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The Voice Brasil 4x12 - Semifinais (Top 8)

“Lá fora tem gente que faz isso MUITO melhor” (Moraes, Ju)

Por: Daniel Melo - Contato: [email protected]

Foto: Reprodução/Globo

Nada. Absolutamente nada nessa semifinal me chamou mais a atenção do que os tweets da querida, linda e talentosíssima finalista do Team Milk da 1ª temporada, Ju Moraes, na noite de quinta-feira durante a exibição do programa.

Ju, assim como eu constantemente reclama da existência de músicas em inglês no The Voice BRASIL. Como muitas vezes já expus aqui, minha principal crítica às músicas gringas aqui no nosso The Voice Tupiniquim é devida ao fato de essas escolhas musicais terem muito mais a ver com a tentativa de alcançar um público (e consequentemente, popularidade) maior do que realmente prévias do que determinado cantor pode vir a oferecer no mercado musical atual. E com isso surgem vários problemas de performance como a gritaria desenfreada, unicamente lá para mostrar potencia vocal, sem motivo algum por trás; problemas de dicção para cantores que tem pouca ou nenhuma experiência com o idioma (leia-se não sabem cantar em inglês).

E apesar de eu ter certeza que há um fundo de verdade no que eu expus aí em cima, nada supera a declaração de Ju:

“Não vai ter mais nenhuma em português, Renato?”

“Renato é sinistro! Mas NAOOOO existe carreira de cantor brasileiro cantando em inglês. Até o Sam tá cantando em português”

Aí, veio uma tal de @karennrochaa e tweetou o seguinte:

“desculpa miga, mas os jovens brasileiros atualmente ouvem muito mais música em inglês do que em português, então existe sim (carreira de cantor brasileiro que canta em inglês)

E Ju deu o xeque-mate que deu título à coluna essa semana:

“Mas não sustenta carreira, miga! Lá fora tem gente que faz isso MUITO melhor”

Agora, caros leitores, lhes desafio a encontrar um furo mínimo que seja na teoria defendida por Ju Moraes e assinada em baixo por mim. Realmente, não existe carreira de cantor brasileiro que cante exclusivamente em inglês. Na 2ª temporada, depois de uma audição e uma batalha brilhante, Sam Alves veio cantar “Pais e Filhos” e umas semanas depois cantou “Você Existe em Mim” (de um cantor gringo, mas valeu mesmo assim!), o que já mostra que mesmo o próprio campeão da 2ª temporada do programa, que tem um estilo que se caracteriza literalmente como pop internacional, entendia desde então a necessidade de envolver o público brasileiro nas suas performances. A escolha de “Pais e Filhos” não foi aleatória. Ela tinha exatamente esse objetivo: apelar para o emocional do público brasileiro, que já conhecia o cantor maravilhoso de técnica quase perfeita que Sam era naquela época, e assim, haver uma complementariedade no trabalho dele.

Agora vamos trazer a discussão para essa temporada. Renato Vianna, o futuro vencedor da temporada, ainda não cantou nenhuma música em português no programa. E ainda assim é muitíssimo bem votado desde o começo dos shows ao vivo e cotado como favorito desde a sua audição. Isso que dizer automaticamente que o público irá sustentar a carreira de Renato? NÃO! Nem um pouco, vide Ellen Oléria, Sam Alves e Danilo Reis e Rafael. Um candidato bem votado em um reality show significa apenas que ele tem um público votante bem avantajado. O que o público sente por um candidato quando vota por ele é respeito e admiração. Para sustentar uma carreira, é preciso muito mais do que isso. É preciso você conhecer intimamente o artista (ou pelo menos pensar que conhece).

Então, se Ellen Oléria, que é uma cantora excepcional, tem repertório “brasileiro” e foi bem votada no programa, porque ela não fez sucesso. Simples, mas aqui entramos em outro aspecto da discussão: Porque o The Voice Brasil é um meio apenas de exposição do artista; não nos permite nos aproximar do cantor, chegar a conhecer a sua história, que pode parecer piegas, mas faz muita diferença. Não é a toa que os programa que mais lançam talentos no mundo tem esse formato. Vejam só:

No American Idol, tivemos Kelly Clarkson, Jennifer Hudson, Fantasia Barrino, Carrie Underwood, Chris Daughtry, Katharine McPhee, Jordin Sparks, David Cook, David Archuleta, Adam Lambert, Haley Reinhart, Phillip Phillips e olha que esses são apenas os que mais fizeram sucesso.

