Por: Lícia Manzo estreou como autora aos 15 anos, assinando o primeiro texto encenado pelo Grupo Além da Lua, fundado por ela e vencedor do Prêmio Molière como o melhor grupo de teatro para crianças, em 1984. Há 14 anos na TV Globo, escreveu para os humorísti
Novela de: Lícia Manzo
Escrita por: Lícia Manzo e Marcos Bernstein
Colaboração de: Álvaro Ramos, Carlos Gregório, Giovana Moraes, Marta Góes, Tati Bernardi, Dora Castellar e Daniel Adjafre
Direção de: Teresa Lampreia, Luciano Sabino, Adriano Melo e Leonardo Nogueira
Direção geral de: Jayme Monjardim e Fabrício Mamberti
Núcleo de: Jayme Monjardim
Lícia Manzo estreou como autora aos 15 anos, assinando o primeiro texto encenado pelo Grupo Além da Lua, fundado por ela e vencedor do Prêmio Molière como o melhor grupo de teatro para crianças, em 1984. Há 14 anos na TV Globo, escreveu para os humorísticos "Sai de Baixo", "Retrato Falado", "A Diarista", entre outros, e foi redatora final do seriado "Tudo Novo de Novo", com direção geral de Denise Saraceni, em 2009.
Mestre em Literatura Brasileira pela PUC/Rio, publicou o ensaio biográfico “Era uma vez: eu - anão-ficção na obra de Clarice Lispector”, indicado para o Prêmio Jabuti, em 2003. Autora do sucesso "A História de Nós 2" (indicado para o Prêmio Shell na categoria melhor texto), assina ainda o texto do espetáculo "Aquela Outra", com direção de Clarice Niskier, e estreia prevista para novembro, no Rio de Janeiro.
Confira a entrevista com autora:
O que significa escrever pra você?
Lícia Manzo: Escrever é uma maneira de compreender o mundo. De alquimizar o que se vive, de projetar e misturar experiências de vida. É algo realmente íntimo para mim. Eu me interesso por gente. Gosto de relações humanas, de pensar sobre isso. Por isso quis chamar a novela de ‘AVida da Gente’.
Como você definiria o seu estilo?
Lícia Manzo: Tenho um gosto pelo que é humano, pelo bastidor, pelo o que se passa no íntimo de cada um. Um gosto pelo privado.
Como surgiu a ideia da novela?
Lícia Manzo: É difícil definir. Ano passado tive a notícia de que duas pessoas que haviam trabalhado comigo entraram em coma. Talvez pensando nessas pessoas, tenha sido capturada pelo tema. O coma tem um caráter emblemático, parece estacionado na fina fronteira entre a morte e a vida. E eu diria que o coma (ou a volta do coma, e reencontrar sua vida seguindo sem você), é o eixo central da novela... Em volta deste eixo, procurei construir uma espécie de ‘crônica’ das relações familiares atuais. São situações de família em trânsito. Não a família como uma noção estática. Famílias que se decompõem e se recompõem, buscando encontrar um novo equilíbrio a partir do afeto. Personagens ‘novos’, ou que estamos começando a conhecer e experimentar agora em sociedade: mulheres provedoras; homens domésticos; crianças terceirizadas; recasamentos; sexualidade na terceira idade; pais adotivos; pais biológicos; reprodução assistida, enfim...
Em seu ensaio biográfico sobre a escritora Clarice Lispector (‘Era uma vez: eu – a não-ficção na obra de Clarice Lispector’/Ed. UFJF/2003) você afirma que Clarice compôs uma espécie de relato ‘autobiográfico’ através de sua ficção. Você diria que isso acontece com suas histórias também?
Lícia Manzo: Eu diria sim, que costumo beber da minha fonte. Ou, como diria Tolstoi ‘para ser universal, fale da sua aldeia’... E minha aldeia mais profunda é a aldeia familiar. Extraio muita coisa daí. Acredito mesmo que o que você esconde em seu íntimo, muitas vezes o que você não confessa aos outros, algo que te envergonha, nossas pequenas inabilidades ou fracassos, tudo isso é ouro na sua ficção. ‘A História de Nós Dois’, texto meu em cartaz há dois anos e meio, tem muito a ver, por exemplo, com minha experiência como mãe, mulher e profissional, e com a
dificuldade de lidar com estas três “funções” ao mesmo tempo...
