Quando a pior semana de um reality show ainda assim é muito boa.
Por: Daniel Melo - Contato: [email protected]
Existe uma linha tênue entre o sucesso e o fracasso para um jurado convidado em um reality musical. Luiza Possi é um exemplo muito recente na mente dos brasileiros por ter sido a mentora do Time Daniel na fase das batalhas pelas 3 temporadas do The Voice Brasil. Existe um motivo pelo qual ela fica voltando, e esse motivo é o seu comprometimento com a música em si. Em 2012, também no TVB, Preta Gil marcou com o seu jeitinho barraqueira de ser (que eu adoro, vale dizer) e lembro que até ficou completamente revoltada com a performance de Gabriel Levan, na época.
Enfim, no Superstar, os jurados auxiliares não tem espaço para julgar as performances junto com os jurados fixos, mas é importante que tentem assim fazer, e não sei vocês, mas quando vi que Daniela Mercury tinha dado sua porcentagem para o grupo “Consciência Tranquila” apenas como uma maneira de botar lenha na fogueira, além de deixar levemente desconfortável o clima no ar, ainda se mostrou que se estivesse em uma bancada de um programa como esse, nunca seria a música sua preocupação #1 e sim o famosíssimo e superestimado drama card. É nessas horas que agradeço que essas pragas sejam descobertas péssimas juradas antes da hora de serem efetivamente jurados fixos.
Mas nem só de Daniela Mercury viveu o Superstar essa semana (Amém, Senhor!), mas devo dizer que depois da semana mais incrível do programa, na semana passada, tivemos aqui a semana mais morna da temporada tranquilamente. Até meus favoritos decepcionaram aqui (sim, Kita!), mas é incrível ver como até mesmo na semana mais fraca da temporada, o programa é capaz de mexer comigo como mexeu no anúncio dos resultados finais.
Falando nisso, devo dizer que me senti assistindo a um results show de um The Voice, de um X-Factor e tals, dada a tamanha enrolação (saudável) para o anúncio dos resultados. Toda a ansiedade e clima de ‘tudo pode mudar’ criada funcionou muito bem. Que o The Voice Brasil aprenda.
Bem, então vamos às performances:
9) Falange – Summer Nights /Quero Mais
Não vou nem me preocupar em fingir que fiquei com pena de Falange ter flopado mais do que Leash duas semanas atrás. Hoje, todas as falhas deles, tanto de falta de identidade como problemas técnicos não estavam escondidas por trás de uma música de razoável apelo com o público. E é exatamente nesse aspecto que Paulo Ricardo diz que a música é fraca, porque não os ajuda em nenhum aspecto. Por mim, não passavam nem da audição, mas ainda bem que foram eliminados antes do Top 12.
8) Consciência Tranquila – Bom Senso/ Imunização Racial (Que Beleza) /Visão de Rua [Tim Maia/Autoral]
Não é novidade para ninguém que Consciência Tranquila fez umas as melhores audições do ano (me refiro à da repescagem, com “Deixa Isso Pra Lá”), mas me decepcionaram no Superpasse e mais uma vez deixaram a desejar aqui. Primeiro que o cara desafinou que nem eu faço constantemente no karaokê e eu já passei a olhar torto a partir daí e depois que mesmo que toda a parte do rap da mulher (sdds imensas dela!) e o contagiante refrão (UH, UH, UH QUE BELEZA!) tenham me feito cantar junto, tenho plena consciência de que isso se deu mais pela música do que por eles. Além disso,sobre essa música autoral deles, achei tudo muito sem graça, sem grandiosidade nenhuma e o próprio fato de precisar fazer um mash-up com uma outra música mais conhecida é o melhor indicador de que a performance já não teria força para os levar mais a diante.
7) Dois Africanos – Sonho de Sucesso (Autoral)
Assim como foi com Devir nas primeiras fases da competição, muita gente vai vir atrás do meu pescoço por estar colocando Dois Africanos entre os três últimos. Eu ainda os considero sérios candidatos (justamente) ao título, mas a verdade é que toda aquela emoção e animação das apresentações deles sumiram. Ou se não, caiu na mesmice. Eu já desisti de tentar entender o que eles cantavam no Superpasse, mas sinto que não é mais suficiente. Sem falar que essa performance foi uma bela duma bagunça (no palco e vocalmente). Como sempre digo, dou todos os bons candidatos o direito a uma bola fora antes de torcer contra. Vamos ver semana que vem.
6) Eletronaipe - Nosso Lugar (Autoral)
Toda a vibe contemporânea e comercial de “Só eu Sei” foi embora com “Nosso Lugar”, que não é necessariamente ruim, mas não é necessariamente o que alguém espera ouvir do grupo. Pelo visto, Marquinho O Sócio (sim, eu ri disso em 2012 e ri de novo essa semana) canta melhor quando está doente, porque hoje ele pode ter tido uma precisão vocal maior que a das semanas passadas, mas a sua presença de palco ali foi tão qualquer coisa que ficava difícil tentar focar. Sem falar que a música em si (ritmo, musicalidade) não é das mais chamativas. Eu gosto muito de Eletronaipe, tanto que os coloquei no meu Top 3 da temporada há algumas semanas atrás, mas que fique bem explícito que foi o Eletronaipe das audições e do Superpasse e não o dessa semana, que até merecia ficar, mas não é nenhuma injustiça vê-los indo embora.
