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The Voice Brasil - 3X04 – Audições às Cegas, Parte 4

Podemos respirar aliviados!

Por: Daniel Melo - Contato: [email protected]

Essa semana ficou evidente que o The Voice Brasil ainda consegue nos fazer assistir à uma hora e meia de programa e ao final, nos fazer sentir que valeu a pena. Esse feito se deu pela soma de diversos fatores, entre eles: uma excelente leva de candidatos, muitos com potencial para a fase final; técnicos que conseguiram tanto nos entreter quanto honrar as suas cadeiras vermelhas tanto no aspecto técnico da coisa, quanto na parte do entretenimento, feedbacks úteis, o clima de leveza do programa e a ausência de brincadeiras estúpidas. Está aí uma fórmula para o sucesso de um reality musical. Está aí tudo que o The Voice Brasil foi essa semana.

Mesmo tendo tido excelentes audições essa semana, ainda acho que tivemos uma audição que nos abalou emocionalmente, como “Zumbi” de Ellen Oléria ou “When I Was Your Man” de Sam Alves. Mas onde muitos veem isso como uma coisa negativa, eu procuro olhar de uma diferente perspectiva. A ausência de um vencedor óbvio nesse estágio da competição, só faz agregar valor ao fator “competitividade” da temporada (o único ponto negativo do programa essa semana, pra falar a verdade. Acho que o Brasil é o único país com competitividade zero na bancada do The Voice!). Acredito que sem um favorito absoluto, podemos analisar mais atentamente um número maior de candidatos, buscando aquele que podemos chamar de favorito. Por exemplo, na primeira temporada, lembro perfeitamente que nas fases das audições ninguém chamou mais a minha atenção do que Ellen Oléria, Ju Moraes e Liah Soares. Já nas batalhas Thalita Pertuzatti passou a ganhar minha torcida quase absoluta. A batalha da cantora com Juliana Gomes (cujo nome só está aqui devido a existência da Wikipédia!) ao som de “João de Barro” foi uma coisa de outro mundo. E nas fases seguintes, Thalita conseguiu me prender até a sua justa eliminação. Mas o fato é, por semanas, Thalita me foi muito mais interessante do que Ellen e mesmo sabendo que a vitória da cantora foi muito justa (e previsível), torci imensamente por ela e não trocaria a experiência de ter minha favorita quase eliminada 3 vezes por nada.

Com Sam Alves foi a mesma coisa.  Depois de excelentes performances como “When I Was Your Man”, “A Thousand Years” e “Pais e Filhos”, deixou de surpreender e a partir daí, Krystal e Pedro Lima cresceram imensamente e ganharam a minha torcida. De novo, a vitória de Sam foi justa e previsível como a de sua antecessora, mas se eu levei algo de positivo da segunda temporada foi a mania de torcer sempre contra o óbvio. Acho que a Globo aprendeu que especialmente em realities, a imprevisibilidade do que ainda vai acontecer acrescenta muito ao programa e vale a pena investir nela. Ela faz os telespectadores se envolverem emocionalmente com o programa, ou pelo menos comigo é assim.

Ao contrário do que já ouvi falar, não acho que o elenco desse ano seja inferior ao do ano passado de maneira alguma. Muito pelo contrário. No geral, esse ano temos tido audições melhores que as da segunda temporada e isso se deve em partes ao excelente episódio dessa quinta-feira. Muitos dos candidatos dessa semana têm chances altíssimas de se consolidarem front-runners da temporada.

A noite foi extremamente saudável para os times de Lulu e Cláudia. O primeiro, depois de duas semanas sem sair do lugar, precisava de mais uns nomes relevantes; já a segunda, embora já tivesse respeitáveis nomes no seu time, conseguiu agregar mais excelentes candidatos. Vamos a eles?

Rose Oliver – Aquarela do Brasil (Ari Barroso)

Nada me derrete mais do que um começo a cappella. Nada. E exatamente por isso, assim como Daniel e Brown virei minha cadeira imaginária instantaneamente para a cantora. E o diferencial dela é que nesse comecinho tudo girou em torno de sua voz e a cantora se mostrou capaz de segurar notas bem longas, ainda que falte uma refinação no final dos versos (mas isso passou muito longe de me incomodar). Ao ver ao vivo, me decepcionei um pouco com a performance da cantora, por não ter mantido durante toda a performance o mesmo nível do começo, mas ao assistir de novo, percebi que ela na verdade foi muitíssimo bem e eu que estava com a expectativa altíssima. Adorei essa vibe meio MPB/Soul/Samba. Adorei também o fato que todos os 4 falaram coisas coerentes, com destaque para Lulu, que pontuou muitíssimo bem a respeito da falta de hesitação na voz da cantora e o seu auto-conhecimento. Acho que Rose, daqui pra frente vai ser ainda melhor. Acho que é porque ela escolheu ser parte do #TeamLulu e se tornou a melhor candidata deste até então.

