The Voice Brasil 3x03 – Audições às Cegas, Parte 3

Nas duas últimas semanas, o Team Daniel tem sido o maior destaque da competição. Muitos dos cantores, com as melhores audições, foram parar no time do nosso Blake Shelton do Paraguai. O grande problema é que até então, mesmo com um pouco mais de presença, e estando menos apático, Daniel continuava sendo um peso de papel na sua cadeira vermelha (e para muitos continua sendo). Na última semana, no entanto, pude ver uma possibilidade de mudança nesse cenário. Daniel conseguiu ser engraçado em uma interação inédita e usou bons argumentos para conquistar candidatos para o seu time.

Mas de repente, em questões de segundos conseguiu incorporar Carlinhos Brown, Lulu Santos e Claudia Leitte, TODOS ao mesmo tempo da pior maneira possível e beirar ao ridículo junto com estes durante o que deveria ser a disputa por uma candidata. É claro que eu já me acostumei com o nível de vergonha alheia que o programa frequentemente alcança, mas dessa vez a coisa foi tão feia que fiquei seriamente pensando se aquilo tudo veio dos próprios técnicos ou se a produção (conhecida como Boninho, que muito respeitosamente vai ser chamado de “aquele que não deve ser nomeado”, para não azarar o resto da temporada, ok ?) tem um dedo nisso. Quão autênticos são os técnicos do The Voice Brasil na frente das câmeras? Será que a se a produção parasse de direcionar como os técnicos deveriam agir, as coisas fluiriam mais facilmente?

Pessoalmente, acredito que sim. Diferentemente de outras franquias (musicais ou não), o The Voice, em todos os países tem qualidade superior a muitos por não ser roteirizado. O programa já rendeu barracos internacionais, em plena final, (beijos Christina Aguilera e Adam Levine se destruindo via twitter), mas essa foi uma exceção e não a regra. Entendo a “preocupação” (vou fingir que é por isso que a Globo brinca de mestre dos bonecos com os técnicos só pra não ficar tão feio) que a emissora tem de não estar em controle da atração, mas isso se chama reality show. Para aqueles que não estão familiarizados com o inglês, a tradução seria “show da realidade”, então, porque fazer do The Voice Brasil um novelão mexicano quando ele tem potencial para ser muito mais do que isso? O nível dos candidatos essa semana foi bom e os técnicos ATÉ CERTO PONTO cumpriram muito respeitosamente o seu papel de jurados. Tiago Leifert e Fernanda Souza seguem muito bem na apresentação do programa. A edição ainda não apresentou graves falhas e a organização do programa talvez seja a melhor da nossa versão tupiniquim já teve. Então me expliquem o porquê de o programa não conseguir ser bom do começo ao fim. Será mesmo tudo culpa daquele que não deve ser nomeado? Vish... Mas repito: O The Voice Brasil não vai pra frente porque a Globo não quer, e, infelizmente, nunca vai abrir mão do controle sobre as suas crias.

Mas como felizmente nem só de coisas ruins o programa vive, devo dizer que essa semana o nível dos candidatos melhorou um pouquinho. Nada extraordinário, mas também não apareceu nenhuma Twyla, então estamos a salvo. Pelo menos por hora.  Vamos aos candidatos? Apertem os cintos e aqui vamos nós:

Vitor e Vanuti - Volta Pra Mim (Roupa Nova)

Primeiramente, já deu de duplas esse ano, certo? Um é pouco, Dois é bom, mas três é demais. E ainda mais no mesmo time. Segundamente, quem mais aí percebeu que um dos meninos apareceu nu em pleno horário nobre em uma foto quando criança? Se a dupla não entrou para a história do The Voice Brasil, ainda pode entrar na história da televisão brasileira. Terceiramente, as duplas até que estão boas esse ano, hein! Mas focando na audição deles, Vitor (o que estava todo de preto), tem um controle muito bom sobre a sua voz (potente e até mesmo emocional), que pode muito bem deixar ele gritar como não houvesse amanhã e o bom senso dele de se policiar pra tornar uma melodia agradável é louvável. A dupla fez escolhas melódicas inteligentes até, mas faltou aquele momento de “ir além”. Aqui tivemos uma divertida batalha entre técnicos. Divertida mesmo. Com uma Milk inspirada, um Daniel espontâneo e um Brown menos espalhafatoso. Com a entrada deles no Team Daniel, as chances de ver meu sonho com uma batalha entre duas duplas aumentam cada vez mais. Acredito que nas batalhas Daniel pareie Vitor e Vanuti com Kiko e Jeane e escolha a primeira para perder para Danilo e Rafael no Tira-Teima. Só um palpite...

