Por: Miguel Falabella tinha tudo para não ser artista. Filho de uma professora de Literatura Francesa e um arquiteto, ainda menino começou a se interessar pelas palavras e cursou a faculdade de Letras. Chegou a fazer prova para ser diplomata, grande sonho de s
Novela de: Miguel Falabella
Colaboração de: Flávio Marinho e Antônia Pellegrino
Direção: Mauro Mendonça Filho, Flávia Lacerda e Tande Bressane
Direção geral: Mauro Mendonça Filho
Núcleo: Roberto Talma
Miguel Falabella tinha tudo para não ser artista. Filho de uma professora de Literatura Francesa e um arquiteto, ainda menino começou a se interessar pelas palavras e cursou a faculdade de Letras. Chegou a fazer prova para ser diplomata, grande sonho de seus pais, mas desistiu de tudo em função da paixão pelo teatro. E, mesmo sem o apoio da família, já aos 24 anos, em 1981, estava contratado na TV. Fez as novelas Sol de Verão, Amor com Amor se Paga e Livre para Voar, mas o primeiro grande sucesso só veio em 1986, em "Selva de Pedra". O ator encarnava o psicopata Miro. "A Globo sempre foi muito querida comigo. Mas eu também sempre fui muito querido com ela", pondera.
Nesses 27 anos, Miguel só passou seis meses fora da emissora. Em 1985, foi chamado para escrever, na Manchete, o seriado Tamanho Família. Mas não chegou a participar do projeto até o final. "Foi pouco tempo e não cheguei a atuar", conta o ator e escritor. Em 1987, trocou novamente de área e foi um dos diretores de "Sassaricando". Depois disso, Miguel marcou presença em várias novelas da Globo, como "O Outro", "Mico Preto", "A Viagem" e "Cara & Coroa", até que teve a sinopse de "Salsa e Merengue" aprovada pela emissora, em 1996. A trama, focada no humor, deu certo e abriu portas para Miguel escrever uma nova novela. "A Lua Me Disse" só entrou no ar em 2005, depois que Miguel ficou quase seis anos no seriado "Sai de Baixo" e participou como ator de "Agora É Que São Elas". "A vida foi me fazendo cada vez mais autor", analisa.
Ao contrário de suas outras novelas, Miguel Falabella não conta com a ajuda da amiga Maria Carmem Barbosa na hora de escrever "Negócio da China". O autor jura que não existe nenhum problema entre os dois e enxerga como positiva essa separação. Ainda que momentânea. Para Miguel, funciona como uma espécie de respiro para a parceria deles. "É como um casamento: quem não trai, apodrece", compara. Mesmo assim, os dois continuam trabalhando juntos. Maria Carmem também é uma das responsáveis pelo texto do seriado "Toma Lá, Dá Cá". "Nessa novela não rolou, mas num próximo trabalho podemos voltar a escrever juntos", afirma.
Trajetória televisiva
Sol de Verão (Globo, 1982) - Romeu
Amor com Amor Se Paga (Globo, 1984) - Renato
Livre para Voar (Globo, 1984) - Sérgio
Tamanho Família (Manchete, 1985) - Autor
Selva de Pedra (Globo, 1986) - Miro
Sassaricando (Globo, 1987) - Diretor
O Outro (Globo, 1988) - João Silvério
Tieta (Globo, 1989) - Miguel
Mico Preto (Globo, 1990) - José Luiz Menezes Garcia
As Noivas de Copacabana (Globo, 1992) - Donato Menezes
A Viagem (Globo, 1994) - Raul
Cara e Coroa (globo, 1995) - Mauro
Salsa e Merengue (Globo, 1996) - Autor
Sai de Baixo (Globo, 1996 - 2002) - Caco Antibes e também Autor
Agora É Que São Elas (Globo, 2003) - Juca Tigre
A Lua Me Disse (Globo, 2005) - Autor
Toma Lá, Dá Cá (Globo, 2007) - Mário Jorge
Negócio da China (Globo, 2008) - Autor
Negócio da China é uma comédia urbana com personagens divertidos e extravagantes. As histórias têm como cenário as cidades do Rio de Janeiro e de São Paulo, além de Macau e Hong-Kong, na China, e Lisboa, em Portugal.