Leandro Buenno – Latch (Disclosure feat. Sam Smith)

Leandro chega ao The Voice concorrendo a vencedor de várias categorias. Entre elas “artista mais contemporâneo da temporada” e “melhor falsete da semana”. Claro, também tem a opção “cantor bonitinho do ano”, mas deixa essa pra Capricho e outras do gênero, porque This is The Voice e não The Face. Brincadeiras a parte, Leandro escolheu um música extremamente atual e que permitiu que ele conseguisse mostrar o seu desempenho em diferentes ritmos e ainda passar uma vibe Justin Timberlake, que sempre é bem vinda para cantores pop masculinos. O potencial de mercado para o cantor é imenso e o seu estilo ficou aqui muito bem definido. Na parte mais lenta da música, Leandro conseguiu se conectar muito bem com a letra da música e de quebra, quando o ritmo acelerou ele mostrou um senso de ritmo corporal muito bom e ainda uma excelente voz. Os maravilhosos falsetes me marcaram essa semana tanto quanto o começo a cappella de Rose Oliver. O tempo todo eu fiquei na cabeça com a frase “Sam Alves melhorado”. Se essa afirmação é verdadeira ou não, apenas as próximas fases dirão. Mas aqui, vou dizer que tivemos momentos vergonha alheia (engraçados dessa vez) como Cláudia tentando seduzir o candidato e a constatação de que Claudinha não seria uma boa DJ. No mais, ri muito com o “cala a boca Brown, você não virou a cadeira” dela. E fiquei levemente constrangido quando ela falou “eu gosto de você todo” e o cantor respondeu “todo mesmo ?” com um tom malicioso. Leandro Buenno tem grandes de chances de se tornar finalista no Team Milk.

Marina Saru – Eu Sei (Fresno)

A garota do garoto rosa não conseguiu passar, mesmo sendo talentosa. Pessoalmente, acho que foi por causa da voz tremida dela nas partes mais atlas, diferente do que Milk disse. Faltou também ela incorporar fisicamente a atitude que a voz dela tinha. Gente pior passou (bejos Twyla, Bruna Tatto, e Vinícius Zamarin), mas gostei que Lulu falou da falta de experiência e Milkinha disse que foi um problema com um tom da música. Concordo com Lulu e discordo um pouco com Cláudia e acho que o problema dela se resume a falta de controle e falta de expressão física mesmo.

Agora vamos fazer um minuto de silêncio pela propaganda da Chilli Beans no meio do programa, que fez com que a Globo redefinisse o conceito de desnecessário. Obrigado!

Luana Fernandes – Felling Good (Nina Simone)

É sério que ainda tem gente reclamando da presença de Fernanda Souza no programa? Muito linda, simpática e engraçada. A interação dela com a família de Luana foi simplesmente perfeita. Só aceito que ela saia do The Voice Brasil se for pra ter um programa de auditório! Mas a audição de Luana não foi tudo isso não! Talvez pelo fato de eu já ter visto milhares de performances dessa música (melhores, vale dizer). Por isso, devo dizer que acho esse não é o estilo certo para ela. Ou até é, mas ela não soube usar a sua voz muito bem. Soou como uma tentativa de emular Amy Winehouse. Mesmo que ela tenha derrapado no começo e encontrado seu caminho do meio pro fim, não me sentiria seguro dizendo que ela vai ser um dos destaques da temporada. Talvez surpreenda, talvez flope de vez. Isso só o tempo e Claudia Leitte dirão. #teamilk

Nanda Garcia – Gente Humilde (Chico Buarque)

Estilicamente, me lembrei muito de Maria Gadú! E embora a cantora não tenha feito um momento daqueles incríveis na sua performance, ela soube crescer sem perder a suavidade. A delicadeza do seu tom, por vezes poderia ter sido deixada de lado e ter mostrado o grande alcance que eu acredito que ela tenha. Mas deixando a audição dela de lado, será que dizer “... rima com Daniel” é o único argumento do nosso técnico sertanejo? Vamos variar esse repertório, hein. Devo dizer também que foi elegantérrimo da parte de Daniel e Brown oferecer água e fazer brincadeiras para que a candidata se acalmasse depois que disse que estava nervosa. Ela escolheu ser parte do Team Daniel e acredito que seja ela que vá ser pareada com Lívia e perder.

