cinema. Inclusive, é assim que a pensamos e fazemos, é como queremos que o público se sinta ao assisti-la: como se estivesse vendo um filme.

O que a série traz do filme ‘Cine Holliúdy’?

A série traz a atmosfera do filme e segue bebendo da briga entre o cinema e a tv. Mas a cidade de Pitombas e os personagens que habitam o universo do Francisgleydisson são novos. Os enredos também. 

Qual o conceito da série? A equipe mudou da primeira para a segunda temporada?

Mantive os meus parceiros dos últimos trabalhos que fiz. São todos excepcionais. O ‘Cine’ tem uma coisa de ritmo, corte, marcação e mise en scene um pouco mais artesanal. E isso nos descola de certa forma do universo da dramaturgia longa, porque, mesmo tendo os mesmos recursos, procuramos algo mais rústico, simples.

Quais são as referências para a série?

Não tem como assistir o ‘Cine’ e não pensar no ‘O Auto da Compadecida’, em ‘Lisbela e o Prisioneiro’, nos filmes do Guel Arraes.  A linguagem repleta de ritmo e marcas de cena que caminham junto com os diálogos são características comuns a essas obras. Trabalhamos com duas camadas, uma que está no subtexto da ação deles, nas marcas do que estão fazendo, e outra no que é falado. Nos aprofundamos mais na primeira camada para trazer a comédia do que na piada presente no texto. Ambas caminham para um mesmo objetivo, mas são construções completamente diferentes.

 Como define a sua direção artística?

Eu diria que tem um misto da linguagem de comédia que o Guel traz muito no trabalho dele, junto com a musicalidade que creio ser a minha maior marca –achar a cadência, o ritmo da cena. Eu tenho uma cabeça totalmente marcada pela música. Quando leio uma cena, penso no andamento musical dela, e, a partir disso, vou decupando as falas com as ações e os posicionamentos de câmera. Depois, no set, proponho o que pensei aos atores e ajustamos caso eles contribuam com mais marcas. Mas, basicamente, é como se houvesse um metrônomo ligado na minha cabeça sempre que eu estou dirigindo, e ele vai se ajustando aos acontecimentos da cena. Acredito, também, que a minha direção não pode ser maior do que o enredo, do que o que a série pede. Na verdade, eu tento entender qual é a pulsação, quais são as demandas daquele projeto, e, a partir disso, estudo a melhor forma de contar aquela história. 

Fale um pouco sobre o elenco. Parece que existe uma troca bacana entre você e Matheus no set.

Matheus Nachtergaele é um assunto à parte. Para mim, ele é dos maiores atores da atualidade. Temos uma sintonia muito bacana, somos parceiros há muitos anos. Tem algo que acontece conosco que é orgânico demais, nos entendemos no olhar. 

Fale um pouco sobre a chegada de Luisa Arraes no elenco.

A Luisa Arraes tem uma bagagem enorme, é uma atriz muito inteligente, que contribui no texto, nas marcas e intenções. Ela é da nossa trupe e vem jogando com o elenco de uma maneira que faz parecer que sempre fez parte do ‘Cine Holliúdy’.

Houve preparação para o elenco que está de volta?

Na segunda temporada, antes de pararmos na pandemia, quem veio foi o Hugo Possolo. Ele havia feito a preparação conosco na primeira temporada. Nessa retomada da segunda, eu trouxe o Amir Haddad para dar um axé. E foi maravilhoso, porque essa é uma série que tem gente de todo o Brasil. O Edmilson mora nos EUA, parte do elenco é do Ceará, tem gente que é de São Paulo, do Rio, é tudo misturado. É muito importante, no início de um trabalho, fazer algo para sintonizar todos numa mesma energia. Depois disso, eu entro fazendo as leituras e ensaiando algumas cenas. No set, costumo ir mais nas intenções do texto, nas marcas de cada cena. É um trabalho construído a cada dia ao longo de toda a temporada.

Acompanhou de perto a repercussão da primeira temporada?Começamos a rodar em 2017 e acabamos no início de 2018, mas a série só foi ao ar em 2019. Estávamos numa super expectativa. Foi um sucesso incrível e logo encomendaram a segunda temporada. Entrou a pandemia e eles reprisaram – um ano depois da estreia –, e o sucesso foi maior ainda. Isso foi surpreendente e nos deixou muito felizes. Temos muito amor pelo projeto, e esse amor, junto à alegria com que todos fazem a série, acabam transbordando na tela.