A história começa a se desenrolar a partir de um roubo milionário num cassino da China, roubo esse cometido por Liu. O dinheiro, ou melhor, as informações sobre essa fortuna, vêm parar no Brasil e isso mexe com a vida de quase todos os moradores de um fictício bairro do subúrbio carioca, o Parque das Nações, onde mora a romântica e batalhadora Lívia, uma típica garota que abre mão da sua família para tentar uma vida melhor em Portugal. Como a empreitada é mal-sucedida, Lívia decide voltar para o Brasil.
Ela é casada com Heitor, com quem tem um filho de onze anos, Théo. Por terem engravidado muito cedo, enfrentaram muitas barras e hoje vivem brigando e discutindo, mas não conseguem viver um longe do outro. As brigas são intesificadas por Luli e Suzete, as mães de Heitor e Lívia, que apesar de nunca terem se entendido, tem algo em comum: querem ver seus filhos bem longe um do outro. E é com toda essa conturbada vida que ela conhece João, um jovem português que veio trabalhar na padaria do tio, ao lado da mãe, a controladora Aurora, e então ficará divida entre seus amores, e terá que escolher, Heitor ou João.
Diego é um jovem lutador de kung fu, um garoto bonito e determinado, é filho de Júlia, uma médica conceituada e bonita, e teve sua vida mudada com a morte do pai, Ernesto, que o revelará à beira-da-morte que ele é adotado. Ele namora a jovem Celeste, um menina bonita que trabalha na padaria do pai, Belarmino, mas sonha em ser modelo, e tem eu sonho realizado ao ser encontrada por um olheiro que a transforma numa grande top-model e a faz se tornar Heaven, mas, sorte no trabalho e azar no amor, ao começar sua carreira promissora de modelo ela começa a ter muitos problemas em sua relação com Diego, problemas que crescem ainda mais quando a jovem Antonella, uma estudante de direito se apaixona por ele.
Antonella é filha de Joelma e de Mauro Bertazzi, um casal da alta sociedade carioca. Mauro é um executivo excelente, mas também um grande cafajeste, ele trai sua mulher com Denise, irmã mais nova de Júlia que a inveja por ela ter um casamento perfeito, Denise vive sempre mau-humorada por sempre estar com prisão de ventre. Mauro trabalha com Adriano Fontanera, um advogado rico, gentil e de bom-caráter, é dono do escritório de advocacia com o pai, Evandro e sofre com a ex-mulher, Abigail, que quer reatar a todo custo.
E Negócio da China conta também a história de Marilanis Silvestre, uma mulher excêntrica, dona de uma casa de shows e que acha que sabe cantar, o que na verdade faz muito mal, mas a vida dessa linda mulher não é só isso, seu marido, Edmar Silvestre foi sequestrado pelas FARC há algum tempo, e com ele Marilanis teve uma filha, a doce Flor de Lys, sua maior paixão, mas mesmo com todos esses problemas essa mulher leva a vida de uma forma leve e bem-humorada.