Nathalie Alvim – Whole Lotta Love (Led Zeplin)

Nathalie escolheu uma excelente música para a sua excelente voz, mas pecou por exagerar na afetação na segunda metade da sua apresentação. Aquela primeira nota foi daquelas que não tem como a gente criticar os técnicos por virarem tão rápido. E tudo ia muito bem até a cantora começar a derrapar no inglês. Aí veio a afetação vocal e tudo virou uma grande bola de neve. Acho eu que a cantora percebeu a cagada que fez, já que em alguns momentos ela deixou uns espaços vazios bem perceptíveis na melodia. Contudo, acredito que ela tenha potencial, desde que MUITO BEM trabalhada. Ela escolheu ser parte do #TEAMMILK

Obs: Quem mais aí percebeu que a produção cochichou no ouvido do Brown que a cantora já tinha participado do programa? HAHAHA

Kim Lírio – Sem Radar (LS Jack)

Kim, fez com muitos méritos, a melhor audição do dia pra mim. Mostrou que tem boa voz, uma presença de palco que é pra poucos e ainda conseguiu mostrar onde se encaixaria no mercado musical atual, coisa que pouquíssimos candidatos esse ano vem fazendo. E assim como na primeira semana do programa, um artista tão bom como esse vira apenas uma cadeira. “Que que é isso”, Brasil?  Tudo nele me cheira a sucesso, desde a sua escolha musical maravilhosa até sua voz deliciosamente rouca que combinou magicamente com tudo na sua performance. Acho que o #TeamDaniel tem um novo favorito.

Kynnie Williams – Why Don’t You Love Me (Beyoncé)

Eu já tinha gostado da cantora antes de ela entrar no palco, principalmente pela história e o fator carisma, mas a verdade é que toda a minha excitação foi por água a baixo com uma performance um tanto quanto mediana de uma nem tão boa música da Beyoncé. Faltou mostrar potência e sair da mesmice e por mesmice, eu digo ficar fazendo milhões de firulas desnecessárias.

Ainda assim, Brown e Daniel viraram e o momento pós-audição da cantora, foi uma das maiores vergonhas alheias que eu já presenciei na história da televisão. E sim, eu estou incluindo nessa lista Paula Abdul julgando uma performance antes dela acontecer no American Idol em 2008. Não me entendam mal, Daniel até foi engraçado no começo, quando tirou o sapato e passou se sentir mais relaxado, mas quando ele começou a usar o sapato como telefone, eu soube que a coisa estava perdida. Pegou muito mal e seja de quem tiver sido a iniciativa desse fato, seja daquele que não deve ser nomeado ou do próprio Daniel, foi ridículo e tenho certeza que se o cantor não tivesse dado o show que deu no final do programa, ele teria caído ainda mais no meu conceito. Se essa situação se repetir mais uma vez, vou querer imensamente que Daniel se retire da bancada do programa permanentemente (já quis isso antes, mas agora ele se comprometeu vergonhosamente!). De qualquer maneira, até a cantora percebeu que Daniel foi ridículo ao extremo e escolheu ser parte do #teambrown.

Nanda Torres – Começar de Novo (Ivan Lins)

Chega a ser incompreensível como Nanda foi eliminada e o último cantor da noite foi aprovado. Mas vamos nos concentrar na cantora agora. Estilicamente, já estava prevendo que Daniel viraria e a cantora seria pareada com Livia Itabohary em uma batalha e perderia, mas seria roubada. Contudo, meus planos foram interrompidos quando nenhum desses 4 virou. No seu vídeo, Nanda afirmou que era uma cantora-compositora, um estilo muito escasso no Brasil e que faz muito sucesso internacionalmente. Vocalmente, a cantora não foi perfeita, mas nem são a grande maioria dos aprovados. Então sim, com uma respeitável folga, Nanda merecia passar. Mas fica para uma próxima.