A que credita o sucesso da série?‘Cine’ é um produto com muita brasilidade. As pessoas se reconhecem muito naqueles personagens. Por mais que haja situações absolutamente irreais, os personagens são muito verdadeiros, têm características muito humanas, brasileiras. As pessoas acabam se identificando e torcendo por eles, torcendo, inclusive, pelos vilões. São personagens muito carismáticos, que falam do nosso Brasil, do nosso povo, da nossa língua, das nossas raízes. É uma comédia leve e, em um momento como o que estamos vivendo, ainda com resquícios da pandemia, você falar com alegria sobre assuntos que façam as pessoas se desligarem um pouco das tragédias que nos cercam, acaba sendo um grande  remédio.

Quixadá foi locação para as duas temporadas. Por que escolheram esse destino?Quixadá foi onde os filmes do ‘Cine Holliúdy’ foram filmados. É um Ceará pouco visto, porque sai da estética do sertão árido. Possui rochas magníficas, uma vegetação exuberante, é um olhar diferente das paisagens naturais do Nordeste.

A série terá um episódio musical nesta temporada. Fale um pouco sobre ele.

Bebemos dos musicais tradicionais, mas com um olhar mais brasileiro.

Entrevista com Halder Gomes

Da cabeça de Halder Gomes surgiu a história deste homem que ama o cinema e teme em perdê-lo. É dali também que vem ideias e alternativas para solucionar ou incrementar algo. Diretor de filmes e mestre de tae-kwon-do, o cearense também dirige a segunda temporada da série, que foi primeira experiência para a televisão na primeira temporada.

Como foi gravar essa temporada e Quixadá?

Voltar para Quixadá é sempre um prazer enorme para mim. Eu sou daquela região do sertão central, e a sensação é de estar em casa é muito gratificante. É um lugar inesgotável em possibilidades de novas locações. Aquelas pedras incríveis que existem lá, se você move um ângulo, surge um novo mundo. Dessa vez eu explorei alguns lugares que já filmei, mas em outros ângulos, e fui para outros lugares que nunca tinha ido. É sempre uma descoberta, o lugar não cansa de me surpreender. Dessa vez, inclusive, fomos em uma pedra que hoje é chamada de ‘Pedra da Juliette’, filmamos na Fazenda Magé, que tem locações incríveis, inclusive uma árvore secular que é um espetáculo, a Árvore da Barriguda, bem famosa. Gravamos em Custódio, uma região com pedras, formações lindíssimas, fizemos algumas cenas de estrada, para estabelecer a paisagem e essa conexão, essa Pitombas, que é como se fosse um município situado na região do sertão central, tornando-se, para nós, o 185º município do estado do Ceará. Ele é fictício, mas foi absorvido pela população do Ceará como sendo algo existente no imaginário. Geograficamente, Pitombas está próxima de Quixadá.   

Você acompanhou a repercussão da primeira temporada?

Quando fizemos a primeira temporada, eu sabia que tínhamos algo muito especial, muito original, e que cairia no agrado do público. Quando entrou no ar foi aquele sucesso doido. Para nós foi muito gostoso acompanhar aquilo, porque tem algo muito interessante da TV aberta, que nenhuma outra janela consegue alcançar: a resposta imediata de milhões de pessoas ao mesmo tempo, as pessoas no Twitter comentando. Vemos muito claramente o que funcionou. Eu tenho uma grande expectativa para a segunda temporada, até porque ela vem muito forte: ótimos roteiros, personagens, participações. Creio que temos outro sucesso medonho vindo aí (risos).    

Como você atua na série, afinal, tudo começou com o filme?

Eu fico aqui em uma consultoria viva, porque tem a parte da língua, em si, e tem um humor muito particular, que é nosso, do Ceará, e um humor que é nosso, meu, do Edmilson, do Haroldo, que é um mundo que construímos e está na série. É como ver releituras, porque, por exemplo, quando eu vejo o Marcio e o Cláudio Paiva escrevendo, eles estão interpretando algo que teve um ponto de partida, e eu acho muito gostoso ver os desdobramentos através de outros olhares. O que eu adoro da série é isso: ela vai ganhando asas, outros caminhos... é muito massa acompanhar de perto.

Qual a principal diferença da segunda para a primeira temporada de ‘Cine’?

A diferença é que na primeira temporada nós filmamos em locação, uma cidade chamada Areias, em São Paulo, que remetia muito às cidades interioranas do Ceará na década de 1970, principalmente as cidades mais serranas. Então, tínhamos a vivência da locação. Já na segunda temporada, trazemos isso para o estúdio, o que tornou necessária toda uma pesquisa arquitetônica de época para poder construir uma Pitombas que remetesse àquela memória afetiva criada pelo público na primeira temporada e atendesse também às questões estéticas e arquitetônicas da época.

Qual o maior desafio de gravar a segunda temporada numa cidade cenográfica dentro dos estúdios?

