O dia em que Cláudia Leitte fez a melhor performance da noite.
Por: Daniel Melo - Contato: [email protected]
Desde que o The Voice Brasil começou em 2012, Claudia Leitte, vem subindo no meu conceito. Como musicista, como artista, como mentora, como pessoa, mas não como cantora. Até agora. Ao cantar, ou melhor, performar “It Hurt So Bad” ao final do segundo episódio de audições, Cláudia Leitte provou que a escolha de cantar axé foi puramente escolha estratégica de mercado, porque o que essa mulher fez nesse palco não foi brincadeira. Tive uma surpresa ao entrar no Youtube e constatar que a cantora já havia cantado essa música milhões de vezes em seus shows, mas em nenhum com a mesma intensidade, com a mesma perfeição vocal, com a mesma vontade, o que torna essa performance ainda mais grandiosa. Foi uma performance digna de uma verdadeira diva; performance essa que me fez querer imensamente que o próximo CD da nossa Nega Lora tivesse o mesmo estilo e influências dessa performance. Claudinha realmente sambou na cara dos haters nessa noite e mostrou que é realmente uma cantora com C maiúsculo. Agora só falta trazer essa perspectiva artística para os seus futuros álbuns, mas digo desde já: Claudia passou a ser depois dessa performance, uma das melhores artistas do Brasil, musicalmente falando.
Há quem defenda a hipótese de que nossa querida Milkinha só se destacou porque o nível dos candidatos estava muito baixo essa noite, ou mesmo que a edição escolheu uns cantores um pouco mais fracos para fazer a diva da bancada ter o seu momento de brilhar realmente (o que não diminuiu a grandiosidade da performance final da noite). Na verdade, eu até acredito que o nível dos candidatos estava mais baixo que o da semana passada, mas mesmo assim, ainda candidatos com muito potencial e ainda umas surpresas (positivas e negativas, infelizmente).
Pela primeira vez na história do programa, nem todos os técnicos conseguiram trazer novos artistas para o seu time. O Team Milk continua com 3 candidatos e o Team Brown conseguiu garantir uns candidatos bons para o seu time(virando sozinho, assim como Daniel na semana passada, vale dizer) mas sem sair da lanterna na qual eu o deixei no ranking da semana passada e ainda despertou uma questão muita séria a respeito da veracidade do programa, mas chegaremos lá.
Mas de qualquer maneira, o nível dos candidatos realmente caiu. Depois da performance de Cláudia Leitte no final esqueci de tudo que assisti anteriormente, tive que assistir o programa de novo e vamos ao que restou dessas lembranças:
Twyla – Chain of Fools (Aretha Franklin)
Vou começar a falar de Twyla dizendo que quase que ela estraga sua audição com aqueles gritos em falsete totalmente incômodos e desnecessários. Para alguns cantores, mais é menos e Twyla é uma dessas. E por isso, Twyla ganha o selo Sandra Annenberg de deselegância:
Nunca vou conseguir entender porque que Brown e Claudia viraram logo no primeiro grito da cantora, que apesar de tudo tem uma voz boa. Para quem quiser conhecer mais sobre a cantora (de preferência sem ouvir os incômodos gritos) sugiro procurar os vídeos dela no youtube, alguns são muito bons. Mas voltando à audição, o melhor momento foi quando depois de já ter terminado de cantar, Brown pediu para ela cantar o “Chain, Chain, Chain” de novo e pudemos ouvir a cantora a capella, e foi maravilhoso (ainda que ela tenha voltado a gritar no final). Unicamente por esse momento, ela mereceu passar. Twyla escolheu ser parte do Team Lulu, o que considero uma escolha coerente, mas a verdade é que Lulu tem cagado tantos roqueiros ultimamente que se fosse eu escolhia outro técnico (Ainda superei a vergonha que virou Luana Camarah, temporada passada nas semifinais, ainda mais depois de uma audição maravilhosa). Por fazer parte do Team Lulu, prevejo desde já uma batalha entre Twyla e Gabriel Silva, com Twyla vencendo, porque o Lulu foi com a cara dela e sempre escolhe seus favoritos.
OBS: TITI botando moral naquela bancada foi maravilhoso também! Até que enfim alguém de dentro do programa se irritou com a bagunça generalizada que esses 3 fazem (Brown, Milk e Lulu, só pra deixar bem claro)
Danilo Reis e Rafael – Sinônimos (Zé Ramalho)
Surpreendentemente, a dupla fez a minha audição favorita da noite. Adorei o fato de eles, mesmo sendo cantores sertanejos, não se deixaram influenciar pelo atual definição do sertanejo brasileiro e apostaram em uma escolha musical mais antiga e nem por isso, menos excelente. Acredito que a dupla dá uma surra na esmagadora maioria de duplas (e cantores solo) sertanejas de hoje. Devo destacar negativamente o fato de eles, na prática, não serem uma dupla, mas sim um cantor principal e um backing-vocal, como Daniel muito elegantemente e educadamente apontou. O cantor principal realmente tem uma voz muito deliciosa, grave e que casou divinamente bem com a música de Zé Ramalho. A escolha pelo Team Daniel foi óbvia, claro já que se aproximam do cantor tanto no estilo musical quanto no timbre. Uma dupla promissora e espero que Daniel cuide muito bem deles, porque a chance de eles serem bem-sucedidos quando saírem do programa é muito grande, pelo menos por hora. E assim temos mais uma poderosa adição ao Team Daniel.