Grazielli Massafera - Lívia
Fábio Assunção - Heitor
Ricardo Pereira - João
Thiago Fragoso - Diego Dumas
Natália do Valle - Drª Júlia Dumas
Herson Capri - Adriano Fontanera
Eliana Rocha - Luli Maria
Juliana Didone - Celeste / Heaven
Fernanda de Freitas - Antonella Bertazzi
Francisco Cuoco - Dr. Evandro Fontanera
Yoná Magalhães - Suzete
Oscar Magrini - Mauro Bertazzi
Vera Zimmerman - Joelma Bertazzi
Xuxa Lopes - Abigail
Luciana Braga - Denise Dumas
Nathália Timberg - Dona Augusta Dumas
Maria Vieira - Aurora
Leona Cavalli - Maralanis Silvestre
Ney Latorraca - Edmar Silvestre
Jui Huang - Liu
Bia Nunnes - Matilde Fontanera
Zezeh Barbosa - Semíramis
Joaquim Monchique - Belarmino
Carla Andrino - Carminda
Dudu Pelizzari - Tozé
Raoni Carneiro - Heraldinho
Ellen Rocche - Laura
Jandir Ferrari - Alaor
Thelma Reston - Olímpia
Maria Gladys - Lucivone
Débora Olivieri - Aldira
Josie Antello - Lausanne
Elder Gatelli - Jasão
Luciana Mizutani - Suyna
Sandro Christopher - Odilon
Cacau Hygino - Pedro
Izabella Bicalho - Zuleika
Rodrigo Mendonça - Dr. Ramiro
Nil Neves - Isidoro
Duse Nacaratti - Tia Saudade
Cláudia Netto - Dalva
Frederico Reuter - Zé Boneco
Ernesto Xavier - Tamuz
Chao Chen - Zedong Yao
Renata Vilela - Dra Myrna
Bruce Gomlevsky - Nereu
As Crianças
Eike Duarte - Théo
Bruna Marquezine - Flor de Lys Silvestre
Isabelle Drummond - Carolina
Participações Especiais
Antônio Fagundes - Ernesto Dumas
A Globo acredita que pode dar um golpe na baixa audiência do horário das seis com Negócio da China. Para isso, escalou o tom irônico do autor Miguel Falabella para uma trama que mais parece uma colcha de retalhos cosmopolitas. Protagonizada pelo triângulo amoroso vivido por Grazi Massafera, Fábio Assunção e Ricardo Pereira, nas peles de Lívia, Heitor e João, a história mescla um roubo milionário na China com a lusofonia.
Neste mosaico internacional, o autor mistura os núcleos do subúrbio carioca, de um fracassado restaurante mexicano e de muitos golpes de kung fu. O que promete ser uma espécie de história em quadrinhos, pelos efeitos especiais e pelo dinamismo da direção de Mauro Mendonça Filho.
Mas, além de herdar a audiência de inexpressivos 22 pontos de Ciranda de Pedra, a novela ainda estréia em horário de verão, o que pode ser um golpe fatal nos sonhos de Falabella. "Aviso logo que não vou fazer um Globo Repórter. Em novela, tudo pode existir. Eu faço realismo fantástico", defende-se de antemão o autor, que não teme a excêntrica mistura de personagens com histórias mirabolantes.
A trama começa com um roubo bilionário num cassino chinês pelo marginal chinês Liu, de Jui Huang. Para não deixar rastros, o personagem guarda todas as informações sobre o dinheiro num pen drive e foge para Lisboa.
No aeroporto, conhece os portugueses D. Aurora, de Maria Vieira, e João, de Ricardo Pereira, que estão embarcando para o Brasil. Com isso, Liu decide esconder o pen drive na bolsa da portuguesa. Antes de embarcar, João se apaixona à primeira vista por Lívia, que está de volta ao Brasil.
"Um dia, estava em Lisboa e tive a idéia de falar sobre povos que falam português. Depois, incrementei com um roubo extraordinário", argumenta Falabella. "Vou colocar essa aventura no universo chinês que está presente em detalhes da nossa vida e no universo do autor", observa o diretor Mauro Mendonça Filho.
No Brasil, o mimado Heitor, papel de Fábio Assunção, faz tudo para reatar com sua ex-mulher Lívia, que, apesar de ainda ser apaixonada por ele, tem a consciência de que a relação não dá certo. "Como diz o Falabella, a tesoura não corta esse amor, mas mastiga. É sofrido, doloroso", ressalta Fábio.