Existem muitas diferenças com relação a filmar em locação. Obviamente, a locação te dá uma vivência causada pela relação dos materiais expostos às variações climáticas, o que vai dando textura e um lugar muito mais crível. Mas a locação também traz alguns desafios técnicos difíceis de domar. O estúdio traz esse conforto, em que temos controle absoluto de tudo, e o grande desafio é fazer com que esse conforto nos dê também o que a locação oferece em termos de credibilidade – esse trabalho do departamento de arte é muito minucioso, bem-feito, caprichoso. E quando integramos as locações nas quais filmamos em Quixadá, e isso tudo se dilui ao longo dos episódios, conseguimos encontrar um equilíbrio, uma harmonia em que tudo fica mais realista.

Como é a sua parceria com a Patricia Pedrosa?

A minha relação com a Patricia é muito especial. Ela foi um presente que eu ganhei na vida, ao longo de tantos trabalhos em audiovisual. Ela tem uma maestria nessa linguagem da série, e um conhecimento espetacular sobre os tempos, os ritmos de TV aberta como ninguém tem. E nos complementamos por essa questão desse humor muito particular de onde eu venho, que eu vivenciei, das lembranças desse lugar, da década de 1970 – o berço do ‘Cine Holliúdy’ é praticamente um universo de lembranças – e elas se tornam a grande referência de pesquisas, de materiais, de toda a questão de figurino, de arte, e caracterizações que a série pede. Acho que é uma relação muito boa. Boa de conviver, de trabalhar e de trocar. Eu me sinto um grande felizardo por ter uma parceira como a Patricia.

Como é a parceria com o elenco? Alguma curiosidade de bastidor?

A parceria com o elenco vem de uma trupe: Edmilson, Haroldo, Falcão e eu somos um grupo que trabalha junto desde 2003, e isso se estende nos projetos. Somos uma trupe que se desloca de um universo para outro, de uma história para outra. Às vezes convivo mais com essa trupe do que com familiares, e isso é bom, porque nos conhecemos muito, o que torna a direção muito fácil. É um entrosamento de um time muito azeitado, que joga há muito tempo junto, o que é mais interessante dessa relação. Isso também se incorpora aos que chegam. Muitas vezes as pessoas entram no universo ‘Cine Holliúdy’, em meio a essas feras da comédia, que já têm domínio pleno de seus personagens. Mas pessoas se sentem tão bem, tão em casa, dentro da construção, que rapidamente parecem que já fazem parte daquele universo, o que é muito gostoso dentro dessa relação desses personagens que chegam e causam dentro da trama, por episódios ou pela temporada inteira.      

Qual a sensação de ver um produto que começou com você ganhando novas temporadas?

É muito gratificante. Depois de ter iniciado em 2003 como curta-metragem, que virou um longa-metragem, e então uma sequência no cinema, e já estar indo para novas temporadas. Isso faz do ‘Cine Holliúdy’ um case inédito no Brasil e raríssimo no mundo. Um projeto com tanta longevidade a partir de uma sementinha de um curta-metragem.

Como acha que a série contribui para o público em casa pensar as questões do seu país?

O ‘Cine Holliúdy’ é uma excelente diversão de altíssima qualidade para o momento em que vivemos. É um conteúdo muito fácil de assimilar, muito popular, mas caprichado e muito bem-feito. E isso é importante porque ele é uma grande crônica de um Brasil de uma época que dialoga com esse Brasil contemporâneo. A comédia tem a licença poética de falar de vários assuntos que estão em camadas, em subtextos, e que são divertidos e assimilados por todos. É muito interessante como ele consegue ser abrangente em todas as classes sociais, nas faixas etárias, nos gêneros. O ‘Cine Holliúdy’ tem essa rara magia em um país tão difícil de dialogar e se tornar um grande debate sobre esse microcosmo que é Pitombas, mas que fala com e representa um país inteiro. 

Perfil dos personagens

Francisgleydisson (Edmilson Filho) – Sonha em ser o Chaplin do sertão. Apesar de não ter diploma, é um grande conhecedor da sétima arte e dono do Cine Holliúdy, o único de Pitombas, administrado por ele e Munízio (Haroldo Guimarães), seu melhor amigo de infância. Unindo o útil ao agradável, Francis passa a produzir filmes falados em cearensês para agradar ao público e manter o cinema vivo, mesmo com a chegada avassaladora de TV nos lares da cidade. Agora, Francis terá a ajuda preciosa de Francisca (Luisa Arraes).