Isadora Moraes – At Last (Etta James)
Adoro cantores classicamente treinados e por isso simpatizei logo com a cantora. Mas quando ainda no vídeo de apresentação ela começou a cantar “Mercy” me desesperei, porque acho que qualquer pessoa que canta essa música em um reality show merece ser eliminado automaticamente. Para o bem–estar do meu coração, a escolha musical da cantora foi infinitamente superior à do vídeo. “At Last” é uma daquelas músicas que com certeza estão entre meu Top 3 músicas de todos os tempos, e por isso, ao reconhecer o hino de Etta James, automaticamente passei a julgar a cantora por um parâmetro muito acima ao dos demais. Achei que a cantora abusou das firulas no começo da música e mostrou que não conseguiu sustentar a maioria das notas. Achei o registro mais baixo da cantora meio deficiente e destaco negativamente ainda a aparente falta de conexão, como brilhantemente abordou nossa técnica. O mais contraditório é que mesmo depois de uma audição tão defeituosa quanto a de Isadora foi, ainda vejo potencial na menina. Espero que ela se dê bem no Team Lulu.
Biano Rafa – Recado (Gonzaguinha)
Essa foi a primeira eliminação da temporada que eu realmente lamentei. A escolha musical de Fabiano fugiu um pouco do esperado por cantores de samba, o que pra mim é um ponto positivo. No entanto, entendo que Fabiano foi vocalmente linear e concordo com Lulu quando ele diz que o cantor criou uma vibe meio piano bar para a sua audição, mas ainda assim, achei que ele merecia uma chance. Afinal, se Twyla e Bruna Tatto avançaram, porque não Biano? Certamente uma perda com um leve gosto de injustiça.
Letícia Pedroza – Telefone (Tim Maia)
Letícia me lembrou muito a saudosa Talita Pertuzatti, da primeira temporada, só que um pouco com menos de voz. Acredito que as influências da cantora, Tim Maia e o teatro musical, foram claramente percebidas aqui. A interpretação da cantora foi excelente e acrescentou muito à audição. E assim, Letícia se posiciona como o melhor nome do Team Brown até o momento.
Princessa La Tremenda – I Say a Little Prayer For You ( Dionne Warwick)
Primeiramente, que nome artístico horrível é esse? Caramba! Muito ridículo. Segundamente, Princess foi para a escola de Alma Thomas e é a segunda americana a passar pelo programa. E é muito bom ver que nossa música influencia também gente de fora, a ponto de fazê-los vir morar aqui. Mas em sua audição, com uma escolha musical igualmente clichê ao seu nome artístico, Princess nos apresentou a uma voz bem madura e bem técnica, na qual a ausência de erros foi perceptível. Os falsetes também foram muito bem usados e não nos cansaram, mas ainda assim, não vejo a cantora indo longe no programa, ainda que seu projeto musical, fusão entre o soul americano e o swing latino, seja interessantíssimo. Até a derradeira eliminação, Princess fica no Team Brown e ganha mais uma chance de nos impressionar.
Edu Camargo – Eu Preciso Te Esquecer (Robson Jorge)
Mais uma excelente escolha musical. Edu tem uma voz limpa, mas muito aberta no começo (no sentido de falta de controle, mesmo). Acho que faltou um brilho a mais na voz dele, acho que uma voz mais encorpada faria muito bem ao cantor.
Mas tudo muito bem, afinal Lulu, Brown e Milk viraram e Brown começou falando e antes mesmo do cantor dizer seu nome, Brown saiu dizendo que “o meu projeto sobre os deficientes visuais...” Opa! Como assim, o Brown já sabia que ele não enxergava? Como assim? Brown despertou uma questão que já havia sido levantada por alguns fãs da versão americana do programa no ano passado: quão às cegas são essas audições? Será que os dados sobre os participantes são enviados para os técnicos no ponto eletrônico deles? Ou será que foi apenas um problema com a edição (o que se tratando da Globo, não é nada difícil!), já que em nenhum momento o candidato disse o seu nome. No caso da primeira opção, simplesmente toda a ideologia do programa acaba de ir por água abaixo, já que o grande diferencial é o de os técnicos não conhecerem os candidatos e acabo de perder muito do meu respeito pela Globo e também pelo formato a nível mundial. No Caso da segunda opção fica igualmente feio, só que dessa vez para a emissora, porque se esse problema chamou minha atenção pode ter chamado a de outros também e a repetição desse erro pode ser fatal para a pequena reputação do programa.
