A consolidação do Superstar como um reality show.
Por: Daniel Melo - Contato: [email protected]
Depois de uma semana inegavelmente incrível do Superstar, foi interessante ver que o que mais chamou a atenção não foi necessariamente as performances, nem os jurados, nem os convidados, nem o ingratíssimo horário de exibição, mas sim a competição por si só.
Vou logo spoilear vocês: Todas as apresentações foram, em algum nível, boas. E todas as apresentações ficaram entre 69% e 77%, levando aquela sensação de que “tudo pode acontecer” a níveis inimaginavelmente reais. E tudo isso se intensificou com os 2% dos jurados convidados, porque agora sim, a produção aprendeu a usar os seus jurados convidados e dessa vez, eles puderam escolher a qual grupo dariam 2% extras, um twist muito interessante, e como pudemos ver essa semana, muitíssimo bem vindo.
*Obs: Se Michel Teló, que já foi confirmado como novo jurado do The Voice Brasil estivesse sentado na plateia junto com Samuel Rosa, Paula ~a imortal~ Toller e Paulinho, eu diria com tranquilidade que aquela seria a nova bancada do TVB para 2015! E que baita bancada seria, hein...
Fiquei até o último momento com as unhas roendo com medo de ver meus favoritos indo embora e cheguei nesse Superfiltro com a certeza de que Scalene, Devir e Lucas e Orelha avançariam; nos despediríamos de Grupo Zueira, Versalle e Os Gonzagas e teríamos os 3 (melhores) grupos de Paulo Ricardo avançando tranquilamente. Mal sabia eu que a meritocracia pela qual o Brasil passou a votar na semana passada, marcou presença, e apesar de eu ter me despedido de um dos meus grupos favoritos, eu entendi completamente que as eliminações dessa semana foram justas e não há espaço nenhum para reclamar delas. Isso sim é reality de verdade, daqueles que a gente sente o coração batendo mais forte só porque existe a possibilidade de seu favorito ir embora e há muito tempo que eu não temia uma eliminação em programas do tipo (na verdade desde Krystal, em 2013)
Mas eu estaria mentindo se dissesse que o melhor momento da semana foi outro senão o grupo Big Time Orchestra entregando a pouca participação dos jurados no programa, com o seu “PRECISAMOS CONVERSAR MAIS, PADRINHO” lançado a um Paulo Ricardo que ficou simplesmente sem reação. Mais tarde, fui ao Twitter e vi Lucas Lima (que eu recomendo assistir ao programa pelo Twitter), marido da Sandy, confirmando que o único momento em que os padrinhos tem contato com os grupos são ali no palco e por isso eles tentam dar o feedback mais completo possível. SHAME ON YOU, PRODUÇÃO! Até o The Voice Brasil mostrava os ensaios dos técnicos com os candidatos (sim, mostrava, do verbo não mostra mais).
Com os sem os ensaios com os técnicos, temos que reconhecer que muitos dos grupos que se apresentaram hoje, fizeram a sua melhor apresentação em toda a temporada até então e evolução é um fator essencial para que o público não se canse da banda e passe a achar mais do mesmo. E até mesmo por isso, posso dizer que esse ranking poderia estar de maneira aleatória que ainda assim seria um ranking justo. Então vamos a eles:
9) Stereosound – Ideologia/Queimando Tudo (Cazuza/Planet Hemp) – 61,74%
Sim, foi a performance mais fraca da semana com uma relativamente grande folga. Mas o problema aqui foi o geralmente controverso mash-up. Ideologia é uma das minhas músicas favoritas e por isso, acho que ela não precisa ser “completada” e toda a parte do Planet Hemp me pareceu deslocada, ainda que tenha sido a melhor parte da apresentação. Faltou vontade e originalidade. Já ficou bem claro que Stereosound brilha mesmo é quando faz samba com influências do rock e não rock com influências do samba. No mais, fiquei com enormes saudades de Kim Lírio depois de vê-los.
8) Grupo Zueira – Quero Toda Noite/Ela Vai Voltar (Jorge Ben Jor/Charlie Brown Jr.) – 71,57%
Grupo Zueira vem sofrendo do mesmo mal que afetava Romero Ribeiro no The Voice Brasil no ano passado: A falta de diferencial em relação aos demais. Entende que dentro do nicho do pagode, esse é um feito dificílimo, mas é como eu busco selecionar cantores do gênero. Mais uma vez, as escolhas musicais foram excelentes, mas senti que eles apenas as pagodizaram sem buscar mudar nem mesmo a melodia ao longo da música, resultando naquela coisa linear (e chata). Já vão tarde
7) Vibrações – A Nuvem Passará (Autoral) – 71,49%
Vibrações sempre teve meu respeito por ser exatamente aquilo que se propõe ser: um grupo de raggae, quando poucos existem com uma musicalidade tão bem defendida. Por isso, me surpreendi por achar que essa foi uma performance bem fraca, ainda que tenha sido boa. Talvez por ter sido um dos últimos da noite, eu já estivesse com meu nível de exigência lá em cima, mas achei que faltou energia, faltou entrega, faltou emoção. Faltou aquele Vibrações que eu vi nas audições e nunca mais apareceu. Assim fica fácil estar entre os menos votados.