Mas a comédia parece falar mais alto que o romantismo. Principalmente no núcleo suburbano da trama, o fictício bairro Parque das Nações. Ele abriga a Panificação Nossa Senhora Desatadora dos Nós, da família portuguesa de Celeste - de Juliana Didone -, e a academia de kung fu Terra do Meio, onde treinam Flor de Lys e Diego - de Bruna Marquezine e Thiago Fragoso.
A comicidade se instala mesmo é no fracassado El Chaparrito, restaurante mexicano de Maralanis e seu marido Edmar, vividos por Leona Cavalli e Ney Latorraca. Enquanto Edmar é seqüestrado pelas Farc, Maralanis, sem nenhum dom artístico, desperdiça o talento musical de seus cozinheiros e insiste em ser a estrela de seus shows. "O humor não vai ser óbvio. Ele está nas situações", valoriza Ney.
Na contramão da comédia, a história também aborda a inseminação artificial através do personagem Diego, de Thiago Fragoso. Filho de Júlia, de Natália do Vale, e neto de Augusta, vivida por Nathália Timberg, no dia da morte de seu pai Ernesto - breve participação de Antônio Fagundes -, ele descobre que seu pai de criação era estéril.
Com isso, parte em busca de seu pai biológico, apoiado pela rancorosa tia Denise, de Luciana Braga. Amargurada com sua vida, Denise é amante de Mauro, vivido por Oscar Magrini. Ele tem uma família com a mulher Joelma, - de Vera Zimmermann -, e a filha Antonella, uma advogada vivida por Fernanda de Freitas.
"Atordoado, meu personagem vai para São Paulo, onde foi feita a inseminação, para tentar achar o pai", adianta Thiago Fragoso.
O humor escrachado de Negócio da China se reflete na escolha da caracterização dos personagens e, principalmente, no figurino de Sônia Soares. Inspirada em longas com temáticas orientais, como O Clã das Adagas Voadoras e O Tigre e o Dragão, a figurinista viajou para a China e para Portugal para pesquisar e comprar tecidos e acessórios para os personagens. As lutadoras de kung fu Flor de Lys, de Bruna Marquezine, por exemplo, é inspirada no visual das personagens de revistas de mangás.
Mas a exuberância está presente mesmo é nos figurinos de Maralanis, de Leona Cavalli, que mistura estampas, tons extravagantes e uma overdose de bordados. "Ela tem uma leve inspiração em Julia Roberts no filme Erin Brockovich, mas com muita sensualidade", define Sônia.
A comicidade transborda ainda mais no visual do que o autor chama de "Sex and The City do subúrbio". As amigas Lausane, Aldira e Lucivone, respectivamente de Josie Antello, Débora Olivieri e Maria Gladys, tiveram todo figurino e caracterização inspirados em filmes, como As Bruxas de Eastwick. As três imitam seus modelos entre si em compras nos camelódromos e numa fictícia grife do subúrbio carioca.
Mesmo diante da má fase no horário das 18 horas e da fracassada audiência da antecessora Ciranda de Pedra, que não ultrapassou os 25 pontos, Miguel garante que não se preocupa com o Ibope. E demonstra que não faz concessões. "Faço o meu mundo. Nunca serei um sucesso estrondoso, mas tenho meus seguidores", gaba-se.
Mas Miguel se contradiz ao deixar escapar que fica de olho nos números, sim. Pelo menos nos do seriado Toma Lá, Dá Cá, que também escreve e no qual interpreta o divertido Mario Jorge. "Outro dia marcamos só 23 pontos de média, mas 63% dos telespectadores daquele horário estavam nos assistindo. O público migrou para a Internet", analisa.
Negócio da China foi planejada para a faixa das 19 horas, mas a emissora antecipou sua estréia e mudou o horário. Foi difícil adaptar a sinopse para a exibição às 18 horas?
