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Morador de favela teria sido morto por aceitar medidor de audiência em casa

Executivo da GFK fez a revelação, mas o instituto nega: "Nossos colaboradores jamais testemunharam um assassinato".

por Sergio Gustavo, em 19/01/2016

Uma nova polêmica envolvendo a GFK veio à tona. O caso, que teria acontecido em uma favela carioca, foi revelado por Ricardo Monteiro, ex-presidente do instituto alemão no Brasil, durante um evento realizado em maio de 2015, segundo informações de Ricardo Feltrin (UOL). Diante de uma plateia, formada por membros do mercado publicitário, o executivo revelou que um morador da zona oeste do Rio de Janeiro foi assassinado com um tiro na cabeça na frente de um técnico da GFK por ter deixado a empresa instalar um aparelho de medição de audiência em sua casa. “Isso não vai nos parar, isso não vai impedir nosso trabalho”, afirmou ele. A atitude teria sido uma forma exemplar de indicar aos demais moradores que aquela favela continua sob o controle dos traficantes, que disponibilizam – e cobram por isso – o seu próprio serviço de televisão, popularmente conhecido como “gatonet”. Dessa forma, nenhuma empresa oficial, ou seja, pagadora de impostos, seria aceita naquela área.

Além de expor que algumas comunidades continuam sendo controladas por facções criminosas mesmo após a pacificação, a declaração teria incomodado a direção do GFK em razão das medidas de segurança empregadas pela empresa aos seus funcionários. Ricardo Monteiro foi demitido meses depois, após reiterar suas declarações em entrevista à uma colunista de TV, que optou por não veicular a informação.

A GFK emitiu comunicado em que nega o assassinato. Segue a íntegra do texto, publicado por Feltrin.

“A segurança dos nossos colaboradores é de suma importância para a GfK, da mesma forma que acreditamos ser essencial para a representatividade de nosso painel a inclusão de moradores de áreas carentes na amostra.

Como nos demais países onde atua, a empresa tem considerado com muita atenção as questões de segurança envolvidas na implantação de seu moderno sistema de medição de audiência no Brasil.

Estamos cientes e lamentamos o fato de que algumas comunidades carentes sofrem com problemas relacionados à violência. Por isso, temos um protocolo de segurança que, entre outros pontos, inclui evitar áreas conhecidas por serem particularmente violentas. Embora tenhamos enfrentado algumas dificuldades para instalar nossos aparelhos de medição de audiência em algumas áreas, nossos colaboradores jamais testemunharam um assassinato.”

Quando anunciou a sua entrada no mercado de aferição de audiência no Brasil, a GFK expôs a medição em favelas do Rio e de São Paulo como um de seus diferenciais. Já o Ibope trabalha com a seguinte máxima interna: “Onde a Casas Bahia não entra, a gente também não entra."


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