No Mês da Consciência Negra, a intérprete de Lorena na novela das 6 conversou com o Gshow sobre representatividade na TV.
Mariana Sena e Lorena, de Mar do Sertão, são duas sonhadoras. Mas, ao contrário de sua personagem, a atriz afirma que a semelhança para por aí, já que seus sonhos são um pouquinho diferentes.
No Mês da Consciência Negra, o gshow conversou com Mariana sobre seus próprios sonhos, desde os que abriu mão até os que a fizeram chegar até aqui.
Também conversamos com ela sobre representatividade, beleza da mulher preta e protagonismo negro na dramaturgia.
Mariana estreou como atriz na série "Spectros", produzida pela Netflix, em 2020. Logo depois, a atriz emendou duas produções para o Globoplay: "Segunda Chamada" e "Todas as Mulheres do Mundo", em que interpretou Gilda, um dos interesses amorosos de Paulo (Emilio Dantas).
"Mar do Sertão" é sua primeira novela e a experiência, segundo Mariana, está sendo diferente de tudo o que já fez: "Experimentar essa diferença de processo criativo vem sendo muito desafiador, porque além de tudo, ainda tem a resposta do público, que é imediata e influencia bastante em como você conduz a personagem."
Sobre ser reconhecida na rua com o alcance da novela, ela brinca:
"Sou uma pessoa que tem um desapego com a minha imagem no cotidiano. Isso faz com que as pessoas que me veem na rua não achem que eu sou a atriz da novela. Confesso que eu gosto disso, porque adoro andar de metrô e busão livremente."
Em sua trajetória na TV e no streaming, a atriz de 27 anos encontrou personagens com personalidades e características diversas, o que para atores pretos e pardos ainda é difícil.
Sobre isso, Mariana afirma que o caminho ainda é longo e, apesar das mudanças, o cenário não é o ideal: "Eu tenho muita dificuldade em aceitar a velocidade com que essa 'evolução' acontece, porque pra mim é muito lento ainda."
"Óbvio que a gente comemora que essa mudança está acontecendo, mas não podemos ignorar que ainda têm muitas produções onde isso ainda não é pensado, nem cogitado e estou falando de tudo, seja streaming, TV aberta, no cinema. É ilusório chamar esse movimento de evolução."
Se ela chegou a ter medo de rejeição ou preconceito, Mariana garante que, como mulher preta, sempre foi educada a enfrentar as barreiras e que isso nunca a impediu de nada.
Esse cuidado com o visual é importante para ela, já que trabalhar a própria autoestima é um hábito diário, já que mulheres pretas, durante muito tempo, não foram corretamente representadas na indústria de cosméticos e da beleza:
"Eu cresci me achando feia. Por mais que as pessoas falassem e me elogiassem, eu nunca acreditei. Parte do meu processo de reconhecimento da minha imagem teve a ver com assistir mulheres negras bem representadas e bonitas em revistas, filmes ou até mesmo em comerciais. E isso foi acontecer, eu já tinha 19 anos, ou seja, foram quase 20 anos não acreditando que eu era capaz de ser e ser vista como uma pessoa bonita."