Como você define a novela?
Lícia Manzo: O escopo da novela é a família que, há tão pouco tempo, se pensarmos historicamente, há pouco mais de 50 anos, era algo rígido, imutável: um pai, uma mãe, filhos, um cachorro... Há muito pouco tempo era um tabu romper essa estrutura. E hoje o que temos: lares desfeitos e refeitos, crianças de diferentes sobrenomes convivendo debaixo do mesmo teto, mães e pais solteiros, enfim, mil formas de configuração familiar possíveis... E quis trazer para o centroda ficção o que estamos experimentando hoje... Penso que, quando falta a tradição, é o amor que legitima todos os laços...
É uma novela tradicional?
Lícia Manzo: Inteiramente. Embora aborde novas configurações em família, a novela segue uma estrutura tradicional, clássica, sem nenhuma pretensão de inovar coisa alguma. Ao contrário. Nela pago um tributo a tudo o que me formou e a que assisti a vida inteira. ‘A Vida da Gente’ é um melodrama tradicional.
O que é família pra você?
Lícia Manzo: Família é o teu mapa. A conexão que te funda e te sustenta no mundo. É algo fundador de quem você é. Porém, para além dos laços sanguíneos, penso que o que prevalece são as verdadeiras trocas estabelecidas com quem te enxerga, te percebe, te acolhe, te respeita. Isso é família para mim.
Você participou da escolha do elenco?
Lícia Manzo: Claro, e felizmente foi um processo bastante harmônico. O Jayme (Monjardim) trouxe opções muito boas e o que eu sugeri ele também gostou, enfim, chegamos ao elenco quea gente queria.
Como é a parceria com o Jayme. Você já o conhecia?
Lícia Manzo: Conhecia e admirava o seu trabalho, naturalmente. E ao conhecê-lo agora pessoalmente, pude entender a razão do sucesso de tudo o que faz. Além de gentil e democrático, trabalha com paixão e entrega totais. É um esteta, um poeta das imagens, com muita sensibilidade no trabalho com os atores, enfim. Agradeço todos os dias a novela ter ido parar nas mãos dele.
Família. O termo foi criado na Roma antiga e, através do latim, entrou para a língua portuguesa no século XVI. Hoje, um único significado para a palavra é praticamente impossível. Para alguns, valem os laços sanguíneos. Para outros, as conexões e afetividades que nos sustentam.
Em “A Vida da Gente”, Lícia Manzo mostra um panorama das configurações familiares contemporâneas, que há muito extrapolaram a definição do dicionário. “Quis trazer para o centro da ficção o que estamos vivendo e experimentando hoje, em novos desenhos das relações familiares e humanas”, adianta a autora. "É uma novela com muita emoção, simples e que traz à tona situações e experiências que podem acontecer com qualquer um", completa o diretor Jayme Monjardim.
Resumo
Ana (Fernanda Vasconcellos) e Rodrigo (Rafael Cardoso), nascidos e crescidos em Porto Alegre, conviveram como irmãos postiços durante boa parte da infância e adolescência, desde que Eva (Ana Beatriz Nogueira), mãe dela, e Jonas (Paulo Betti), pai dele, se casaram. Hoje, no auge da juventude, hormônios à flor da pele, descobrem-se apaixonados, ao mesmo tempo em que, por ironia do destino, seus pais iniciam um violento e litigioso processo de separação.
Romeu e Julieta modernos, apartados pelo ódio entre as famílias, Rodrigo e Ana são obrigados a um término precoce e devastador para ambos. Com rebeldia típica dos jovens, tentam manter o romance em segredo, mas Jonas e Eva, agora separados, jogam sujo, interceptando emails, telefonemas, e conspirando para a dissolução do namoro que, por fim, acaba morrendo.