Vanessa Borges – Muito Obrigado Axé (Carlinhos Brown)

Antes de tudo, foi muito bom ver Tiago Leifert lembrando que também é a sua função recepcionar os candidatos e suas famílias. Estaria ele sendo intimidado pela presença de Fernanda Souza? Hihi... Voltando à audição, Vanessa, pela maneira de se portar no palco me lembrou muito a queridíssima Ju Moraes, ainda que vocalmente não tenha metade da competência da finalista do Team Milk da primeira temporada. Mas na mesma medida que a cantora não impressionou, também não comprometeu e por isso ganhou o benefício da dúvida. Quanto aos técnicos, depois do que aconteceu após a audição de Kynnie, qualquer coisa seria considerada boa, mas apesar de ninguém ter falado nada de útil, tudo bem, porque Lulu mandou muitíssimo bem com o “aperte a tecla SAP” (quando Brown passou a falar um outro dialeto que eu não faço ideia qual era), o que foi perfeitamente espontâneo, acreditável e muitíssimo engraçado e inteligente. Ponto para o Lulu.

Kall Medrado – You Make Me Feel Like a (Natural Woman) [Aretha Franklin]

Acho que já deu de músicas da Aretha Franklin, né Brasil? Ainda mais com uma música que todos os projetos de diva cantam desde Kelly Clarkson na primeira temporada do American Idol em 2002 e adivinhem: Nunca foi superada até hoje. Kall, por melhor que tenha sido, em nenhum momento conseguiu arrancar da minha mente a sensação de deja vu, mas reconheço as habilidades da cantora. Tanto que a cantora passou a ser a minha favorita no #TeamMilk. Mas pelo amor Kall, vamos atualizar essa set-list, porque já cansei de divas em realities musicais. Se essa mulher aparecer cantando Whitney Houston, juro que desisto.

Joey Mattos – Domingo (Só Pra Contrariar)

Assim como muitos, não sabia ao certo se era uma mulher ou um homem. No final acabei apostando que era uma mulher, apesar da voz um pouco grave dele. Vou parar aqui para engrandecer ainda mais essa excelente ideia de fazer audições realmente às cegas para todos. Foi uma experiência muito boa ser realmente surpreendido pela voz de um candidato. Voltando, Joey tem potencial para ser o novo Pedro Lima, ainda que com uma voz mais limitada, mas a diferença é que ele conhece seus limites e dentro das suas capacidades fez uma audição bem gostosinha e deixou um gosto de “quero mais”. Adorei o fato de que ele pegou uma música do Só Pra Contrariar e adicionou elementos do hip-hop (confere produção?). Que ele consiga se tornar ainda melhor no Team Brown, onde tem grandes chances de chegar nas fases finais.

Edmon Costa – Samba de Verão (Caetano Veloso)

E pronto, encontramos o nosso Dom Paulinho Lima 2.0 só que nem de longe com a mesma presença de palco ou vocais minimamente interessantes. Edmon aqui foi muito prejudicado pela sua respiração, deixando seus problemas ainda mais evidentes nos versos em que ele estava praticamente sussurrando. Além disso, vou ser bem contraditório aqui: Geralmente sou muito a favor de que os artistas estilizem uma música tornando suas próprias. Mas com Edmon foi exatamente isso que me irritou nele. Em alguns momentos não sabia dizer se a afetação na voz dele era a bendita da estilização ou apenas notas erradas mesmo. Mas o melhor ainda estava por vir: Quando apenas Cláudia Leitte e Lulu Santos viram para o cantor ele profere as palavras: “EU ESCOLHO CARLINHOS BROWN!”.  Gente do céu, eu nunca tinha rido tanto assim nesse programa. E o melhor foi que a edição só conseguiu deixar tudo mais engraçado (pela primeira vez!). Se isso foi roteirizado ou não, não importa, porque foi muito engraçado mesmo. Ele escolheu ser parte do #TeamLulu !

Rafaela Melo – Flor da Pele (Zeca Baleiro)

Sim, a cantora me confundiu muito (estilicamente) ao escolher cantar Zeca Baleiro na sua audição. Mas devo reconhecer que ela soube transmitir com precisão cirúrgica cada palavra daquela música. Mais do que isso até, ela contou uma história. E tudo isso se sobressaiu à sua voz mediana, ainda que boa. Avaliando ao todo, a considero uma incógnita. E vou dar a ela mais uma chance de me surpreender nas batalhas. Como muitos dos cantores que viram muitas cadeiras essa temporada, a cantora foi parar no Team Daniel!