5) Serial Funkers - Mina do Condomínio (Seu Jorge)
Às vezes sinto que a galera do Superstar passa aqui semanalmente e lê a minha opinião sobre o programa, porque justamente no Superpasse disse que eles tinham uma vibe bem Seu Jorge, e por isso, achei muito estranho ver que justamente quando eles cantam Seu Jorge, eu não gostei. Passei horas e horas pensando e acabei percebendo depois de assistir essa apresentação pela 2654237648903587456326728 vez que vi muito pouco deles nessa música. Se você voltar aos vídeos do grupo nesse exato momento, você verá que as duas primeiras apresentações deles verão que a identidade musical deles estava muito mais bem defendida naquelas escolhas musicais e essa semana o que vimos foi , na prática, e com todo respeito ao trabalho deles, um karaokê de luxo.
4) Scambo - O Tempo Não Para (Cazuza)
Se mais alguém identificou os acordes introdutórios de Whole Lotta Love, do Led Zepplin nessa apresentação vez ou outra, por favor, me avise nos comentários, porque ainda não achei ninguém que o tenha feito isso, e estranhei a falta de créditos dados a uma música tão conhecimento. Bem, além disso, curti muito a “rockficação” de uma baladinha (sim, eu acho uma baladinha) do Cazuza. A ideia não deu certo o tempo todo e por vezes faltou tanto energia quanto voz (e fôlego), mas o resultado final foi bem satisfatório. Eu prefiro ver um grupo correndo riscos e nem sempre conseguindo êxito total, do que alguém que sempre preza pela segurança (e chatice) nas suas apresentações. Por isso, ponto para Scambo, que entrou no meu radar.
3) Kita - Hoje Eu Quero Sair Só (Lenine)
Semana passada, eu não tinha crítica nenhuma a Kita, porque nunca me irritou o fato de eles cantarem a pena em inglês, mas devo dizer que cantando em português, senti uma Kita diferente. Melhor em alguns aspectos, mais fraca em outros. Faltou segurança por falta da vocalista na hora de se apresentar e muita energia na hora da apresentação, que sempre transbordava nas apresentações anteriores, mas por outro lado, pude ver claramente Kita no fazendo sucesso no mercado musical atual. Essa mistura de rock e eletrônica (SIM, ELETRÔNICA E LENINE NA MESMA MÚSICA!) funcionou muito mais do que eu esperava funcionar, e por isso, apesar de ter sido a performance mais fraca do grupo, acredito que há males que vem para o bem e sendo bastante honesto, mesmo com todos esses problemas, essa apresentação passou longe até mesmo de “Mediana”.
2) Supercombo - Sol da Manhã (Autoral)
Muitos, muitos mesmo, tem vindo em criticar por eu não ter dado tanto valor a Supercombo, que descobri essa semana possuir uma popularidade bem acima do que eu já imaginava. Daí, voltei e assisti às duas apresentações anteriores deles e mantenho minha posição: Uma audição bagunçada e uma versão bem bacana de “Epitáfio”, mas nada muito mais que isso. Essa semana porém, vimos no palco um Supercombo diferente. Ainda não sei dizer exatamente em que consiste essa diferença, mas o fato é que essa semana, eles chamaram a minha atenção muito mais do que muitos dos meus favoritos. Pessoalmente acredito que tudo isso tenha sido fruto de uma musicalidade mais bem definida e convenhamos uma música melhor, até porque se Supercombo tinha algum problema até agora, era tudo, menos originalidade e vocal.
1) Dona Zaíra - Tome Forró (Autoral)
Momento Polêmica: Não lembrei de absolutamente nada dessa performance quando vim para o computador escrever sobre ela logo após o fim do programa, mas ainda assim, posso dizer com todas as letras, que foi a performance da noite, por um simples motivo: Eles ao mesmo tempo conseguiram apostar no que era seguro e completamente dentro da zona de conforto deles, mas ao mesmo tempo se diferenciar (um pouco, confesso) das suas duas apresentações anteriores. Dona Zaíra nocauteou não apenas “Os Gonzagas”, seus concorrentes diretos, como também boa parte de toda a competição essa noite, mesmo sem fazer nada memorável. E isso me impressionou em níveis jamais vistos até então.
Bom, passados todos o momento Daniela Mercury; Falange, Consciência Tranquila e Eletronaipe foram eliminados em mais uma semana completamente justa no programa. Impressionante, 3 semanas bem justas. Só quero ver até onde essa onda vai durar.
Obs: Rafa Brites está eternamente desculpada por sua falta de função por ter entregado o melhor momento da semana: “Marquinho O Sócio”
Obs: Sandy possui 5 afilhados no Top 12, Paulo Ricardo tem 4 e Thiaguinho tem 3. Só eu que percebi que é a mesma ordem de competência desses 3 como jurados? O Brasil pode errar muito na hora de votar, mas quando acerta...
Obs: A partir de agora vamos ter uma verdadeira corrida desenfreada. Faltam apenas 4 semanas e semana que vem já perdemos 3 integrantes desse nosso Top 12 que pode ser tudo, menos meia boca.
Segue o meu ranking geral da competição:
12 - Versalle
11 - Os Gonzagas
10 - Scambo
9 - Devir
8 - Lucas e Orelha
7 - Dois Africanos
6 - Serial Funkers
5 - Supercombo
4 - Big Time Orchestra
3 - Dona Zaíra
2 - Kita
1 - Scalene
Obrigado gente e até semana que vem!