Porém, um mês depois, Ana (Fernanda Vasconcellos), em pânico, descobre-se grávida depois do único encontro que teve com seu amor proibido. Eva, dominadora, não se conforma: além do inconveniente de a filha adolescente estar grávida do ex-enteado, cujo pai Eva (Ana Beatriz Nogueira) agora odeia, um possível neto ameaçaria o sustento de toda a família, já que Ana (Fernanda Vasconcellos) – tenista promissora, com títulos e troféus – é contratada por uma poderosa empresa de artigos esportivos para representar a imagem publicitária de juventude, disciplina e saúde.
Ana cede então à chantagem da mãe, pensando também na irmã Manuela (Marjorie Estiano), jovem levemente manca, gauche e sensível. No plano engendrado por Eva (Ana Beatriz Nogueira) para livrá-las da difícil situação, farão uma viagem – período suficiente para a gestação e o nascimento do bebê – voltando em seguida. A bebê, Júlia (Jesuela Moro), suposta nova irmãzinha de Manuela e Júlia, será apresentada como filha de um caso fortuito de Eva no exterior.
Ana (Fernanda Vasconcellos) retoma a carreira de tenista, preocupada com o sustento da filha/irmã, e volta a treinar.
FERNANDA VASCONCELLOS - Ana Fonseca
RAFAEL CARDOSO - Rodrigo Macedo
MARJORIE ESTIANO - Manuela Fonseca
THIAGO LACERDA - Dr. Lúcio
ANA BEATRIZ NOGUEIRA - Eva Fonseca
PAULO BETTI - Jonas Macedo
REGIANE ALVES - Cris
NICETTE BRUNO - Iná
STÊNIO GARCIA - Pedalino
GISELE FRÓES - Vitória Azevedo Prates
ÂNGELO ANTÔNIO - Marcos Prates
MARIA EDUARDA - Nanda Macedo
MARCELO MELLO JR. - Mathias
NEUZA BORGES - Maria
MALU GALLI - Dora
MARCELO AIROLDI - Cícero
DANIELA ESCOBAR - Suzana
STEPHANY BRITO - Alice
LEONARDO MEDEIROS - Lourenço
LEONA CAVALLI - Celina
RAFAEL ALMEIDA - Miguel
JÚLIA ALMEIDA - Lorena
LUIZ CARLOS VASCONCELOS - Renato
CLÁUDIA MELLO - Moema
LUIZ SERRA - Seu Wilson
MALU VALLE - Vivi Mourão
DUDA MAMBERTI - Josias
RITA CLEMENTE - Aurélia
TADEU DI PIETRO - Cléber
MARAT DESCARTES - Lui
JÚLIO FISCHER - Alberto
ALICE WEGMANN - Sofia
ANA RITA CERQUEIRA - Olívia
CAROLINA HOLANDA - Eliete (secretária de Jonas)
LIDIANE RIBEIRO - Salete (empregada de Suzana)
as crianças
VICTOR NAVEGA MOTTA - Francisco
KAIC CRESCENTE - Thiago
JESUELA MORO - Júlia Fonseca Macedo
Os conflitos entre Ana e a mãe se acirram e as discordâncias sobre a criação de Júlia (Jesuela Moro) são cada vez maiores. Autocentrada, Eva matricula a criança em uma creche de período integral. Afinal ‘já se sacrificou com muitas noites em claro por conta de filho’. Exasperadas com a tirania da mãe, Ana (Fernanda Vasconcellos) e Manu (Marjorie Estiano) – mais que irmãs, amigas como jamais se viu – decidem procurar a avó, a doce Iná (Nicette Bruno), em Gramado, onde pretendem se estabelecer e criar Júlia.
Na calada da noite, Ana e Manu pegam um carro e partem em segredo, levando a pequena Júlia. Ao volante, Manu, passa sobre um buraco na pista, o carro capota e... afunda num lago, do qual ela rapidamente emerge, trazendo Júlia (Jesuela Moro) nos braços. Já Ana (Fernanda Vasconcellos), retirada de lá algum tempo depois, entra num coma profundo e, segundo os médicos, irreversível.