Vinícius Zanin – Seven Nation Army (Jack White)

Depois de elogiar a edição do programa, tenho que voltar a criticar. Como é que me deixam uma das piores audições do programa por último? E mais importante, como que alguém que consegue simplesmente tirar toda a alma e força de uma música tão consagrada e ainda passar? Achei extremamente desnecessário Claudia Leitte ter virado para ele, que provavelmente vai apenas servir de cordeirinho de sacrifício nas batalhas. Sem falar que ele parecia um robô no palco e fez um arranjo um tanto estranho para a música. Enfim. Decepção define.

Pelo menos a performance final da noite seguiu o mesmo nível de “It Hurt So Bad” de duas semanas atrás.  O curioso foi ver um técnico se apresentar sozinho de novo. Com essa performance de Daniel, digo: O cantor sertanejo pode não ter mostrado porque é um técnico desse programa, mas mostrou que é o melhor vocalista sertanejo da atualidade, ainda que seus anos dourados tenham ficado duas décadas atrás.

Vale dizer também que apoio apresentações individuais dos técnicos. Assim eles podem mostrar mais as suas individualidades e, consequentemente, brilhar mais. Como imaginar outro técnico dividindo os holofotes com Daniel em “Evidências”? Ou alguém lembra do quanto Daniel parecia um peixe fora da água cantando “Extravasa” na primeira temporada? Pois é, apoio a ideia. Mas vamos fazer aquela recapitulação esperta agora?

1)Team Daniel: Kim Lírio, Lívia Itabohary, Carla Casamarim, Danilo Reis e Rafael, Vitor e Vanuti, Kiko e Jeanne, Rafaela Melo.

Acho incrível como o Team Daniel tem conseguido se manter em primeiro aqui por três semanas seguidas. O sertanejo tem conseguido montar um time no qual é difícil apontar um favorito absoluto, mas os 4 primeiros nomes nessa lista formariam um time bem forte para a fase final.

2)Team Milk: Kall Medrado,  Nise Palhares, Nathalie Alvim, Priscila Brenner, Bruna Tatto, Vinicius Zanin.

O Team Milk fez duas boas aquisições essa semana e uma péssima, mas afinal alguém ruim tem que perder pros bons cantores passarem, certo? Kall por hora lidera o time da diva do axé, Nathalie vem um pouco mais atrás, e não me importo muito com ela, mas a candidata tem potencial pra fazer eu me importar. No mais, ainda temos Nise Palhares aqui e até Priscila Brenner fez sucesso com o público, então o Team Milk não deve ser subestimado.

3)Team Brown: Joey Mattos, Letícia Pedrosa,  Romero Ribeiro, Vanessa Ribeiro, Amarildo Freire, Kynnie Williams, Ricardo e Ronael, Princess La Tremenda, Hellen Lyu.

Até gosto de Joey Mattos e Letícia Pedrosa, mas admito que eles (ainda?) não são grandes nomes. Tirando esses dois, Brown vem se cercando nos dois últimos episódios e cantores medianos ou fracos e sabotando suas chances de vencer sua segunda temporada. Mas ainda assim, fica em terceiro, porque o Team Lulu consegue a proeza de estar pior que isso.

4)Team Lulu: Deena Love, Gabriel Silva, Dudu Fileti, Edu Camargo, Mariana Lira, Edmon Costa, Isadora Moraes,Twyla.

Sejamos honestos, o único destaque do Team Lulu é Deena Love e nos dois últimos episódios, Lulu tem escolhido apenas cantores fracos ou medianos (tal como Brown) e mergulhando em uma queda livre da qual ele ainda não conseguiu sair. Edmon, sua única aquisição da noite, continua sendo uma cópia de Dom Paulinho Lima e os demais ainda tem muito o que provar daqui pra frente. Pode ser que nas próximas duas semanas consiga virar o jogo, mas por enquanto fica aqui na lanterna.

E aí? Concordam? Discordam? Estão gostando dos candidatos? Chocados com o nível da vergonha alheia? Até semana que vem!