No X Factor tivemos Leona Lewis, Alexandra Burke, Olly Murs, One Direction, Little Mix, Ella Hendeson, Fifth Harmony, e mais recentemente, Fleur East.

Se tem uma coisa que esses dois programas citados fazem muito bem é nos mostrar que é preciso nos envolver emocionalmente com os cantores para que tenhamos disposição e vontade de pagar para ouvir eles cantarem, sejam em shows ou baixando no iTunes (ninguém mais compra CD, certo? Haha). E é nesse ponto que o The Voice Brasil sempre pecou desde a sua 1ª temporada, a edição cada vez mais corrida ao longo dos anos.

Então, é necessário cantar em português para que o público se conecte mais com o artista. Porque é essa conexão que vai sustentar a carreira deles, mas pra isso o The Voice Brasil tem que ajudar e melhorar essa edição (porca) deles.

Bem, pode parecer que não, mas ainda tivemos performances nessa semifinal! Então vamos à elas, no ranking individual e não mais por times.

8) Junior Lord - Céu Azul (Charlie Brown Jr.)

A performance de Junior começou errada já no primeiro momento em que ele abriu a boca e o tom estava visivelmente fora do lugar. Apesar de não ser necessariamente grave, a voz de Junior não é tão alta assim e um momento ou outro, sabia que ele desafinaria. E desafinou! Mas Junior Lord sai dessa final com uma vaga na final e a lembrança de ter feito talvez a pior performance da temporada. Repito, o estilo do menino é muito bacana e a melhor escolha musical já feita para ele foi “Carolina” nas batalhas, onde ele pode mostrar mais da sua malícia performática (direitos autorais para mim!) no ponto, mesmo que vocalmente na tenha sido bom. Aqui, absolutamente nada se salvou.

7) Brícia Helen - Como Dois e Dois (Caetano Veloso)

Brícia cantou em português. Mas ela cantou por cantar. Não teve emoção nenhuma nessa apresentação e apesar de ser vocalmente superior à performance seguinte nesse ranking, foi tão vazia de emoção e significado que não havia como alguém se envolver. Claramente, Brícia estava preocupada em errar a letra, porque se ela errasse dessa vez, todos iriam perceber e também com as desafinadas, que viraram rotina nas apresentações da cantora. Uma tentativa louvável, mas não deu nada certo, Brícia! Pelo menos a menina nos deixou uma audição e uma batalha muito boas, muito mais do que quase todo o elenco dessa temporada pode dizer.

6) Nikki - Hello (Adele)

Não. Mais uma vez vou dizer: Cantar Adele em realities é um tiro no pé. Não porque Adele não seja uma artista e vocalista incrível (ela é), mas você vai sempre ficar à sombra da versão original. Sempre! E Nikki não fugiu à regra. O começo mais contido foi muito bacana e adorei ver Nikki num momento mais intimista, ao piano, mas quando ela levantou, o que pudemos ver foi uma gritaria que fazia mal aos nossos ouvidos (não por estar desafinada, mas pelo timbre de Nikki mesmo) e nos fazia sentir aquela já conhecida sensação de karaokê. Nikki nunca me ganhou e definitivamente não foi com essa performance.

5) Joelma Santiago - Mentira (Mira Callado)

Podemos para e fingir que Joelma fez uma performance bacanérrima que nem os técnicos, ou podemos dizer a verdade e eu vou escolher a segunda opção. O mais interessante dessa performance foi saber que era uma música de uma ex-The Voice, a lindíssima Mira Callado que merecia ter ido enfrentar Ellen Oléria na final (e perder, claro). Joelma, que é o assunto do momento, mais uma vez, fez um trabalho mediano e soou como uma cantora americana cantando em português. É fácil perceber que até as inflexões de Joelma são bem americanizadas, o que não é necessariamente ruim, mas se eu me irrito com o sotaque de Ayrton, não vai ser a pronuncia de Joelma das palavras que eu vou deixar passar. Joelma fez uso de alguns recursos vocais interessantes, mas acho que foi só impressão minha que ela estava um pouco atrasada no tempo da música. Enfim, já sabíamos que ela não avançaria. Ela já sabia que não avançaria, então, se ela não quis fazer uma despedida decente para gente, não sou eu que vou fazer uma despedida decente pra ela.