À beira da cama da amada desacordada, Rodrigo (Rafael Cardoso), arrasado, confessa seu amor. A cena destrói o coração de Manu (Marjorie Estiano) que, num ímpeto, revela ao rapaz toda a verdade: Júlia (Jesuela Moro) é, na verdade, filha dele com Ana (Fernanda Vasconcellos). A descoberta tem, para Rodrigo, o sabor de um renascimento. E ele promete à inconsciente Ana resgatar e cuidar para sempre da filha dos dois.
Movido pela paixão, Rodrigo entra na justiça e, após o teste de DNA, consegue a guarda de Júlia, deixando Eva judicialmente encrencada. Revoltada com a filha por tê-la denunciado ao ex-enteado e agora genro, Eva expulsa Manu de casa.
Na casa de Rodrigo, a situação não é diferente: Jonas (Paulo Betti), pai autoritário – empenhado em fazer do filho seu sucessor nos negócios da família – o ameaça: ou o rapaz desiste de desgraçar a própria vida, atrapalhando estudos e a carreira para assumir sozinho, antes dos vinte anos, a paternidade de uma criança – ‘e ainda por cima filha de quem é!’ – ou o faça longe dali!
Rodrigo (Rafael Cardoso) sai de casa desarvorado, sem dinheiro ou perspectiva profissional, levando consigo a filha pequena. Sem saber o que fazer, ou aonde ir com a criança, busca refúgio na casa da avó de Manu (Marjorie Estiano), em Gramado.
Vivendo com vó Iná (Nicette Bruno), íntegra e trabalhadeira, Rodrigo (Rafael Cardoso) e Manu (Marjorie Estiano) dividem os cuidados com Júlia (Jesuela Moro). É duro terem a juventude, os estudos, as festinhas subitamente roubados. Mas o bom coração de ambos fala mais alto e, guiados pelo amor comum à irmã/amada, prosseguem compartilhando cada dificuldade e cada pequena alegria, lutando para dar a Júlia (Jesuela Moro) o que Ana certamente lhe daria, se não estivesse inerte sobre a cama.
O tempo passa, o quadro de Ana (Fernanda Vasconcellos) parece irreversível. Júlia (Jesuela Moro) se desenvolve, com irresistíveis sorrisos e gracinhas. Mais do que ampará-los, Iná (Nicette Bruno) dá força para que Manu (Marjorie Estiano) invista num relacionamento com Rodrigo (Rafael Cardoso).
De fato, do apoio mútuo entre Rodrigo e Manu, em meio a tanto desespero, nasce um forte sentimento, diferente da paixão entre homem e mulher, porém próximo do mais nobre amor possível entre um e outro. Em uma noite encantadora em família, Júlia (Jesuela Moro) dá seus primeiros passos e chama os dois de ‘papai’ e ‘mamãe’. E então... Rodrigo e Manu se beijam.
A história salta quatro anos e encontramos Júlia (Jesuela Moro) crescida, alegre e seguramente amparada pelos ‘pais’, Rodrigo (Rafael Cardoso) e Manu (Marjorie Estiano), que, agora casados, conseguiram prosperar. Associada a Maria (Neusa Borges) – antiga empregada de Eva (Ana Beatriz Nogueira), que criou as filhas da patroa com zelo e amor incomuns – Manu (Marjorie Estiano) abriu um pequeno e bem sucedido negócio de doces e bolos para festas. Rodrigo (Rafael Cardoso) faz a contabilidade e os contatos da pequena empresa, formou-se arquiteto, como tanto desejava, e hoje estagia num escritório. Tudo parece caminhar a contento, até que uma reviravolta muda o rumo dos acontecimentos...
O telefone toca no pequeno apartamento de Eva (Ana Beatriz Nogueira), em um bairro residencial de Porto Alegre, anunciando o supostamente impossível: após quatro anos incomunicável em sua vida vegetativa, Ana (Fernanda Vasconcellos) acaba de despertar.
No hospital, diante da filha renascida, que ignora a passagem do tempo e implora a presença de Júlia e Rodrigo – seu único e verdadeiro amor –, Eva é impiedosa. Vinga-se de Manuela e ‘envenena’ Ana com sua versão dos fatos. Diz que Manu apropriou-se da vida da irmã assim que ela entrou em coma, tomando para si o namorado e a filha de Ana. Confusa e incrédula, Ana recusa-se a crer no relato da mãe e pede a seu médico, Dr. Lúcio (Thiago Lacerda), que traga a irmã até o hospital.
