Manoel Carlos adaptou a obra de Carolina Nabuco para TV, se tornando um sucesso de público e critica.
Por: Emerson Ghaspar - Contato: [email protected]
Há 35 anos, a Rede Globo estreava “A Sucessora”, novela escrita por Manoel Carlos, que retratava uma história de amor e obsessão na elegante capital carioca de 1920.
A novela é uma adaptação do livro homônimo de Carolina Nabuco e conta a história de Marina Steen (Susana Vieira), uma moça do interior que acaba se envolvendo com Roberto (Rubens de Falco), um homem que tenta reconstruir a vida após o falecimento da primeira esposa, Alice (Alessandra Vieira). A trama tem início quando o viúvo vai até a fazenda da família da heroína e se apaixona por ela.
Marina, que já era dada como noiva de seu primo Miguel (Paulo Figueiredo), rompe qualquer laço que poderia existir entre os primos e se casa com Roberto, que a leva para morar na capital do Rio de Janeiro. Ao chegar em sua futura moradia, Marina conhece a família de Roberto, os empregados e a governanta Juliana (Nathália Timberg), a vilã da trama.
Ao conhecer as pessoas que rodeiam seu marido, todos têm uma verdadeira adoração por Alice e as comparações entre as duas são inevitáveis, sempre renegando Marina ao papel de sucessora, como se fosse inferior a antiga esposa de Roberto. Quem ajuda a manter a imagem intocada da falecida é Juliana, que tem verdadeira adoração pela antiga patroa e faz de tudo para deixar as coisas ao modo dela.
Em meio às comparações e a preferência distinta de todos pela primeira esposa, Marina tenta mostrar sua autenticidade enquanto desvenda o mistério que envolve a falecida, que tem seu quarto sempre trancado, alem de um quadro imponente no meio da sala.
Entre comparações e as armações de Juliana, Marina descobre cada vez mais sobre seu marido e a falecida: Roberto é estéril, enquanto Alice tinha um diário, onde escrevia tudo. A partir disso, a protagonista resolve desvendar o mistério sobre o que teria acontecido com a primeira esposa de seu marido.
Na busca pelo diário, a protagonista descobre uma caixa no porão e pede que o primo a abra. Miguel, ao ter acesso a caixa descobre o diário de Alice, mas não entrega a Marina. A partir de então, Marina começa a perder suas esperanças em desvendar o mistério da falecida enquanto começa a sentir enjôos e despertar suspeitas de que está grávida.
Nos últimos capítulos, Marina descobre a verdade sobre Alice, que tivera um filho com outro homem e que ao perder a criança,ficou estéril. Com medo de perder o marido, a falecida inventou que Roberto era o estéril da relação. Já a vilã Juliana tem um acesso de fúria e a partir disso acredita que é Alice Steen, passando seus últimos dias em um sanatório.
Apesar do sucesso central da trama, o casal Germana (Arlete Sales) e Vasco (Kadu Moliterno) foi responsável por momentos inspiradíssimos na obra de Manoel Carlos. Ela era irmã de Roberto,sustentava e dominava explicitamente um marido mais jovem, o que era inaceitável para os findos anos 20 e que era discutível no final dos anos 70.
Com atuações seguras, Susana Vieira, Rubens de Falco e Nathália Timberg fizeram do texto de Manoel Carlos uma das melhores obras de época do horário das 18h. Destaque também para Célia Biar, como Filomena, uma das únicas a não ter uma devoção exagerada por Alice.
“A Sucessora” teve uma reprodução fiel ao Rio de Janeiro dos anos de 1920, para isso, a pesquisadora Ana Maria Magalhães recorreu a escritora Carolina Nabuco, que cedeu informações importantes da época. As cenas onde se passava a fazenda de Marina foram gravadas na Fazenda Indiana na zona oeste do Rio de Janeiro e na Universidade Rural de Seropédica. Para caracterização dos personagens, a figurinista Zenilda Barbosa utilizou muita seda e brilho, o que era recorrente nos anos de 1920, dando maior fidelidade a obra.
A trilha sonora da novela era composta por seis musicas: “Odeon”/ Nara Leão (tema de abertura),”Ontem ao luar”/Fafá de Belém, “Santa Maria”/Hermes Aquino, “Mal me quer”/Maria Creusa, “Como se fosse”/Lucinha Araujo e “Gadu Namorando”/ Os carioquinhas.
Para a criação de abertura foram utilizados 25 cartões postais originais dos anos de 1920. Os cartões eram corriqueiros naqueles anos e iam de felicitações a pêsames. Todos foram conseguidos através da coleção particular de Ismênia Dantas, mãe dos atores Daniel e Andrea Dantas.
Mas o grande destaque da trama foram às comparações com “Rebecca, a mulher inesquecível” de Daphne Du Maurier, que havia sido adaptado para o cinema por Alfred Hitchcock em 1940. Segundo informações a obra era um plágio do livro de Carolina Nabuco, que foi publicado quatro anos antes do que o de Daphne.
A obra de Daphne Du Maurier, antes da comprovação de plágio, já havia inspirado outra novela: “Sombras de Rebecca”, escrita por Glória Magadan em 1967 e estrelada por Yoná Magalhaes e Carlos Alberto.
Apesar de comparações entre obras, Manoel Carlos soube imprimir seu jeito único de escrever a novela que trouxe uma história psicológica forte para o horário das 18 horas, bem diferente das novelas exibidas anteriormente no horário.
Exibida em mais de 50 países, a novela foi reapresentada no Vale a pena ver de novo entre 17/11/1980 e 08/05/1981 as 13h45. “A sucessora” teve 126 capítulos e a direção geral de Herval Rossano, além de ser a segunda novela do autor Manoel Carlos, consagrando definitivamente o estilo do autor.
E você, gostaria que a novela fosse reprisada? Lembra de algo sobre a novela?
Comente, compartilhe!