6) Versalle – Ando Meio Desligado (Rita Lee) – 71,7%
Até o último momento fiquei torcendo pelo grupo, porque eles não tem um grande público que vote religiosamente por eles, mas são bastante competentes e fizeram uma releitura incrível de uma música da Rita Lee que não é das minhas favoritas. Eles tem capacidade, mas não tem carisma nenhum quase. O problema técnico não influenciou em nada na votação e vou concordar com Sandy que se é pra fazer um cover que seja depois de já conhecermos a identidade da banda, mas o fato é que eu ainda não sinto que sei quem é Versalle e é isso que eles tem que me mostrar quem são de verdade.
5) Os Gonzagas - Expresso 2222"/ "We Will Rock You (Gilberto Gil/Queen) – 74,5%
Fui completamente pego de surpresa ao ver que os meninos iriam cantar Queen, e fui pego de surpresa mais uma vez mergulhando cada vez mais profundamente no trabalho deles. Essa foi a melhor performance deles na competição de longe, justamente porque tivemos essas influências do rock, que eu nunca achei que funcionaria tão bem no forró deles. Claro que a afinação ainda manda beijos e abraços calorosos para o vocalista, mas a cada apresentação que passa, sinto que eles vem se mostrado cada vez melhores nesse aspecto. Se continuar assim nessa evolução, Dona Zaíra vai ter problemas mais a frente!
4) Lucas e Orelha – Não Vou Esperar (Autoral) – 77, 11%
O único motivo para Lucas e Orelha estarem tão alto aqui nesse ranking é a absurdamente grande comercialidade dessa música. Ontem em uma conversa, ouvi o seguinte comentário: “Acho que o Brasil esqueceu que se eles quiserem ver Claudinho e Buchecha, eles podem ir no youtube. Não precisam ficar votando nesses dois.”, e até certo ponto, concordo. Os dois são bem desafinados e inexperientes no palco, mas talvez possuam tanto apelo com o público quanto a dupla do mergulho. Pessoalmente, já posso me desfazer deles na próxima fase, mas se isso não acontecer, fico feliz com o fato de que não vai ser um martírio ouvi-los.
3) Devir – Da Janela (Autoral) -76,35%
AONDE ESTAVA ESSA DEVIR? Finalmente, depois de oito semanas, a cantora resolveu mostrar a linda voz que todos vinham dizendo que ela tinha, mas nunca mostrava. E vou fazer um parênteses aqui e relembrar o que disseram: o ponto alto dessa apresentação foi a interpretação dada. Essa música é linda e só acho a o arranjo poderia ser um pouco mais centrado pois pareceu muito desconexo, mas só um pouco. De qualquer maneira, agora sim Devir passou a me chamar a atenção, mas ainda assim, está longe de merecer toda a pimpação que a produção (e o Brasil) os deu.
Obs: Eu disse que se cantasse em português ia prestar, eu disse...
2) Big Time Orchestra - Vapor Barato/Cantaloupe Island/Zoot Suit Riot (O Rappa / Herbie Hancock / Cherry Poppin' Daddies) – 73,11%
Eu já estou saturado de “Vapor Barato” em realities, mas mal eu sabia que tudo que Big Time Orchestra canta soa como novidade para mim, e dessa vez não foi diferente. Talvez tenha sido o mash-up, mas posso dizer que nunca ouvi essa música do Rappa assim. Chega a ser incrível como eles conseguem ter tanta presença de palco “praticamente parados” (em relação a muitos outros grupos). Mas vou fazer a Sandy e mais um vez cobrar uma música autoral, para que possamos avaliar a real comercialidade deles no mercado.
1) Scalene – Náufrago (Autoral)
Acho que mais uma vez, já está bem claro que Scalene irá levar essa temporada e se não, já é certeza na final desse ano. E apesar de eu já saber disso desde o primeiro momento da audição deles, isso não diminui nem um pouco meu entusiasmo em relação a eles. Toda a energia, toda a força lírica(e performática) e a explícita identidade musical exalando a cada nota soltada. Todas as músicas autorais até agora performadas me agradaram muito, mas devo dizer que eles nunca soaram tão tecnicamente perfeitos como essa semana. Sinceramente, eu já daria uma imunidade para o grupo pelas próximas 3 fases, pelo menos.
Obs: Imaginem a minha cara de paisagem quando PR começou a falar de 7/4 e 4/4! SEM OR! Me senti tão burro!
PS: Agora a galera deve estar se arrependendo de não ter escolhido a Sandy hauahauahau
Bem, eu que jurava que Paulo Ricardo ia passar ileso com os seus três grupos para a próxima fase; vi Sandy avançando com Devir, Versalle e Os Gonzagas tranquilamente. Terá o Brasil aprendido a valorizar o trabalho de Sandy?
Sobre os grupos da semana que vem, vou palpitar aqui e dizer que acredito na eliminação dos três grupos de Paulo Ricardo no meu gosto pessoal, já que é pra ser justo e está na moda no SuperStar votar de acordo com o que foi apresentado. Quaisquer dos grupos de Sandy e Thiaguinho que forem eliminados, será uma perda muito lamentável e desde já fico aqui chorando porque sei que talvez os três eliminados estejam entre meus favoritos.
CURIOSIDADE: Originalmente, após o Superfiltro, teríamos direto um Top 9, mas a produção sabiamente adicionou mais uma semana na programação e agora teremos um Top 12, seguido de um Top 9, seguido de um Top 7 e então a Grande Final.
Rezem (E VOTEM) por Kita, queridos, e até semana que vem!