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“A Gata Comeu”: muito além de Jô Penteado

Por: Jonathan Pereira E-mail para contato: [email protected]

Christiane Torloni tem pelo menos dois papeis inesquecíveis em sua carreira: a Dinah de “A Viagem” (1994) e a Jô Penteado de “A Gata Comeu”. Exibida em 1985 às 18h, a novela obteve um enorme sucesso, tanto que foi a primeira a ser reprisada duas vezes dentro do “Vale a Pena Ver de Novo” (1989 e 2001).

Ivani Ribeiro adaptou a trama de “A Barba Azul”, que escrevera 11 anos antes para a TV Tupi. Ela resolveu recontar a história de Jô (vivida por Eva Wilma no original), mulher de gênio forte que nunca tinha se apaixonado de verdade até conhecer o professor Fábio (Nuno Leal Maia). Eles vão parar em uma ilha deserta graças a uma tempestade quando faziam uma excursão no mar. Daí em diante, o arranca-rabo entre os dois é cômico e eterno.

Eles passam dois meses na ilha – o que exigiu da equipe uma quantidade enorme de externas, feitas na Urca, no Rio de Janeiro – e, quando voltam para casa, se chocam com as mudanças, já que foram dados como mortos. A dupla vive como gato e rato, e ainda é atrapalhada por Gláucia (Bia Seidl), irmã de Jô. Nesse meio tempo, as tramas paralelas também seguram o público. Dois saudosos atores tiveram destaque: Luiz Carlos Arutin como Oscar, malandro que fingia estar doente para não ter que trabalhar e viver às custas de Conceição (Dirce Migliaccio); e Claudio Corrêa e Castro na pele de Gugu, mimado pela mulher, Tetê (Marilu Bueno).

Mayara Magri era queridíssima do público nesse período, vivendo Babi, que tinha um romance com Tito (Jayme Periard, ainda magro, assim como Elcio Romar). Foi também a estreia de Deborah Evelyn na TV.

Assim como em “Celebridade” (2003) ou no remake de “Ti-ti-ti”, o sucesso fez com que vários atores participassem da história como eles mesmos, como Eva Todor, Grande Otelo, Paulo Figueiredo, Arlete Salles e Milton Moraes, que estiveram em uma festa promovida na mansão de Horário (Mauro Mendonça), pai de Jô.

A novela tinha um elenco mirim forte: Danton Mello, Juliana Martins e Oberdan Jr, que fizeram várias outros folhetins depois. Quem foi criança nos anos 80 adorou, na reprise de 2001, ver as crianças usando o mesmo tipo de roupa que vestiam quando pequenos. Os carros, as ruas, tudo lembrava muito a infância – um dos motivos do êxito da segunda reprise, que conquistou uma geração que não tinha (matur)idade para assistir à exibição original.

O sonambulismo de Jô é usado em cenas cômicas. Em determinado momento ela chega a perder a memória, quando estava prestes a se acertar com Fábio. Sua inimiga é Paula (Fátima Freire) ex-noiva dele. Eduardo Tornaghi era Rafael, um ator de teatro com preconceito em fazer TV. E Laerte Morrone também divertia como Vitorio, garçom que se faz passar pelo milionário italiano Conde de Parma.

A abertura era divertida, em desenho, ao som de “Comeu”, cantada pelo grupo Magazine. Houve um problema com a trilha internacional, que foi lançada com música “Crazy for You”, de Madonna, sem autorização da gravadora dela. Os LPs e fitas cassete foram recolhidos e, no segundo lote, a canção “Smooth Operator”, de Sade, entrou no lugar.

Além de podermos assisti-la três vezes, Portugal, Chile, Paraguai, Moçambique, Nicarágua, Venezuela, Bolívia, Peru e República Dominicana também tiveram a oportunidade de se divertir com a trama. Por enquanto não há cogitações de remake nem de “A Gata Comeu” voltar ao ar no canal Viva. Mas merece. Quem sabe um dia...


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