Olegário (Matheus Nachtergaele) – Típico político populista que povoa as cidades de interior do país, é ensaboado que só. Dono de discursos prolixos e cunhador de curiosos neologismos, ao clássico estilo nordestino. Olegário é um diplomata nato, acostumado a levar o povo na lábia. Olegário não é mau, só não é muito correto. Afinal, ele sabe que o caminho que leva à honestidade é cheio de atalhos. Terá que lidar com a ascensão de Socorro (Heloísa Périssé) como prefeita, mas não consegue deixar de agir pelas costas da mulher, embora ame muito sua “Corrinha”.

Maria do Socorro (Heloísa Périssé) – Mudou-se de São Paulo com a filha para viver ao lado do prefeito de Pitombas, Olegário (Matheus Narchtergaele). Vaidosa e ciumenta, controla Olegário na palma da mão e sempre consegue o que quer, mesmo que às custas dos cofres da Prefeitura. Agora estará do outro lado da história, como prefeita, e terá como principal obstáculo para uma boa gestão ninguém menos que o marido Olegário.

Francisca (Luisa Arraes) – Filha bastarda de Olegário com a meretriz Madalena (Luiza Tomé), egressa de Pitombas. Está em busca de seu pai e precisará conquistar o respeito dele – para isso, contará com a ajuda de Socorro (Heloísa Périssé). Esperta, questionadora e dona de ideias novas e progressistas, vai colaborar para o sucesso das películas de Francis (Edmilson Filho), com quem começa uma parceria artística que depois se torna amorosa, dentro e fora dos filmes.

Munízio (Haroldo Guimarães) – É o melhor amigo e companheiro de todas as horas de Francis (Edmilson Filho). Sozinho no mundo, Munízio enxerga no amigo uma mistura de pai, irmão mais velho e mestre kung fu. Porém, quando Francis viaja muito em seus delírios, é Munízio quem dá a real. Nesta temporada, ele finalmente irá sair da solidão e se envolver com Formosa (Lorena Comparato).

Lindoso (Carri Costa) – É dono do armazeco, uma mistura de armazém com boteco, no qual todos da cidade batem ponto. Lindoso é um dos principais críticos de Olegário (Matheus Narchtergaele) e casado com Belinha (Solange Teixeira), a carola mais moralista da cidade.

Belinha (Solange Teixeira) – Recatada e do lar, é esposa de Lindoso (Carri Costa). Trabalha no armazeco e quer que Formosa (Lorena Comparato) faça um bom casamento e deixe de ser “desmiolada”.

Formosa (Lorena Comparato) – Filha de Lindoso (Carri Costa) e Belinha (Solange Teixeira). Trabalha no armazeco da família e sonha em se casar de véu e grinalda com Francis (Edmilson Filho). Sua obsessão é tamanha que agora quer ser atriz para ficar perto de Francis, para contragosto da família. Irá se envolver com Munízio (Haroldo Guimarães).

Jujuba (Gustavo Falcão) – O atrapalhado assessor da prefeitura. Tem uma índole honesta e vive questionando a ética na política. Sua aspiração de vida é se tornar amigo íntimo do prefeito em exercício, no caso, de Socorro (Heloísa Périssé). Em busca de aprovação, consegue transformar qualquer incumbência em uma possível catástrofe. Com o apoio de Belinha (Solange Teixeira) e Francisca (Luisa Arraes), vai se mostrar como é de verdade.

Delegado Nervoso (Frank Menezes) – É desses belicistas de almanaque, que sabe tudo de guerras, exércitos, armas, mas nunca deu um tiro na vida. Fanático pelos filmes de luta do Cine Holliúdy, ele sonha ser como Charles Bronson, mesmo que seja em Pitombas. Enquanto isso não acontece, ele se preocupa em agradar os poderosos e moralistas da cidade.

Padre Raimundo (Cacá Carvalho) – Está sempre no meio dos conflitos, sempre requisitado por todos e tem que lidar com a carolice de Belinha (Solange Teixeira).

Dr. Odílio (Flávio Bauraqui) – Médico do posto de saúde de Pitombas. Começa a se aproximar de Jujuba (Gustavo Falcão).

Cego Isáías (Falcão Maia) – Participa das sessões na câmara municipal e acompanha todos os acontecimentos da cidade.

Participações especiais

Madalena (Luiza Tomé) – Mãe de Francisca (Luisa Arraes)

Saia vermelha (Lucas Veloso) – Bandido que assalta Olegário (Matheus Narchtergaele).

Leôncio (Eduardo Sterblitch) – Antigo relacionamento de Francisca (Luisa Arraes).

Chico (Gero Camilo) – Empresário dono de uma casa de fogos.

Luna/ Konga (Nanda Costa) – Jovem que se transforma em gorila em uma atração de um parque de diversões.

Governador (Stepan Nercessian) – Governador do Ceará.

Comunicação Globo


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