Com fraude ou não, Edu mereceu passar para as batalhas e escolheu ser parte do Team Lulu, onde, espero eu, consiga melhorar o nível das suas performances.
Mariana Lira – Karma (Joss Stone)
Mariana é linda, sim! E fiquei encantado com a beleza da moça, porque vocalmente, a audição dela foi uma das mais fracas da noite. Logo no começo da música, a cantora pecou na projeção vocal e na dicção, quando estava no registro mais baixo. E quando subiu o tom, passou a pecar na afinação. Apesar de muito irregular, Mariana conseguiu terminar sua audição em grande estilo, com uma nota mais alta na qual ela mostrou um timbre mais rouco controlado no qual ela devia ter investido já no começo da audição. Acredito que Lulu faça um pareamento entre Mariana e Isadora nas batalhas para usar a vencedora como cordeirinho de sacrifício no Tira-Teima. Desde já torço por Mariana entre esse pareamento, porque sinto que a cantora pode melhorar imensamente com uma sessão com Lulu (ou não, ne?) Aguardemos!
Romero Ribeiro – Deixa Acontecer (Revelação)
Romero era da mesma temporada do Ídolos que Nise Palhares e Chay Suede, mas nem de perto me empolgava tanto quanto seus concorrentes. Apesar de competente e tecnicamente bom, Romero não traz nada novo para o quadro samba/pagode. Seu ponto mais forte é a grande presença de palco e seu swing, que foi transmitida à plateia com maestria. Não vou me surpreender se passar das batalhas, mas se ficar para trás não vai fazer muita falta. Team Brown!
Amarildo Fire – Tantinho (Carlinhos Brown)
Amarildo (“isso não é nome, é castigo” by Cora!) mostrou certa conexão com a música e deu um arranjo mais moderno a ela. Conseguiu passear lindamente por entre as notas da música “voz aveludada”, disse Daniel. Mas foi linear e em nenhum momento se destacou. Faltou star quality nessa performance e por isso o coloco no grupo dos participantes com potencial. Foi parar no Team Brown
OBS: Escrevendo esse texto agora e analisando as características de Romero e Amarildo, percebi que eles são exatamente opostos e juntos se completam, o que os deixa como um possível pareamento para batalhas.
Kiko e Jeanne – Meu Unierso é Você (Roupa Nova)
Eles me ganharam pela escolha musical, realmente surpreendente. No que diz respeito a execução da música, achei que individualmente, eles são excelente cantores, mas precisam trabalhar a harmonia deles, principalmente no que diz respeito ao controle de cada um. Acredito que a dupla tenha uma grande versatilidade que deverá ser ainda explorada por Daniel. No mais, só fiquei imaginando em uma batalha entre as duas duplas! Já imaginaram? Acho que em nenhum The Voice no mundo ainda tivemos uma batalha com duas duplas. Seria muito interessante ver um quarteto no palco! Faz esse favor pra gente, Daniel! Sim, Daniel. Porque, a dupla de irmãos mais apaixonada do Brasil agora tem o técnico mais apaixonado do Brasil!
Bem, depois tivemos o show da Claudinha com “It Hurt So Bad”. Acho que já falei o suficiente dessa performance lá em cima, mas fiquem com mais essa imagem:
Então vamos ao nosso já tradicional ranking dos times dos técnicos:
1)Team Daniel: Lívia Itabohary, Carla Casamarim, Danilo Reis e Rafael, Kiko e Jeanne.
Eu já gostava do Team Daniel desde a semana passada, mas ele cresceu ainda mais com a excelente adição de Danilo Reis e Rafael. Kiko e Jeanne nem tanto, mas alguém precisa perder a primeira dupla, certo? Continua tranquilamente na liderança.
2)Team Milk: Nise Palhares, Priscila Brenner, Bruna Tatto.
O Team Milk pode não ter conquistado nenhum candidato essa semana, e foi justamente esse o motivo para ter subido no ranking: a sua estabilidade tendo em vista a queda livre do Team Lulu.
3)Team Lulu: Deena Love, Gabriel Silva, Dudu Fileti, Edu Camargo, Mariana Lira, Isadora Moraes,Twyla.
Acho incrível como o Lulu só conseguiu candidatos de nível médio ou ruins. Isso levou a ele terá média do seu time abaixada, mas ainda assim, não descarto um possível crescimento por parte de alguns candidatos como Edu, Mariana e Isadora.
4)Team Brown: Letícia Pedrosa, Romero Ribeiro, Amarildo Freire, Ricardo e Ronael, Princess La Tremenda, Hellen Lyu.
Brown pode até ter adicionado alguns cantores bons no seu time, mas não foi o suficiente para tirá-lo daqui, pelo menos por hora. Letícia, por exemplo, segue como minha favorita, mas ainda assim, sinto que falta algo a ela.