Jésus Henrique – Serrado (Djavan)

Às vezes acho que qualquer pessoa que escolha cantar Djavan já começa com uma grande vantagem no meu gosto musical. Jésus (não é Jesus, hein!) é excelente vocalmente e apesar de demonstrar perfeitamente o que estava sentido na sua expressão facial, ainda pode explorar melhor a sua presença de palco. No mais, ele precisa tratar de aumentar a sua autoestima até porque ele não é nenhum cantor mequetrefe e ouso dizer que pela comemoração de Daniel quando o cantor o escolheu, acho que ele vai empurrar Jésus até onde der.

Débora Coutinho – The House of the Rising Sun (The Animals)

Débora foi outra que desapontou de leve, porque há 4 anos atrás, Haley Reinhart fez a melhor versão dessa música que já ouvi. Faltou passar aquele feeling que a música pede, ainda que ela tenha entendido muito bem a mensagem dark da letra. Foi uma versão diferente, mas faltou sair da mesmice da performance. No começo foi interessante, mas não evoluiu e por vezes, ficou entediante. Tem cara daquelas candidatas que vai ser eliminada nas batalhas e por isso, acho que poderia ser eliminada aqui sem grandes prejuízos. Ela escolheu o Team Brown.

Karina Duque Estrada – Um Sorriso nos Lábios (Gonzaguinha)

Passei a audição dela inteira tentando entender o porque de a audição dela não ter dado certo. Daí veio Milkinha e o seu “faltou você entender a história dessa música e sorrir”. Daí percebi que era nervosismo extremo que a impediu de ser melhor. E foi só isso que consegui extrair dessa audição, porque o melhor de tudo foi a cantora expondo publicamente a completa falta de competitividade da bancada de jurados do programa!! Hihi... Foi para o Team Milk, porque Claudia resolveu apertar o botão e nesse ritmo, ela termina de preencher as vagas do seu time ainda nesse episódio.

Thiago Soares – Simples Desejo (Thiaguinho)


 

Daniel foi outro que gostou de brincar de apertar o botão e acabou trazendo para o seu time o cantor aprovado mais fraco da noite. Ele até cantou direitinho, mas foi meio chatinho e me fez zzzz... AH, lembrei o que eu fiquei pensando na audição dele... que quando a Nise Palhares chegar na fase ao vivo, ela poderia pegar uma música pop brasileira e acrescentar a sua personalidade mais rock. Acho que ia ficar show.

Lui Medeiros – Drão (Gilberto Gil)

E de uma das piores audições da noite, chegamos à uma das melhores audições da temporada. Sim, Lui me encantou com essa maravilhosa música de Gilberto Gil. Foi uma coisa suave, simples, mas poderosa e cheia de significado. Lui tem uma aspereza deliciosa na sua voz que eu amo muito.  Particularmente, o momento mais mágico dessa audição foi quando ele combinou dois dos meus recursos vocais favoritos: falsete e melismas, lá no finalzinho. Sem dúvida nenhuma, quero ver Lui no programa por muito tempo.  O cantor conseguiu crescer com a mesma força que me conquistou lá no comecinho da música. “Um cantor de várias camadas” foi a melhor definição que já vi para o cantor. Ele escolheu ser parte do Team Lulu, mesmo quando toda a plateia gritava Cláudia. Vou dizer aqui que acho incrível o quanto no The Voice Brasil, a técnica é aclamada pela plateia, enquanto no mundo a fora, já vimos Christina Aguilera, Jessie J, Shakira, Gwen Stefani, e até mesmo Delta do The Voice AU, sofrendo sucessivas derrotas para os coaches rivais, que sempre preferem ir com os coaches homens. Enfim, Lui Medeiros, é o nome do dia. E tô achando que a temporada vai ser dos homens!

Amanda Mangia – Forget You  (Cee Lo Green)

Primeiramente, sdds #RedZone (quem assiste a versão americana vai entender). Mas o motivo de eu ter citado a Red Zone aqui foi justamente o motivo de já termos tido uma audição muito parecida com essa no USA. Naquela ocasião, o candidato em questão foi eliminado por ter feito um karaokê de luxo da música do Cee Lo, que era um coach no programa na época. E foi isso que aconteceu aqui, só que dessa vez foi só karaokê mesmo porque pra ser karaokê de luxo precisa melhorar um pouquinho mais. Na minha opinião, Amanda deveria ter estudado melhor a sua escolha musical. Forget You é uma daquelas músicas nas quais vocês ou se destaca com uma voz super diferente ou com uma interpretação muito distante da original. Para mim, a cantora não fez nenhuma coisa nem outra e faltou expressar a malícia que a música exige (tem até versão com palavrão, gente!) e por essa falta de atitude, acho que mereceu ser eliminada.