Diante de Júlia (Jesuela Moro), Rodrigo (Rafael Cardoso) e Manu (que, destroçada, confirma o que Eva contara à irmã), Ana (Fernanda Vasconcellos) experimenta sentimentos ambivalentes: alegria por reencontrar a filha feliz e saudável; gratidão à irmã pelos cuidados com a menina; o sufocado e proibido amor por Rodrigo; ciúme e cobiça por uma vida que deveria ter sido a sua; ternura ao ver a irmã deficiente, outrora rejeitada, casada e aparentemente feliz; mágoa por ter sido tão fácil e simplesmente substituída.
Numa conversa a sós com Ana, Manu (sentindo-se culpada pelo acidente que subtraiu quatro anos da vida da irmã e, principalmente, por ter tomado o lugar que lhe pertencia) propõe abertamente sair de cena, pois reconhece o amor que ainda une Ana e Rodrigo. Ana, porém, igualmente culpada em roubar da irmã deficiente (a vida inteira relegada por Eva) a família estável e feliz que amorosamente construiu para si, tranquiliza Manu (Marjorie Estiano): o que houve entre ela e Rodrigo é passado. E está interessada em Lúcio (Thiago Lacerda), seu médico, com quem descobriu ter muitas afinidades.
Mas Manuela não se convence e, diante disso, Ana inicia um namoro com Lúcio, na intenção de ‘liberar’ a irmã. Manu (Marjorie Estiano) retoma então sua vida com Rodrigo (Rafael Cardoso), que também não sabe como administrar seu amor por Ana (Fernanda Vasconcellos). Algum tempo se passa e, numa das ‘visitas’ de Ana a Júlia, a paixão fala mais forte e...
A rígida treinadora de Ana (Fernanda Vasconcellos) nas quadras de tênis, Vitória (Gisele Fróes), é respeitada e temida. Obstinada, não mede esforços para conseguir o que quer. Deixou a pobreza no passado e hoje devota sua vida ao trabalho, dedicando aos filhos e ao casamento de 10 anos cada vez menos atenção. Vive a inversão moderna da mulher que trabalha fora enquanto o marido, Marcos (Ângelo Antônio), se ocupa da casa e das filhas – Sofia (Alice Wegmann) e Bárbara (Pietra Pan). Mas a equação, prática e conveniente para a fálica Vitória e o sensível Marcos, logo começará a apresentar problemas.
Na pracinha, na natação, na escola, Marcos é o único pai entre mães diligentes e atentas. Suas amigas – bonitas, femininas e maravilhadas com um pai tão participativo – se interpõem entre ele e Vitória. Em especial, a doce Dora (Mallu Gali), mãe de Olívia (Anna Rita Cerqueira), colega de Sofia.
Diminuído pela projeção profissional da esposa, em contraponto ao próprio fracasso (graduado em Direito, Marcos já tentou três vezes o exame da Ordem dos Advogados do Brasil, sem sucesso), ele busca em Dora cumplicidade e admiração.
A verdade é que, sob o verniz de perfeição, Vitória tem um segredo enterrado há anos, que agora volta a assombrá-la. O nome do segredo é Alice (Sthefany Brito), que procura a escola de tênis mantida por Vitória (mesmo com sua evidente inabilidade para o esporte). Ali, Alice e Ana (Fernanda Vasconcellos) se conhecem e tornam-se amigas. Porém, o desinteresse de Alice pelo tênis fica cada vez mais evidente, levando Ana a questionar: por que investir tempo e dinheiro, se Alice sabe não ter vocação para o esporte? Alice revela então seu segredo: ao vasculhar em sigilo os documentos de sua adoção (seus pais de criação nunca lhe ocultaram que foi adotada), encontrou o nome da mãe biológica: Vitória Azevedo Prates, grávida aos 19, que deu em adoção uma menina branca, nascida no dia de seu aniversário.