Não tive grandes problemas. Se a história é boa, interessante e você tem vontade de vê-la no ar, você adapta. Segurei um pouco o meu universo Toma Lá, Dá Cá, que é o que eu mais gosto. A comicidade dos núcleos era bem maior, mas todos eles tinham uma história folhetinesca costurando as tramas. Me prendi mais a essas histórias e deixei de lado o tom cômico dos personagens.
Você escreve, atua, produz, dirige, enfim, tem experiência em várias funções. É difícil se segurar para não se envolver em outras áreas em Negócio da China?
Eu não me envolvo em mais nada. Só escrevo a novela. Não fico preocupado com outras coisas.
Então por que você pediu que o elenco regravasse cenas que não estavam boas?
Os atores portugueses tiveram de regravar porque estavam tentando fazer um sotaque brasileiro e ficou horrível. Os personagens são portugueses, têm de falar como se fala lá. Mas acho que foram umas sete cenas e só por causa disso.
E a Grazi? Ela também teve de regravar...
Pedi para regravar uma cena sim. Mas qual é o problema?
Não deve ser uma situação confortável...
Ela é a primeira a saber que tem uma estrada pela frente. A Grazi sabe o quanto vai apanhar. Já falei para ela: "Meu amor, o segredo não é bater, o segredo é saber apanhar". As lacraias estão aí para isso. Ela tem de se manter em pé e ir em frente. E isso não atrasou a produção. Ao contrário do que disseram, foi só uma cena. Justamente a que ela fez no teste. Eu vi o teste dela e estava ótimo. Até porque, se não estivesse, eu não teria aprovado. Mas quando foi gravar a cena para ir ao ar, achei que ela podia mais. Só isso.
Então você confia na Grazi no papel de protagonista?
Ela fez um teste e foi aprovada, inclusive por mim. É uma menina muito franca e sabe que vai apanhar. Me encantou pela maturidade e pela sinceridade, que é rara. Foi isso que me conquistou. E olha que eu sou uma "puta velha", daquelas que está esperando um caminhoneiro no fim da noite. Me convenceu. Não tem técnica, mas isso só se ela fosse uma gênia. Ela tem sinceridade e um carisma enorme, o que já a deixa bem à frente de várias outras atrizes. Também rola uma química muito forte entre ela e o Fábio Assunção. Dá tesão ver os dois juntos em cena. O estúdio enche na hora das gravações. Já estive lá conferindo.
Como você encara a baixa audiência da faixa das 18 horas?
Eu acho que não faço concessões. Faço meu mundo. Nunca serei um estrondoso sucesso, mas tenho meus seguidores. Minha preocupação é escrever bons diálogos, em bom português. E me considero muito "público". Assisto às minhas criações como se não fossem minhas. Se eu não gosto daquilo, eu mexo. Na hora de assistir, esqueço que é meu.
O que Negócio da China tem, na sua opinião, para fazer o Ibope subir?
Não me preocupo com audiência. Não paro para olhar pesquisas e nem quero saber de números. A não ser, é claro, que seja um grande fracasso. Aí a gente pára, analisa o que está acontecendo. Não adianta tentar prever como vai ser. Eu quero que a audiência seja boa. Acho que vai bombar. Mas se não bombar, também, dane-se. Não vou morrer por causa disso. Não vivo esse universo. Meu universo é criar uma história, não fico com um contador de audiência do lado. Mas a trama tem elementos que devem emplacar, como o romance e a aventura, que ganhou mais espaço nesse horário.
De que forma?
A academia de kung fu não existia na sinopse original. Existia a luta, mas não esse centro que reúne as pessoas. E a função desse núcleo vai além de explorar a luta ao mostrar as pessoas tendo aulas. No futuro, todos vão se unir contra os chineses que vêm para o Brasil por causa do golpe.
Além do núcleo de ação, você também escalou atores que já trabalharam em musicais. Você pretende trabalhar esse lado nos personagens?