4) Renan Ribeiro - Azul (Guilherme & Santiago)

Não, você não leu errado. Estou aqui humildemente colocando Renan em 4º. Não que ele mereça, mas ele pelo menos conseguiu passar a performance inteira no tom certo, passar emoção e também mais uma vez me impressionar com a sua extensão vocal e ser levemente menos genérico do que foi ao longo da temporada, mas ele era outro que todos nós já sabíamos que não avançaria. Mas achei bem bacana ele ter sido um pouco melhor na sua última performance, porque mostra que em algum ponto ele evoluiu.

3) Paula Sanffer - Azul da Cor do Mar (Tim Maia)

Ai, Paula. Música lindíssima, mas foi uma escolha musical muito errada para esse momento. Paula precisava de uma música que a permitisse explorar vocalmente toda a sua voz e ao mesmo tempo, desenvolver sua presença de palco, sendo esses dois, seus pontos fortes. Mas apesar de fazer sua melhor performance vocal desde a sua batalha, Paula fez uma performance bem amadora, e sim, me dói muito escrever essa palavra aqui para alguém como Paula. Mas foi uma performance apática e sem graça que viveu só de uma nota alta no final. Paula merecia mais que perder na semifinal para Junior e a sua cara para o discurso de Brown já é o melhor momento da temporada.

2) Ayrton Montarroyos - Olhos Nos Olhos (Chico Buarque)

Foto: Divulgação/Globo

Não tem jeito mesmo. Ayrton pode se conectar muito bem com uma canção, mas ele não consegue exteriorizar essa emoção toda. Mesmo eu conhecendo cada vírgula da letra de “Olhos nos Olhos”, mesmo já sabendo o que a música queria me dizer, eu não consegui sentir absolutamente nada. E vamos combinar que esse é um erro imperdoável quando se canta Chico Buarque. Adoro as escolhas musicais de Ayrton e o acho um artista bacana, mas não consigo me conectar com ele (olha aí, viram...) e sempre acho suas performances idênticas.

1) Renato Vianna - Who Wants To Live Forever (Queen)

Foto: Reprodução/Globo

Melhor performance vocal de Renato na competição e vindo do vocalista mais diferenciado da edição, isso é muito. Definitivamente, essa performance está entre as minhas 3 favoritas da temporada. Renato é vocalmente incomparável nessa temporada e qualquer resultado na semana que vem diferente da vitoria do finalista do Team Michel será uma injustíssima imensa. Nessa performance, a única coisa que faltou a Renato foi presença de palco, que é praticamente nula desde o começo da temporada. Até mesmo os constantemente fechados olhos de Renato contam pontos contra ele nesse aspecto. Mas vamos combinar que entre um cantor com uma vez excepcional sem presença de palco e outros 3 cantores com uma presença de palco irretocável e uma voz mais cheia de buracos que um pedaço de queijo, é lógica a torcida por um primeiro, certo? Certo. Então vão logo votar para Renato ganhar essa temporada e impedir que Nikki, Junior e Ayrton ganhem.

Bem pessoal, essa foi a nossa semana de semifinal. Sei que estou constantemente atualizando a coluna mais tarde do que gostaria, mas além de compromissos pessoais, o programa não anda merecendo muito rapidez no meu trabalho. Até semana que vem, onde coroaremos Renato como o vencedor da 4ª temporada do The Voice Brasil. Mas digam lá, depois de toda essa reflexão: Existe carreira de cantor brasileiro que canta em inglês?

Segue meu ranking da torcida para essa final:

1) Renato Vianna

2) Renato Vianna

3) Renato Vianna

4) Renato Vianna


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