A revelação desconcerta Ana: então Vitória, tão rígida e supostamente perfeita, ocultava semelhante detalhe de seu passado! Alice implora à Ana que guarde segredo sobre sua real identidade: um dia, quando tiver reunido coragem, com certeza irá confrontar Vitória.
Quando a verdadeira identidade de Alice vem à tona, causa um cataclismo entre os envolvidos: Vitória, a princípio, propõe à filha recém-descoberta manterem a relação em sigilo. Jamais disse ao marido ou aos filhos que ela existia, e é natural que agora eles não a compreendam ou aceitem. Diante da proposta ultrajante, Alice (Sthefany Brito) afasta-se de Vitória (Gisele Fróes).
Após o confronto com Vitória, Alice segue incansável na busca de suas origens e pressiona a mãe para encontrar seu pai biológico. Vitória rebate, cruel: ‘Ok, se eu sou sua referência negativa; quero ver a qualificação que você dará a seu pai.’ E entrega à Alice o nome: Renato Nogueira Martins (Luiz Carlos Vasconcellos).
O périplo de Alice à procura do pai resulta em frustração. Anos depois, porém, ela recebe um e-mail de Renato. Ex-alcóolatra, há cinco anos em recuperação, Renato hoje é um homem sóbrio e equilibrado, porém com sérias dificuldades de reinserção social.
O encontro de Alice com Renato, longe de decepcioná-la, encherá a jovem de entusiasmo: ele é afetuoso e sensível. As afinidades entre os dois são muitas: gostam das mesmas músicas, dos mesmos filmes, das mesmas comidas etc. Emocionada, Alice promete ajudar o pai...
O Planeta TV! capturou imagens da chamada de elenco da trama. Confira:
A cidade cenográfica de ‘A Vida da Gente’ já foi projetada para ser dividida entre Porto Alegre e Gramado, onde a trama é ambientada. Na maior parte – dois terços – com 85 mil m2, a equipe de cenografia construiu Porto Alegre, mais especificamente uma área comercial inspirada no bairro Moinhos de Vento.
Diversos ambientes foram projetados com interior para dar ainda mais veracidade às cenas, entre eles um restaurante orgânico, uma cafeteria, o bar Sem Juízo, uma igreja, uma concessionária de automóveis, entre outros. “O grande desafio foi idealizar duas cidades com características tão distintas e que não podem parecer que estão no mesmo espaço físico”, conta um dos cenógrafos, Tadeu Catharino.
Para Gramado, a equipe priorizou a arquitetura européia do local, assim como um paisagismo bem típico, com heras, trepadeiras e hortênsias, com uma mistura de plantas naturais e artificiais. O piso desta parte da cidade é quase todo de pedra, exatamente como a Gramado real.
“Também usamos os postes e relógios de madeiras que existem por lá”, conta Tadeu. Assim como na parte de Porto Alegre, o interior de diversos ambientes foi desenvolvido, como o salão de dança, a oficina, o bufê da Juju, uma loja de souvenir, entre outros. “Tudo foi feito de forma bem naturalista, respeitando as principais características urbanas de cada local”, completa Tadeu.
A simplicidade e realismo são a base para os quase 70 ambientes que foram projetados em estúdio para a novela. A ideia, segundo a cenógrafa Erika Lovisi, é passar a noção de cotidiano, além de explorar algumas características dos personagens em cada cenário. “A casa da Vitória (Gisele Fróes), por exemplo, transpõe uma certa frieza. Já a da Iná (Nicette Bruno) tem uma vivência amorosa”, exemplifica.
Além da cidade cenográfica, uma quadra de tênis foi construída na Central Globo de Produção especialmente para a novela, assim como parte da arquibancada. O tamanho é o mesmo de uma quadra real de saibro (23,77 m de comprimento e 8,23m de largura). Parte da figuração e os cenários dos estádios serão inseridos ao redor da quadra virtualmente.
Para a realização deste trabalho, a equipe de efeitos visuais da novela, coordenada por Jorge Banda, fotografou diferentes tipos de estádio e modelou as imagens em 3D. A finalização é feita em uma máquina de composição, para que as imagens reais se unam às virtuais.