Essa é uma parte da novela que eu acho muito legal. Izabela Bicalho, Cláudia Netto, Sandro Chistopher e Frederico Reuter são cantores e vão fazer cenas bem engraçadas com a Leona Cavalli. Tive a idéia de criar um local onde a única pessoa que não tem talento nenhum é a grande estrela. E esse foi um bom jeito de valorizar uma coisa que o brasileiro não conhece: a música portuguesa. O Zé Boneco, personagem do Frederico, fará sucesso cantando clássicos portugueses. São canções lindíssimas e que não são conhecidas aqui.
Por que você decidiu abordar a cultura portuguesa na novela?
Acho importante fazer essa ponte entre o Brasil e Portugal. A Inglaterra e os Estados Unidos fazem isso e se dão muito bem. Mas aqui a gente abre mão da lusofonia. Fui a Angola recentemente, fiz um espetáculo lá e foi lindo. Era eu falando com sotaque brasileiro, a Teresa Guilherme falando com sotaque português e uma platéia angolana. Era uma festa de lusofonia. Amadureci essa idéia. Se tivesse mais tempo, criaria também um núcleo de imigrantes angolanos. Mas não deu, estou numa correria. Fica para uma próxima vez.
Por falar em correria, o Toma Lá, Dá Cá continua na grade da Globo em 2009. Você continuará escrevendo e atuando?
Normalmente. É um programa que tem uma grande aceitação e com o qual me identifico muito. Vai ficar pesado no início, mas só até novembro, quando acabamos de escrever a temporada de 2008. E a próxima começa só quando a nova grade estrear, geralmente em março. A novela termina em maio, ou seja, vou ter uma folga. E até o começo da próxima temporada, tudo já vai estar nos eixos. Eu sou doido, mas dentro da minha loucura existe uma organização. E tenho uma característica muito boa: quando estou trabalhando, podem fazer o que for do meu lado que não me atrapalho. Desligo os telefones e me isolo. Às vezes atrasa, porque nem sempre a gente dá conta de tudo no prazo. Mas no final dá tudo certo.
A próxima novela das 18h, “Negócio da China”, será temperada com muito romance. Heitor (Fábio Assunção) e Lívia (Grazi Massafera) foram casados e têm um filho, Théo (Eike Duarte). Seria uma família de dar inveja em qualquer um, pai, mãe e filho lindos de morrer! Isso se o relacionamento de Lívia e Heitor não estivesse por um fio.
Mas Heitor ainda é apaixonado por Lívia e, apesar de todas as adversidades, não desiste de tentar reconquistá-la. Lívia é uma das personagens românticas e sonhadoras da trama. Ela também é batalhadora e, por isso, decide abrir mão da sua família para tentar uma vida melhor em Portugal. Como a empreitada é mal-sucedida, Lívia decide voltar para o Brasil.
Para conseguir o amor da esposa novamente, Heitor precisa driblar vários obstáculos. O maior deles é João (Ricardo Pereira), um jovem português que se encanta por Lívia no primeiro momento em que se olham.
Celeste está com o namorado, Diego, quando ele recebe a notícia de que seu pai morreu. Neste momento, ela tem a certeza de que precisa ficar ao lado de Diego como nunca. É na hora da morte que se reconhecem os verdadeiros apoios e ela sabe disso. Mas como seus pais são dois portugueses que educam os filhos de forma muito rígida, nem mesmo a morte é um forte motivo para a filha ficar com o namorado no hospital, à noite. Na hora em que Celeste sai de casa sua mãe a aborda e é direta: “Aonde tu vais uma hora dessas?”, diz Carminda.
Situação difícil...
Depois que Celeste responde sem pestanejar, a mãe retruca: “Só porque o Dr. Ernesto morreu, tu queres matar teu pai também?”. De qualquer forma, Celeste não deixa a peteca cair. “Eu vou ao hospital com o homem que amo e que acaba de perder o pai. E nenhum de vocês vai me impedir disso”. Impedir eles não vão mesmo, mas como será quando Celeste voltar para casa?