A chance de uma redenção.
Por: Daniel Melo - Contato: [email protected]
Estamos de volta com mais uma temporada do The Voice Brasil, que depois de uma segunda temporada fraca e uma terceira temporada desinteressante, ainda tem muito a provar.
Primeiramente, queria mostrar a minha grande surpresa com o fato de apenas Daniel ter saído da bancada. Afinal, até onde eu sabia, a empresa holandesa que detêm os direitos do programa exigia que após no máximo a terceira temporada, pelo menos metade da bancada fosse renovada, tanto que foi o que eu disse ano passado. Contudo, Boninho e as suas artimanhas conseguiram desligar apenas Daniel da produção, o que é uma lástima, pois por mais insípido que Daniel fosse como jurado, estava muito longe de ser o pior da bancada (Brown e Lulu, estou olhando para vocês!).
Com isso tivemos a entrada de Michel Teló no programa como técnico. Confesso que o nome de Teló me deixou animado, uma vez que ele possui um grande conhecimento musical, como já ficou explícito nos seus projetos extra-musicais e também porque era um dos nomes cogitados por nós ano passado na bancada ideal (Luiza Possi, Samuel Rosa, Michel Teló e Saulo Fernandes, lembram?). E vamos ser muito bem sinceros, Michel era o grande chamativo para a estreia da 4ª temporada do programa, e essa estreia deixou bem claro o por quê.
Michel trouxe para as cadeiras vermelhas aquele espírito competitivo que sempre faltou na nossa versão tupiniquim e ainda uma visão mais técnica, mas não por isso menos passional, das audições dos candidatos. Isso se refletiu na fluidez do programa, que apesar de mais de uma hora e meia de duração foi divido em dois blocos grandes e um terceiro bem dispensável, e que ao fim, nos deixou aquela sensação de “pô, já acabou? Mas começou ainda agora!”. Se tratando de realities musicais, não há reação melhor. Ainda mais para um formato tão desacreditado por nós.
Acabei achando a edição um pouco mais corrida que o normal, o que por um lado é bom e nos permite um maior número de audições por episódio, mas por outro, não nos permite conhecer bem a história dos candidatos, o que mais na frente, não irá nos deixar apegarmos a alguns candidatos.
E agora, sim os candidatos. Sempre foi algo afirmado pela maioria das pessoas que não faltava talento no The Voice Brasil, que pecava apenas no aspecto técnico. Contudo, o que vimos essa quinta-feira, foi exatamente o contrário, com muitos candidatos bem ruinzinhos conseguindo vagas nas batalhas e outros medianos virando as 4 cadeiras. Com isso, nos resta basicamente 3 artistas realmente interessantes; o que contando com 10 aprovados, é um número muito baixo. Mas sem mais delongas, vamos a eles:
10) Nikki - Don’t Wake Me Up (Chris Brown) - Team Milk
Nikki conseguiu abrir a temporada com chave de taquara! Primeiro que a voz da menina tremia demais e nenhuma nota parecia no lugar nessa performance. O refrão foi um dos mais sem força que eu já vi na vida e olha que é o Chris Brown que canta essa música. A única coisa para a qual essa performance serviu foi para evidenciar que Michel Teló tem bom senso quando fez aquela cara de WTF? Quando Brown virou com meio segundo de música, ainda que tenha sido a melhor parte da apresentação. Apenas me digam como uma audição COMPLETAMENTE IRREGULAR como essa me vira as 4 cadeiras? Michel, amigo, acabei de dizer que você tinha bom senso. Não acabe com isso. Escolheu o Team Milk, que segue sendo o mais popular do programa para a galera do pop.
9) Willian San’Per - Velha Infância (Tribalistas) - Team Milk
A versão hip hop da melhor musica dos Tribalistas não deu certo. Nada certo. Essa música é um exemplo de clássico contemporâneo que sempre encanta muita gente sem nem precisar cantar muito bem. Acontece que a desconstrução da melodia em nenhum momento entrou em compasso com a letra. Ficou uma coisa muito solta em todos os sentidos. E olha que vocalmente essa performance foi bem fraquinha, onde ele basicamente ficou na voz natural o tempo todo e quando ousou ir para partes mais altas desafinou como se não houvesse amanhã. Foi tão feio que cheguei a pensar que tinha sido uma falha no microfone. JESUS! Escolheu o Team Milk só pra ser eliminado nas batalhas.
8) Sarah Lorena - Laranja/ Todas Elas Juntas Num Só Ser (Maria Gadú/Lenine) - Team Lulu
Sarah fez excelentes escolhas musicais e fez um medley bem bacana, mas o fato é que pouco entendi o que ela estava cantando, de tantos problemas na dicção da menina, que depois de um razoável começo, se mostrou vocalmente imatura e muitas vezes sem força. Lulu foi o único que virou e apesar de todos os problemas da audição da menina, acho que foi muito justo, já que acho que ela pode crescer na competição e talvez chame a atenção de mais gente.