Thiago Costa – Colombina (Ed Motta)

Sempre vai ter alguém pra cantar Colombina, não é? Pois então que seja uma versão como essa: muito bem cantada, pra cima, e contagiante. Thiago é cheio de carisma é também um excelente cantor. Faltou só ele animar um pouco a sua plateia, mas por hora a sua voz deu conta do recado. Junto com Carla Casamarim, foi o melhor pimp-spot (última apresentação da noite) da temporada. Acho que ele escolheu bem em ir para o Team Milk, porque lá ele vai ter pouca competição dentro do seu estilo. *A apresentação dele pareceu um pouco datada, mas eu gostei assim mesmo.

Bem, como de prache, tivemos uma apresentação solo de um técnico no programa. Dessa vez, sobrou pra Carlinhos Brown que cantou “Verdade, Uma Ilusão”. Não foi nenhuma “It Hurt So Bad” ou uma “Evidências”, mas foi um final razoável para um noite muito boa para o programa.

Momento SPOILER: Semana que vem teremos mais uma dupla (já chega, viu!) e parece que eles vão cantar “Just a Fool”, o dueto entre os coaches Blake Shelton e Christina Aguilera. A música é ótima e desde já aviso que serei supercrítico com eles porque amo demais essa música.

Agora só nos resta fazer aquela recapitulação esperta, porque os excelentes candidatos dessa semana bagunçaram bastante o nosso ranking:


1) Team Milk: Leandro Buenno, Thiago Costa, Kall Medrado, Nise Palhares, Nathalie Alvim, Priscila Brenner,Luana Fernandes, Karina Duque Estrada,  Bruna Tatto, Vinicius Zanin.

E com a adição de Leandro Buenno e Thiago Costa, o Team Milk retorna à posição em que esteve durante grande parte do ano passado. Não que eu tenha certeza que isso vá durar, mas por hora ele fica aí. Claudia construiu um time bem diverso. Temos pop eletrônico, rock, pop/indie, soul brasileiro e estrangeiro, MPB e por aí vai. Estou fazendo uma aposta em Leandro Buenno, porque o considero, não o melhor vocalista da temporada, mas o cantor mais comercial do ano, tanto que ficou em #2 no iTunes Brasil.


2) Team Daniel: Kim Lírio, Lívia Itabohary, Carla Casamarim, Danilo Reis e Rafael, Jésus Henrique, Nanda Garcia, Vitor e Vanuti, Kiko e Jeanne, Rafaela Melo, Thiago Soares.

Não que o Team Daniel tenha ficado pior que os demais, mas é que ele parou de crescer (em qualidade, não em quantidade), enquanto os demais continuaram. Mas ainda tem Kim, Lívia, Carla e Danilo e Rafael, o que rende um time muito bom para a fase final e por isso, fica em segundo.


3) Team Lulu: Lui Medeiros, Rose Oliver, Deena Love, Gabriel Silva, Dudu Fileti, Edu Camargo, Mariana Lira, Edmon Costa, Isadora Moraes,Twyla.

Não me arrependo nem um pouco de ter deixado o Team Lulu na lanterna na semana passada. E essa semana ele de fato cresceu absurdamente com Lui e Rose, que podem até mesmo chegar a uma final. Tanto que no momento considero o time de Lulu praticamente empatado com o de Daniel. Acontece que como um todo, Daniel tem um time mais forte que o de Lulu. Fica em terceiro, mas com possiblidades de passar até mesmo o Team Milk nessa corrida maluca.


4) Team Brown: Joey Mattos, Letícia Pedrosa,  Romero Ribeiro, Vanessa Ribeiro, Amarildo Freire, Kynnie Williams, Ricardo e Ronael, Débora Coutinho, Princess La Tremenda, Hellen Lyu.

Tudo de volta ao seu devido lugar. Brincadeiras a parte, Brown é o único técnico que ainda não conseguiu trazer para o seu time um grande nome. Joey e Letícia despotam como favoritos aqui, mas quando analisamos o quadro maior, vemos que eles não tem força o suficiente para superar os destaques dos outros times.

E aí? Gostaram do episódio? Animados para o próximo? Qual o seu time? #teamlulu, #TeamMilk, #Team Daniel ou #Team Brown? Comentem aí e até semana que vem, onde teremos o último episódio de audições às cegas e partimos para as batalhas!


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