7) Maurílio de Oliveira - Verdade (Zeca Pagodinho) - Team Brown
Primeiramente, me senti tão preconceituoso quando só de olhar para ele disse “é bem pagodeiro” e acertei. Bem, a respeito da audição, Maurílio tem um timbre bem bacana e sabe exatamente o que faz com sua voz, ainda que tenha sido tudo um tanto quanto confortável demais. O problema é que Ju Moraes, apenas fez uma incrível performance dessa música na final da 1ª temporada e numa comparação rápida entre as duas performances fica evidente a falta de desenvoltura no palco de Maurílio, uma vez que Ju cantava com o corpo todo, era uma coisa incrível de ver. Se Maurílio não acabar sendo o novo Romero Ribeiro (quem lembrar quem é Romero Ribeiro ganha um pirulito!), já me dou por satisfeito, mas ele vai acabar saindo nas batalhas.
6) Selma Fernandes - Travessia (Milton Nascimento) - Team Brown
Selma nos entregou a primeira grande performance vocal do episódio. Até os últimos segundos quando ela claramente se deixou abalar pela emoção e passou a tremer na base, vocalmente. Mas no geral, Selma fez uma excelene apresentação que chamou minha atenção. Só acho que a cantora não conhece os limites de sua própria voz e todas as mudanças no tom tiveram essa vibe experimental. Espero vê-la evoluindo nas batalhas.
5) Renan Ribeiro - Implorando Pra Trair (Michel Teló & Gusttavo Lima) - Team Michel
Talvez de um ponto de vista puramente vocal, Renan tenha feito a melhor audição da semana, especialmente porque, como Michel Teló muito bem falou, ele conseguiu transparecer identidade na voz em um estilo onde essa tarefa é muito mais difícil que o comum. Renan tem uma extensão vocal invejável e também me deixou curioso sobre como ele seria cantando uma música mais lenta, uma balada. Talvez Michel realize meu desejo na próxima fase.
4) Edu Santa Fé - Poeira (Sérgio Reis) - Team Michel
Enquanto a maioria busca surpreender pela intensidade e a foca, Edu foi exatamente pelo caminho oposto. É assim quando vemos que alguns candidatos conseguem encontrar força na suavidade que nos conectamos com eles. E Edu foi bem sucedido nessa tarefa como nenhum outro artista dessa primeira semana, conseguindo casar perfeitamente voz, letra e violão. Infelizmente, apesar da sua voz cativante e a prova de erros, não vejo Edu indo muito longe.
3) Lorena Ly - Deixa Eu Dizer (Ivan Lins) - Team Milk
“Deixa Eu Dizer” é uma música carimbada nos realities, porque nela é possível mostrar toda a extensão e afinação da voz do cantor e pouquíssimos cantores conseguem entregar algo mais que isso. Por isso, essa música me incomoda pois dá espaço para pouquíssimas inflexões e veda a originalidade dos candidatos. É exatamente assim que foi a audição de Lorena, impecável, mas previsível do começo ao fim. O que se tratando da boa cantora que ela é, não achei nem um pouco ruim. Para sorte de Cláudia, a cantora a escolheu, sendo a verdadeira salvação do Team Milk nessa primeira semana.
2) Rebeca Sauwen - Ando Meio Desligado (Os Mutantes) - Team Lulu
Já passou mais um ano e ainda acho essa cortina incrivelmente desnecessária. É so a câmera não mostrar o candidato. Mas voltando à audição, Rebeca tem facilmente a voz mais interessante dessa estréia e apesar de eu achar que outras músicas se encaixariam muito melhor na voz dela, “Ando Meio Desligado” valeu muito a pena por mostrar o timbre diferente e o controle vocal da cantora. Particularmente, achei a quebra na voz dela em “Eu nem vejo a hora de lhe dizer” meu momento favorito da audição. Quero muito mais para Rebeca, que escolheu o Team Lulu, que aparentemente esse ano tá mais competitivo que o normal.
1) Tori Huang - Telegrama (Zeca Baleiro)
Tori é a primeira artista (que eu me lembre, pelo menos) a fazer jus a posição de última cantora da noite, encerrando essa primeira semana de audições de maneira magistral e abocanhando a medalha de ouro da semana. Se eu tivesse que resumir a audição da menina em uma palavra, eu usaria, sem medo nenhum, “ESTILO”. Aqui temos um claro caso onde foi a criatividade nessa nova versão da música que fez toda a diferença, porque Tori não é melhor vocalista, então muito claro ela buscar se destacar pela sua veia artística. É nessa vertente do pop brasileiro, que é muito restrito ainda, que Tori tem tudo para brilhar. E vejo nela uma potencial finalista.
Ainda tivemos a performance final com os técnicos todos juntos, mas acho melhor falar delas quando me der vontade de continuar assistindo, né? Finalizando, achei que a diminuição do repertório internacional nessas audições fez o programa ficar bem mais assistível e crível, na minha opinião. Os times ao final desse episódio ficaram assim:
1) Team Lulu: Tori Huang, Rebeca Sauwen, Sarah Lorena
Incrível a superioridade do time Lulu, com nenhum candidato que seja menos do que bom. Botou uma boa distância dos demais.
2) Team Michel: Renan Ribeiro, Edu Santa Fé.
Time unidimensional? Sim, mas pelo menos temos dois excelentes representantes das duas vertentes do sertanejo.
3) Team Brown: Selma Fernandes, Maurílio de Oliveira
Os candidatos de Brown possuem um potencial tremendo, mas por hora ficam na promessa.
4) Team Milk: Lorena Ly, Wiilian San’Per, Nikki
Um time fraco, muito fraco. Apenas Lorena salva e mesmo ela não é suficiente pra levar Claudinha muito longe na competição.
Muito Obrigado pessoal, e até semana q vem!